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Revista da ABENO

versão impressa ISSN 1679-5954

Rev. ABENO vol.16 no.2 Londrina Abr./Jun. 2016

 

 

 

Inserção de egressos de Odontologia do Tocantins no mercado de trabalho

 

Introduction of newly graduated dental students from the State of Tocantins into the job market

Bruno Arlindo de Oliveira CostaI; Cintia Ferreira GonçalvesII; Luciane ZaninIII; Flávia Martão FlórioIV

 

I Aluno de Pós-graduação, Departamento de Saúde Coletiva, Faculdade de Odontologia e Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic, Campinas, SP
II Professora de Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais e Odontologia Hospitalar, Faculdade Antônio Carlos, Porto Nacional, TO

III
Professora no Departamento de Saúde Coletiva, Faculdade de Odontologia e Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic, Campinas, SP
IV Professora no Departamento de Saúde Coletiva, Faculdade de Odontologia e Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic, Campinas, SP

Correspondência para:

 

 


 

RESUMO

O objetivo do presente trabalho foi investigar a inserção e a perspectiva profissional de egressos de Odontologia no mercado de trabalho. Trata-se de um estudo observacional, transversal e descritivo, realizado por meio de um questionário eletrônico aplicado aos 298 egressos de um curso de Odontologia do Tocantins, distribuídos em 14 turmas (2008 a 2015). A taxa de resposta foi de 61,41% (n=183). Após análise dos dados (Teste de Qui-quadrado/Exato de Fisher; nível de significância de 5%) verificou-se que 65,6% dos respondentes eram do sexo feminino, com idade média de 30 (±6,6) anos. O tempo médio de formado foi de 3,7 (±2,2) anos. Dentre os egressos, 37,8% trabalhavam em serviço público, sendo que 17,5% o faziam exclusivamente. A maioria deles trabalhava no estado do Tocantins (65,0%), sendo que 62,8% estava cursando ou cursou pós-graduação, sendo Ortodontia (17,5%), Endodontia (14,8%), Odontopediatria (7,6%); a área de Saúde Coletiva apareceu para 3,8% dos respondentes. A renda mensal da maioria (46,4%) foi de até 5 salários mínimos (R$ 3 640,00) e 49,8% dos respondentes mostraram-se satisfeitos com o rendimento mensal. A inserção imediata no mercado de trabalho foi relatada por 72,7% dos egressos, sendo que 6% não exerciam a profissão naquele momento e destes, 2,7% nunca exerceram. Dentre as disciplinas consideradas mais significativas na graduação apareceram Cirurgia Oral (26,8%), Endodontia (21,3%), Dentística (14,2%), Odontopediatria (11,5%), Prótese (9,3%) e Saúde Coletiva (4,9%). Os resultados encontrados permitem concluir que a inserção dos egressos no mercado de trabalho foi rápida e a maioria se encontrava satisfeita com os rendimentos naquele momento.

Descritores: Mercado de Trabalho. Recursos Humanos em Odontologia. Formação de Recursos Humanos.


 

ABSTRACT

The aim of this study was to investigate the insertion and professional perspective of dental graduates into the labor market. An observational, cross-sectional and descriptive study was performed, by means of an electronic questionnaire, to a sample of 298 Dentistry graduates from the State of Tocantins, Brazil. The sample showed 14 classroom groups from the years 2008 to 2015. The response rate was 61.41% (n = 183). After data analysis (chi-square test / Fisher's exact, 5% significance level) it was found that 65.6% of respondents were female, mean age 30 (± 6.6) years. The average time since their graduation was 3.7(± 2.2) years. Among the graduates, 37.8% are now working in Public Health, and 17.5% do so, exclusively. Most of them work in the State of Tocantins (65.0%) and 62.8% have attended or are still attending post-graduation courses in Orthodontics (17.5%), Endodontics (14.8%), Pediatric Dentistry (7.6%) and Public Health (3.8%). The monthly income of the majority (46.4%) is up to 5 times the minimum wage (R $ 3,640.00) and 49.8% of the respondents reported a sense of achievement with the monthly income. The immediate insertion in the labor market was reported by 72.7% of the graduates, and 6% do not work as dental professionals, 2.7% of these have never done it. Among the most significant subjects while undergraduate students, Oral Surgery (26.8%), Endodontics (21.3%), Restorative Dentistry (14.2%), Pediatric Dentistry (11.5%), Prosthodontics (9.3%) and Public Health (4.9%) were the most meaningful for them. According to the results found it was concluded that the insertion of Dentistry graduates in the labor market was quick and the majority are happily satisfied with the income.

Descriptors: Job Market. Dental Staff. Staff Development.


 

1 INTRODUÇÃO

O curso de Odontologia foi instituído no Brasil em 1884, e desde então ocorreram consideráveis modificações nos cursos oferecidos por Instituições de Ensino Superior (IES) privadas, públicas, federais e municipais no país1.

Entre os anos 1980 e 1990 a Odontologia era uma das práticas de saúde mais elitizadas do Brasil2. A inserção de cirurgiões-dentistas no setor público se limitava a precários serviços escolares e abomináveis rotinas de extração de dentes da população mais pobre3. As lutas pela democracia e pela extensão da cidadania, as Conferências de Saúde e a construção do Sistema Único de Saúde (SUS), previsto na Constituição Federal de 1988, impulsionaram mudanças nessas práticas e nas concepções sobre o quê, e como se deveria fazer a Odontologia brasileira, estabelecendo-se como princípios a integralidade da atenção à saúde, com ênfase nos aspectos preventivos, e uma atuação profissional dirigida à realidade sócio-epidemiológica da população do País4.

De acordo com dados do Conselho Federal de Odontologia (CFO) (2015)5, o Brasil é atualmente o país com maior número de cirurgiões-dentistas do mundo e mesmo com esta quantidade de profissionais, a odontologia vivencia uma importante desigualdade na distribuição destes profissionais no território brasileiro6. Em sete Estados do Norte e Nordeste – Acre, Amapá, Pará, Piauí, Bahia, Ceará e Maranhão – existe, em média, um dentista para cada 1,8 mil habitantes. Já as Regiões Sul e Sudeste há uma concentração de quase 200 mil cirurgiõesdentistas, o que corresponde a mais de 70% de todos os profissionais existentes no Brasil7. Nessa linha de raciocínio, enquanto no estado de São Paulo a proporção de cirurgiãodentista: habitante é de 1:5568, no Tocantins, essa proporção aumenta para 1:1077 habitantes9.

A Política Nacional de Saúde Bucal (2004)10 - Brasil Sorridente - tem como objetivo garantir ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal para toda a população brasileira. Para isso, foram necessárias uma série de ações para ampliação do acesso ao tratamento odontológico por meio do SUS, levando-o a se tornar um grande empregador para os cirurgiões-dentistas: a atenção básica em saúde bucal está presente em 90% (5.013) dos municípios brasileiros, contando com a presença de 30% dos dentistas do Brasil (64.826 profissionais), atingindo mais de 81 milhões de brasileiros6.

Vale ressaltar que as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN)11 não impõem um caráter único para os diversos cursos distribuídos no Brasil, mas definem uma base formadora sólida, que deve se dispor a ser constantemente complementada pelas instituições de ensino superior (IES), com suas diferentes experiências, realidades e regionalidades12. A efetiva interação entre os serviços de saúde do SUS e a formação dos profissionais de saúde tem como objetivo capacitar os futuros profissionais às necessidades sociais da população3. As IES têm como grande desafio formar profissionais na área de saúde para exercerem sua atividade atendendo ao SUS e ao mercado de trabalho privado. A incorporação deste novo modelo capacita o profissional a ter uma percepção mais abrangente, dinâmica, complementar e integrada, tornando-o apto a romper com a arraigada visão de trabalho linear e fragmentada12.

A questão da formação de profissionais de saúde envolve diretamente as oportunidades advindas do mercado de trabalho, o perfil profissional e a satisfação das demandas populacionais. Assim, a articulação entre as políticas de educação e de saúde é fundamental para que as transformações sejam possíveis13. Entretanto, diante da problemática da formação de profissionais de saúde bucal, especialmente dos cirurgiões-dentistas, por esta ser caracterizada por uma abordagem biologicista, medicalizante, centrada e com forte caráter flexneriano, existe uma forte tendência a mudanças, impulsionadas pelo discurso de reorganização dos modelos de atenção e das práticas de saúde, sobretudo pelas políticas que configuram o SUS14.

Dentre as motivações que levam esses estudantes à escolha do curso podemos citar a, relação com a visão que os mesmos apresentam da Odontologia, do exemplo de profissionais, do status social elitista, das possibilidades de atuação no mercado de trabalho e da necessidade ou não de comprometimento social enquanto profissionais de saúde15.

O papel da universidade é preparar um profissional crítico e reflexivo, aplicando técnicas pedagógicas que facilitem sua inserção no mercado de trabalho como profissional ético e responsável. No entanto, estudos constataram que a formação do acadêmico de graduação em Odontologia caracteriza-se pelo individualismo com ânsia de lucros, alienamento da realidade, tendência curativista e desprezo ao serviço público odontológico, tendo em vista diretrizes curriculares, as quais não contemplam um efetivo processo de ensino-aprendizagem16. A real mudança no perfil de egressos profissionais não se dá somente com mudanças curriculares, mas, sim, com novas práticas de formação em saúde17. Uma maior aproximação da educação e da saúde com a realidade social do seu meio e uma participação articulada e efetiva minimizaria a iniquidade proporcionada pela Odontologia tecnicista e elitista predominante no país18.

Tendo em vista que os egressos de Odontologia se deparam com dificuldades de inserção no mercado de trabalho atual e pela grande necessidade de profissionais no sistema público em todos os municípios do interior do país, o objetivo do presente trabalho foi investigar a inserção e a perspectiva profissional de egressos de Odontologia do Tocantins no mercado de trabalho.

 

2 METODOLOGIA

Este estudo observacional transversal descritivo foi conduzido de acordo com os preceitos determinados pela Resolução 422 de 12/2012 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia e Centro de Pesquisa São Leopoldo Mandic (parecer 1.239.101).

O curso de Odontologia do Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos, Porto Nacional do Tocantins (ITPACPORTO) formou a sua primeira turma em 2008 e em 2015 completou 12 turmas formadas, resultando em 298 (duzentos e noventa e oito) egressos. Os endereços eletrônicos dos egressos foram obtidos na secretaria de graduação e por mídia social (Facebook). Foram excluídos da pesquisa os egressos que não puderem ser contatados (17) e que não responderam aos e-mails convite e às demais formas de contato estabelecidas (n=115).

O questionário utilizado neste estudo foi desenvolvido com base no estudo de Freire et al. (2011)9 e no instrumento utilizado pela Comissão Própria de Avaliação da Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic, direcionado ao egresso. Foi realizado o testereteste do questionário em uma amostra de conveniência e verificou-se que a concordância média foi de 74%. O instrumento foi composto por 22 questões, sendo 9 subjetivas e 13 objetivas explorando o perfil socioeconômico e demográfico, com informações relativas ao tempo de formação e responsável pelo custeio da graduação; a atuação no mercado de trabalho, o setor de atividade do trabalho e mudança do Estado de origem para a atuação profissional atual; tempo para inserção no mercado de trabalho e grau de satisfação com a remuneração; conceitualização do curso e da faculdade, com informações relativas às disciplinas favoritas e à motivação para escolha da instituição.

O instrumento foi enviado aos egressos via endereço eletrônico, contendo um link para acesso ao questionário. Quinze dias após o envio, foi realizado um novo contato com o intuito de sanar dúvidas ou explicar sobre a pesquisa, confirmando o recebimento deste questionário, e solicitando a resposta e reenvio.

Os resultados foram apurados e quantificados em frequências absolutas e relativas, visando caracterizar as variáveis pesquisadas. Os dados foram analisados por tabelas de distribuição de frequências. Os testes de Qui-quadrado e Exato de Fisher foram utilizados. Todas as análises foram realizadas no programa R* (Universidade de Auckland, Nova Zelândia), considerando o nível de significância de 5%.

 

3 RESULTADOS

Do total de egressos, houve predominância no gênero feminino, com 65,6% da amostra. A idade média dos voluntários foi de 30 (±6,6) anos (mínimo de 22 e máximo de 66 anos). O tempo médio de formado foi de 3,7 (±2,2) anos, com tempo mínimo de 1 ano e máximo de 11 anos; 60,1 % dos egressos cursou a faculdade com recursos financeiros familiares. A maioria da amostra encontrava-se com idade entre 18 e 35 anos, com tempo de formado de até 3 (três) anos.

A tabela 1 apresenta dados relacionados ao perfil do egresso, percepção sobre a formação e vivência quanto ao mercado de trabalho. Vale destacar que 37,7% dos egressos não retornaram para seu estado de origem após a graduação. Dentre os egressos, 62,8 % possuía ou estava cursando pós-graduação, sendo Ortodontia (17,5%), Endodontia (14,8%) e Odontopediatria (7,6%) as áreas com maior predominância. Outro dado relevante, foi que 93,4% consideraram que os conhecimentos adquiridos durante a graduação de forma positiva para a atuação profissional.

A maioria dos entrevistados apresentou uma renda mensal de até 10 salários mínimos, sendo que do total da amostra 46,4% recebiam até 5 salários mínimos. Quando questionados sobre o nível de satisfação com relação à renda mensal, 66,2% da amostra a classificou como regular ou boa.

Em relação ao quanto o egresso se sentia preparado para entrar no mercado de trabalho, em uma escala de 0 (totalmente despreparado) a 10 (totalmente preparado), a grande maioria (76,0%) atribuiu nota maior que 5.

Em relação ao tempo para inserção no mercado de trabalho, 72,7% dos egressos relataram que foi imediata e apenas 2,7% da amostra nunca exerceu a profissão.

Na tabela 2 nota-se que a maioria dos respondentes trabalhava no setor privado e apenas 17,5% tiveram o setor público como o único vínculo trabalhista. Pode-se notar que a maioria dos egressos trabalhava nos Estados de Tocantins (65,0%) e Pará (13,7%).

Na tabela 3 apresenta-se as disciplinas que mais despertaram interesse durante o curso de graduação e situação quanto ao exercício profissional. Do total da amostra, 6,0% não estavam exercendo a Odontologia naquele momento, dentre os quais 2,7% nunca a exerceram. Dentre os motivos pelos quais o egresso não exercia a profissão, foram citados mudança de área profissional, frustração, desemprego, gravidez e falta de tempo para cuidar de filhos.

 

4 DISCUSSÃO

A caracterização dos egressos do FAPAC/ITPAC-PORTO mostrou que a maioria deles era mulheres, de origem tocantinense, solteiras, jovens e sem filhos. A maior presença de egressos do gênero feminino vem de encontro com o processo de feminilização da profissão odontológica, notado desde a década de 1990 e também verificada em outros estudos no Brasil16,20-28.

Nos trabalhos que corroboram com o presente estudo, não foram abordadas considerações sobre o custeio da graduação, sendo verificado neste que 60% dos egressos tiveram sua graduação custeada por rendimentos familiares, mostrando que o nível econômico dos acadêmicos pode ser considerado bastante privilegiado quando considerada a renda familiar mensal brasileira4.

 

 

 

 

 

 

 

A implantação de uma nova Diretriz Curricular Nacional (DCN) deve ser seguida pelas IES em todo o pais, contemplando a adequação ao perfil profissional que vá ao encontro daquilo que é desejável pelo SUS. Neste estudo, observa-se também que a inserção no setor público foi menor do que a verificada no setor privado, dado encontrado em outros trabalhos9,12,28. Nota-se que a maioria dos egressos mudou de estado ou cidade, após a graduação, contrapondo a ideia de que o Tocantins apresenta oportunidade melhores e mais viáveis, relacionando a busca por um mercado de trabalho com maior oportunidade29.

Um resultado interessante deste estudo mostrou que um em cada 4 egressos optou pela atuação profissional em ambos os serviços, público e privado. Este fato pode ser interpretado como uma oportunidade para o recém-formado, que mesmo diante da crise atual no mercado de trabalho brasileiro, usa da garantia salarial do serviço público para honrar suas despesas fixas e apoia-se no salário extra oriundo do serviço privado30,31. Neste aspecto a Odontologia tem uma vertente de atuação autônoma, que pode ser exclusivamente privada ou através da inserção de profissionais em convênios, empresas, associações e sindicatos32.

Uma demanda importante avaliada neste estudo foi o anseio dos egressos ao término da graduação em relação à pósgraduação, onde a maioria já possuía ou estava cursando alguma pós-graduação, o que confirma a tendência da expansão da especialização observada nos últimos anos no Brasil4,12,19 e a oportunidade de diferenciar-se, agregar qualidade e obter um melhor desempenho para competir no mercado de trabalho21,33. Concomitante a esta afirmativa observou-se que as áreas de Ortodontia (17,5%), Endodontia (14,8%) e Odontopediatria (7,6%) foram as mais mencionadas dentre os egressos. Em contraponto, cursos como Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais e Odontologia Hospitalar foram citados apenas uma vez. Já os cursos relacionados à Saúde Pública ou Saúde Coletiva tiveram baixa participação nas respostas, fato também verificado em estudos sobre a mesma temática22,28.

As disciplinas mais citadas pelos egressos em relação às suas preferências, foram Cirurgia Oral, Endodontia, Dentística, Odontopediatria, Prótese, Saúde Coletiva e Ortodontia, respectivamente. Diferentemente destes resultados, há estudo que apresenta a Ortodontia como a disciplina favorita dos egressos4. Curiosamente, a pós-graduação mais cursada entre os egressos foi a Ortodontia, o que abre precedente para inferirmos que aspectos financeiros podem estar associados à escolha da especialidade a ser cursada, uma vez que esta não coincidiu com a disciplina favorita durante a graduação.

A maioria dos profissionais possuía renda mensal de até 10 salários mínimos, sendo que 46,4% recebiam até 5 salários mínimos. A inserção dos profissionais no mercado de trabalho foi em sua grande maioria imediata, mostrando a necessidade dos mesmos. Este fato é também justificado com a inclusão do cirurgião-dentista na Estratégia de Saúde da Família (ESF), a qual encontra-se em franca expansão9. Ao avaliarmos o nível de satisfação em relação aos rendimentos mensais, a maioria classificou como regular ou bom entretanto, quando comparada à remuneração do médico, cirurgião-dentista, enfermeiro e outros profissionais da saúde, o cirurgião-dentista apresenta o segundo melhor rendimento9. Por outro lado, rendimentos entre três e cinco salários mínimos foram considerados satisfatórios pelos cirurgiões-dentistas24. Outros estudos mostraram que os cirurgiõesdentistas se apresentam infelizes com a atuação profissional e queda do prestigio, e com isso acabam necessitando aumentar a carga horária de trabalho, dentre outros esforços15,34.

Vários estudos corroboraram com os resultados deste trabalho, uma vez que ocorre no Brasil, uma má distribuição dos profissionais nas regiões brasileiras9,21,22,35 contudo entende-se que a maioria destes opta por permanecer nas grandes cidades e nas áreas de melhores níveis de renda, a desbravar novas oportunidades e28,32,35 regiões, consequentemente aumentando a concentração e causado um acúmulo de ofertas de serviços9,21,22,29.

Este trabalho endossou a importância da IES realizar avaliações periódicas sobre a inserção de seus egressos no mercado de trabalho, com o objetivo de ponderar e julgar a formação do profissional ali desenvolvida, visando aproximar as práticas pedagógicas ao campo de trabalho.

 

5 CONCLUSÃO

O curso de Odontologia da FAPAC/ITPAC-PORTO tem formado profissionais com o perfil predominante jovem, do gênero feminino, naturais da região norte e nordeste do Brasil, que se inseriram no mercado de trabalho de forma rápida, obtendo renda mensal classificada como satisfatória. Além disso, notou-se uma tendência de atuação em consultório particular, atendendo uma população de renda média. Outro aspecto importante foi o fato da maioria dos egressos ter cursado ou estar cursando uma pósgraduação, sendo as mais citadas a Ortodontia e Endodontia.

 

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Correspondência para:
Prof. Flávia Martão Flório
Rua José Rocha Junqueira, 13
13045-755, Campinas/SP

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