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Odontologia Clínico-Científica (Online)

versão On-line ISSN 1677-3888

Odontol. Clín.-Cient. (Online) vol.15 no.2 Recife Abr./Jun. 2016

 

Artigos Originais/ Original Articles

 

AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO POPULAR DOS FUNCIONÁRIOS DA ECO CATARATAS EM SAÚDE BUCAL

 

EVALUATION OF KNOWLEDGE PEOPLE OF EMPLOYEES OF ECO CATARATAS IN ORAL HEALTH

 

Marlussy Soares - MaffeiI; Edeniro PalhanoI; Juliana Garcia Mugnai Vieira SouzaII; Helen Cristina LazzarinIII

 

I Acadêmicos de Odontologia da Universidade Paranaense (UNIPAR), campus Cascavel /PR, Brasil
II
Especialista e Mestre em Odontologia área de Odontopediatria, professora adjunta das Disciplinas de Saúde Coletiva I e Estagio Supervisionado em Clinica Multidisciplinar Infantil da Universidade Paranaense – UNIPAR
III
Mestre em Saúde Coletiva; Professora da disciplina de Saúde Coletiva I e II e Estagio Supervisionado em Clinica Multidisciplinar Infantil do curso de Odontologia – Universidade Paranaense (UNIPAR), campus Cascavel/PR, Brasil

Correspondência para:

 

 


 

RESUMO

A saúde bucal pode trazer consequências maléficas para a saúde integral dos indivíduos. Este trabalho tem como objetivo avaliar a importância do conhecimento popular em saúde bucal dos funcionários da Eco Cataratas, empresa que administra a BR 277 no Paraná entre os municípios de Guarapuava e Foz do Iguaçu. Foram entrevistadas 83 pessoas de ambos os gêneros, as quais participaram de um treinamento realizado pela empresa na cidade de Cascavel-PR. Com a oportunidade de encontrar adultos reunidos fora do ambiente de trabalho, veio a oportunizar em realizar a pesquisa referente ao conhecimento que estas pessoas possuem sobre sua saúde bucal. Os dados foram analisados por meio de uma análise descritiva com distribuição percentual da frequência de respostas objetivas. Verificou-se que predominam entrevistados entre 21 e 30 anos de idade, com o 2º grau completo, que acreditavam estar em boas condições de saúde bucal, conheciam os problemas bucais e sabiam como evitá-los. Precisa ser realizado novos estudos com esta temática envolvendo adultos, devido ao reduzido número de trabalhos escritos, sendo que a maioria são realizados com crianças. Porém, há necessidade de um melhor esclarecimento sobre o assunto aos participantes.

Palavras-chave: Conhecimento; Saúde bucal; Adulto; Doenças bucais; trabalhadores.


 

ABSTRACT

Oral health can bring harmful consequences for the overall health of individuals. This work aims to evaluate the importance of popular knowledge in oral health of employees Eco Falls, which manages the BR 277 in Paraná between the municipalities of Guarapuava and Foz do Iguaçu. They interviewed 83 people of both genders, who attended a training session conducted by the company in the city of Cascavel, PR. With the opportunity to meet adults gathered outside the work environment, came to create opportunities to conduct research in the knowledge that these people have about your oral health. Data were analyzed using descriptive analysis with a percentage frequency distribution of objective responses. It was found that predominate respondents between 21 and 30 years of age, with the 2nd School graduate, who thought they were in good condition oral health, knew the oral problems and knew how to avoid them. It needs to be done further studies in this theme involving adults, due to the small number of written works, most of which are carried out with children. However, there is need for further clarification on the matter to the participants.

Keywords: knowledge; oral health; adult; mouth diseases; workers.


INTRODUÇÃO

A saúde bucal pode trazer consequências maléficas para a saúde integral dos indivíduos. Estando a saúde bucal, segundo a lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, relacionada às condições socioeconômicas e culturais da população, ou seja, está diretamente relacionada às condições de alimentação, moradia, trabalho, renda, meio ambiente, transporte, lazer, liberdade, acesso a serviços de saúde e informação. Nesse contexto, a busca pela saúde bucal desejável está, indubitavelmente, correlacionada à luta pela melhoria dos determinantes sociais, políticos e econômicos, que implica na saúde integral1,2.

Como já referido, as condições sociais, econômicas, políticas e educacionais influenciam no desenvolvimento das duas doenças mais prevalentes na odontologia, a cárie dentária e a doença periodontal, embora sejam preveníveis, com medidas relativamente simples, como a escovação dentária, o dentifrício, o uso do fio dental, o controle da frequência da ingestão de açúcares e visitas periódicas ao dentista3,4.

Ademais, o nível de conhecimento, crenças, valores, atitudes e conceitos adquiridos, influenciam diretamente na higiene bucal dos indivíduos, determinando o comportamento acerca da saúde bucal1,4.

No que diz respeito à cárie dentária, esta é defi nida como uma doença infectocontagiosa e multifatorial, onde as bactérias (placa bacteriana na superfície dos dentes) através de carboidratos da dieta produzem ácido que causa uma perda de minerais localizada5,6.

O hábito de higiene bucal é fundamental para se obter qualidade na saúde geral. A escovação dentária é o meio mecânico individual mais empregado e efi ciente para o controle da placa bacteriana no mundo e consequentemente para evitar a doença cárie. O fio dental é um instrumento indicado para os espaços interdentais para remoção de sujidades4. Ademais, o flúor quando ingerido em alta frequência e baixa concentração permite o controle da doença cárie7.

No Brasil em 20102, foi realizado o Levantamento Epidemiológico Nacional em Saúde Bucal realizado, onde foi possível verifi car que a prevalência da cárie caiu nas crianças, porém nos adultos o índice ainda é alto. Na faixa etária de 12 anos o levantamento apontou queda de 26% na incidência de cárie em crianças entre 2003 e 2010, fazendo com que o Brasil passasse a fazer parte do grupo de países com baixa prevalência de cárie dentária, segundo a OMS.

Também houve redução no número de dentes afetados por cárie e ampliação no acesso aos serviços de saúde bucal para as faixas etárias de 15 a 19 anos; 35 a 44 anos; e 65 a 74 anos. No período analisado, o número de adolescentes e adultos que sofreram algum tipo de perda dentária foi reduzido em 50%. Apesar de haver uma diminuição significativa, ainda é alto o número de adolescentes e adultos com perda dentária, ressaltando a importância do conhecimento popular e disseminação dos cuidados com os mesmos2.

De acordo com o exposto, este trabalho tem como objetivo avaliar a importância do conhecimento popular em saúde bucal dos funcionários da Eco Cataratas, empresa que administra a BR 277 no Paraná entre os municípios de Guarapuava e Foz do Iguaçu.

 

MATERIAL E MÉTODOS

Foram entrevistadas 83 pessoas de ambos os sexos, onde aproximadamente 250 pessoas participaram de um treinamento realizado pela empresa na cidade de Cascavel-PR nas dependências da Universidade Paranaense – UNIPAR.

Com a oportunidade de encontrar adultos reunidos fora do ambiente de trabalho, veio a oportunizar em realizar a pesquisa referente ao conhecimento que estas pessoas possuem sobre sua saúde bucal, a qual é composta de uma população adulta trabalhadora da ECO Cataratas de Cascavel-PR. Estão distribuídas nas seguintes faixas etárias: 4% (n=3) se encontram entre 15 até 20 anos, 44% (n=37) estão entre 21 até 30 anos, 42% (n=35) entre 31 até 40 anos, 10% (n=8) 41 até 50 e 0% (n=0) acima de 60 anos.

Após apreciação e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (parecer número 680.366) e após assinatura do termo de consentimento livre esclarecido, aos participantes foi apresentado o objetivo e a metodologia. A coleta de dados foi realizada em Março de 2014.

Inicialmente os voluntários preencheram uma ficha contendo perguntas fechadas referentes a informações pessoais (nível de escolaridade e idade). Em seguida questões relacionadas à saúde bucal (quais os problemas da boca que conhece, como esta sua saúde bucal, o que é cárie e se tem, quais são os métodos de combatê-la e sobre o flúor).

A metodologia consistiu em aplicar o questionário para o máximo de pessoas possível, a fim de avaliar o conhecimento sobre saúde bucal, levando em consideração o nível de escolaridade e idade. Com os resultados, pretendeuse fornecer subsídios ao desenvolvimento de políticas de saúde bucal adequadas para a população.

Após a coleta, os dados foram analisados por meio de uma análise descritiva com distribuição percentual da frequência de respostas objetivas.

 

RESULTADOS

A pesquisa contou com a colaboração de 83 participantes. No que se refere à idade (anos) 4% (n=3) se encontram na faixa etária entre 15 até 20 anos, 44% (n=37) estão entre 21 até 30 anos, 42% (n=35) entre 31 até 40 anos, 10% (n=8) 41 até 50 e 0% (n=0) acima de 60 anos.

Com relação ao grau de escolaridade a maioria possui o segundo grau completo, correspondendo a 54%, explicita na Figura 1.

 

 

 

Ao perguntar aos participantes quais os problemas da boca que conhece 71% (n=59) dizem conhecer problemas dentários, 11% (n=9) problemas não odontológicos, 5% (n=4) não sabem de nenhum problema e 13% (n=11) sabem de problemas de ordem odontológica e não odontológica.

Quando questionados sobre como está à saúde da sua boca, 67% (n=57) relataram estar boa, 26% (n=22) regular, 6% (n=3) ruim, 1% (n=1) não sabe.

Ademais foi perguntado quanto ao que vem a ser a cárie e sua causa, onde a maioria, 48% (n=40) relatou: bactéria, bichinho (Figura 2).

 

 

 

Quando questionados se possuíam a doença cárie em sua cavidade a maioria 58% (n=48) relatou não possuírem a doença cárie (Figura 3).

 

 

 

Ao perguntar sobre o que devem fazer para evitarem a cárie 62% (n=52) acreditam ser necessário somente ter higiene, escovar os dentes e somente 10% (n=9) creem ser necessário ter uma boa higiene, ir ao dentista, cuidar da alimentação e utilizar flúor (Figura 4).

 

 

 

Quando perguntado sobre a utilização ou não do flúor e como, apenas 50% (n=42) fazem uso do creme dental e 2% (n=1) sabem dos benefícios do fl úor presentes na água (Figura 5).

 

 

 

DISCUSSÃO

Dos participantes do estudo da Eco Cataratas a prevalência de idade foi entre 21 a 30 anos. Quanto ao grau de escolaridade à maioria dos pesquisados possui o 2o grau incompleto (n=45). O estudo feito por Soares et al.7 (2011), foi possível concluir que o grau de instrução é relevante na auto percepção de saúde bucal. Ademais, Unfera e Salibab1 (2000), corroboram com este estudo relatando que a faixa etária predominante foi entre 21 a 30 anos.

Aos participantes quando questionados quanto ao seu conhecimento sobre problemas de saúde bucal 71% (n=59) dizem conhecer problemas dentários, 11% (n=9) problemas não odontológicos.

Ademais, quando questionado aos participantes quanto ao seu conhecimento sobre como está à sua saúde bucal a resposta predominante (67%) que acredita que está boa. O estudo feito por Matos e Lima9 (2006), corrobora com estes dados, onde relatam que a auto avaliação das pessoas como boa e ótima (59%). A auto avaliação é uma forma de avaliar a condição subjetiva da saúde buca10.

Ao serem questionados se possuíam a doença cárie em sua cavidade bucal, 31% responderam que sim, já o estudo realizado por Unfera e Salibab1 (2000), relata que 66,6% dizem possuir a doença cárie em sua cavidade oral.

Entretanto, a cárie dentária é considerada por 21% dos participantes como simplesmente dente estragado, feio, amarelo ou preto; 48% causada por bactéria, bichinho; somente 1% (n=1) afirma que é a união de vários fatores, dente estragado, preto, causada por bactérias, e que decorre da falta de higiene e frequentar ao dentista. Ou seja, a cárie é de caráter infecto contagiosa, que leva a perda localizada de minerais dos dentes em decorrência da produção de ácidos oriundos da fermentação microbiana dos carboidratos encontrados na dieta. É considerada multifatorial, pois depende da interação de três fatores: hospedeiro (dente), microbiota e dieta consumida (sacarose), considerados fatores primários. Podendo ainda ser influenciada pelos fatores secundários, tais como: uso do flúor, higiene oral, entre outros que podem aumentar ou diminuir a incidência de cárie7,11.

Quanto ao modo da prevenção da cárie a maioria 62% acredita ser necessário somente ter higiene, 2% usar flúor e somente 10% creem ser necessário ter uma boa higiene, ir ao dentista, cuidar da alimentação e utilizar flúor. A pesquisa de Unfera e Salibab1 (2000), corrobora com este estudo, relatando que ao questionar os contribuintes sobre como fazer para não ter cárie, a maioria 65,8% acredita que é ter higiene e escovar, 36,5% ir ao dentista e tratar, 15,1% cuidar da alimentação e evitar doces, 8,9% usar flúor, 5,4% não sabem como prevenir a cárie e 3,6% acreditam haver outras formas de evitar a doença.

Percebe-se que as pessoas possuem certo conhecimento sobre como prevenir a cárie1, mas desconhecem que á cárie pode ser evitada com o uso ou a prática de todos esses métodos11.

Ademais, 50% fazem uso do flúor através do creme dental; 19% solução para bochecho; 2% água para beber; 11% não fazem uso de flúor e 2% não sabem se fazem uso do mesmo; 11% fazem uso do creme dental e solução para bochecho; 5% utilizam creme dental, solução para bochecho e água de beber. É relevante ressaltar que as pessoas mesmo em pleno século XXI não sabem que a água fornecida pela rede de abastecimento público é fluoretada, pois este ato reduz em até 50% o risco de cárie2,12, bem como, poucos (50%) fazem uso do dentifrício para obter os benefícios do flúor1, uma vez que são os principais métodos de prevenção.

A fluoretação da água de abastecimento público corresponde a uma das principais e mais significante ação de saúde pública no controle da cárie dentária, bem como, um dos meios mais efetivos para que a presença do flúor na cavidade oral seja constante, pois é de fundamental importância para o controle e declínio da cárie dentária12.

Precisam ser realizados novos estudos com esta temática envolvendo adultos, devido ao reduzido número de trabalhos escritos, sendo que a maioria é realizada com crianças.

 

CONCLUSÃO

Foi possível perceber que esta amostra é formada basicamente por adultos entre 21 e 40 anos, sendo que a maioria possui no mínimo o ensino médio, o que vem a melhorar o perfil do trabalhador. Ficou evidente que os entrevistados possui um bom conhecimento sobre saúde bucal, conseguindo reconhecer, e de como utilizar os mecanismos de controle e prevenção da doença cárie.

Porém existe há necessidade de um melhor esclarecimento sobre o assunto aos participantes, seguidas de reforço de instruções de higiene bucal.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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9. Matos, DL; Lima FC. Auto-avaliação da Saúde Bucal entre Adultos e Idosos Residentes na Região Sudente: resultados do Projeto SB-Brasil, 2003. Cad. Saúde Pública 2006 ago; 22(8): 1699-1707;

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Correspondência para:
Marlussy Soares - Maffei
Rua Mato Grosso, 1789
Centro, Cascavel - PR
CEP 85812-020, PR, Brasil,
e-mail:
lussy_soares_@hotmail.com

 

 

Recebido: 04/09/2015
Aceito: 02/09/2016