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RGO.Revista Gaúcha de Odontologia (Online)

versão On-line ISSN 1981-8637

RGO, Rev. gaúch. odontol. (Online) vol.59 no.2 Porto Alegre Abr./Jun. 2011

 

ARTIGO ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE

 

Inserção dos egressos do curso de odontologia no mercado de trabalho

 

Introduction of newly graduated dentistry students into the job market

 

 

Virgínia Costa PINHEIRO I; Léa Maria Bezerra de MENEZES II; Andréa Silvia Walter de AGUIAR II; Walda Viana Brígido de MOURA II; Maria Eneide Leitão de ALMEIDA II; Filomena Maria da Costa PINHEIRO III

I Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem
II Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem, Departamento de Clínica Odontológica
III Faculdade Católica Rainha do Sertão, Curso de Odontologia

Endereço para correspondência

 

 


 

RESUMO

Objetivo
Analisar o mercado de trabalho dos recém-egressos do curso de Odontologia da Universidade Federal do Ceará, da Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem.

Métodos
Traçou-se o perfil sócio-demográfico dos dentistas recém-egressos do curso de 2007, verificando a situação profissional, a jornada de trabalho, tipo de inserção no trabalho e a satisfação com relação ao mercado de trabalho. Trata-se de um estudo de natureza descritiva e exploratória com abordagem quantitativa. A coleta de dados foi realizada de abril a junho de 2009. Foi aplicado um questionário aos participantes que se encontraram com a pesquisadora por ocasião do III Congresso Internacional de Odontologia do Ceará ocorrido em Fortaleza, de 13 a 17 de maio de 2009. Aos demais, o questionário foi enviado via Correios.

Resultados
Dos de 67 profissionais que concluíram o curso no ano de 2007, na Universidade Federal do Ceará, e já possuíam sua inscrição no Conselho Regional de Odontologia, seção Ceará, 41 (61,19%) responderam o questionário. Desses, 78,0% eram do sexo feminino. A faixa etária situou-se entre 22 e 28 anos e possuíam renda mensal de 3 a 5 salários-mínimos 60,9%, com uma jornada de trabalho entre 31 e 40 horas semanal (75,7%) e 46,5% estão no setor público. A maioria dos profissionais (95,0%) conseguiu inserção nos primeiros meses; 78,0% perceberam o mercado como bom e normal e 82,9% mostram-se satisfeitos com a profissão.

Conclusão
Concluiu-se que o mercado de trabalho dos cirurgiões-dentistas no Ceará ainda não está saturado.

Termos de indexação: Mercado de trabalho. Prática profissional. Recursos humanos em Odontologia.


 

ABSTRACT

Objective
This study aimed to analyze the job market for newly graduated dentistry students form the Federal University of Ceará, School of Pharmacy, Dentistry and Nursing.

Methods
The sociodemographic profile of dentists of the class of 2007 was investigated to determine their professional status, work shift, type of work and satisfaction with the work market. This is a descriptive and exploratory study with a quantitative approach. Data were collected from April to June 2009. A questionnaire was administered to the participants who met the researcher during the III International Dentistry Congress of Ceará, which took place in Fortaleza from May 13 to 17, 2009. The other students received the questionnaire by mail.

Results
Of the 67 professionals who graduated in 2007 from Federal University of Ceará and registered their practice at the Regional Council of Dentistry, Section Ceará, 41 answered the questionnaire (61.19%). Of these, 78% were females. The ages ranged from 22 to 28 years. Most professionals (60.9%) had a monthly income of 3 to 5 minimum wages. The working week of 75.7% of the sample ranged from 31 to 40 hours and 46.5% were in the public sector. Most professionals (95.0%) found a job in the first months, 78.0% perceived the market as good and normal and 82.9% were satisfied with the profession.

Conclusion
The results of this study indicate that the dentistry market of Ceará is not yet saturated.

Indexing terms: Job market. Professional practice. Dental staff.


 

 

INTRODUÇÃO

A profissão odontológica, desde o seu surgimento até os tempos atuais, vem passando por uma série de transformações em seu processo de atuação no mercado de trabalho. Inicialmente, era uma profissão que surgiu para satisfazer as necessidades humanas e foi se modificando ao longo dos séculos, tornando-se cada vez mais complexa em todas as instâncias, no desenvolvimento técnico-científico, nas suas práticas, bem como no perfil dos sujeitos que dela fazem parte.

No início, o exercício profissional do cirurgião-dentista se constituía em uma prática individual em que a relação existente era apenas do profissional com seu paciente. Hoje, a Odontologia é exercida por um conjunto de recursos humanos com diferentes níveis de formação, com funções e habilidades distintas, resultando em um trabalho em equipe.

A Odontologia, em seus primórdios, esteve atrelada à prática médica, mas sempre como uma profissão auxiliar, artesanal, de nível inferior, dependente, permanecendo desvalorizada por muitos séculos até conseguir sua autonomia e legitimação. Assim sendo, incorporou à sua prática muitas características da medicina em sua estruturação1.

Dentre as características do trabalho odontológico, pode-se citar o trabalho individual, voltado para a técnica, centrado na doença e com ênfase no curativo, além de uma prática eminentemente liberal e elitista. Freitas2 acrescenta a essas características um arraigado sentimento de manter-se como profissão autônoma e a não-orientação para a resolução dos níveis de saúde bucal.

Através desse modelo de trabalho, o cirurgião-dentista passou por um longo período de prosperidade. Dos anos sessenta até o início dos anos oitenta do século XX foi considerado a golden age da Odontologia3.

Após esse período, o mercado de trabalho começou a sofrer modificações acentuadas. A prática liberal do cirurgião- dentista foi dando lugar a outras formas de atividades laborais resultando na estagnação do mercado de trabalho, adentrando em uma crise. Segundo Freitas4, vários estudos sinalizam para a tendência do assalariamento do trabalho no consultório em parceira com convênios e credenciamentos e a associação de ambas as formas. Além disso, pode-se citar, ainda, o declínio da doença cárie e o aumento desenfreado de cursos de Odontologia no País, fato este que sugere que pode ocorrer uma saturação do mercado de trabalho2,5-6.

A Odontologia vivencia um momento histórico, enfrenta muitos desafios, aponta mudanças que atingem desde o mercado de trabalho, em suas diversas áreas de inserção, até um novo perfil profissional do cirurgião-dentista que, na atualidade, se impõe e é voltado não mais para a atenção curativa, mas para as questões sociais como atender às necessidades de saúde da população tendo como eixo norteador a promoção e proteção da saúde.

Com o surgimento do Programa da Saúde da Família, em 1994, e, posteriormente, a inclusão da saúde bucal nessa estratégia, pela Portaria n. 1444, de 28 de dezembro de 2000, configura-se uma nova oportunidade de expansão do mercado de trabalho, no setor público, para os profissionais da Odontologia nas equipes de saúde bucal do Programa de Saúde da Família7. Essa estratégia tem como objetivo contribuir para a reorientação do modelo assistencial à saúde a partir da Atenção Básica, orientada pelos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS).

A Estratégia Saúde da Família foi adotada como uma alternativa para garantir a oferta de cuidados individuais e coletivos à saúde das famílias residentes em um dado território, articulando promoção de saúde, prevenção de doenças e cuidado clínico8. Isso tem mobilizado a contratação de um grande contingente de profissionais de saúde no Brasil, assim como o surgimento de um novo perfil desses profissionais. Em 2004, o Governo Federal criou a Política Nacional de Saúde Bucal, "Brasil Sorridente", que reorganiza as ações de saúde bucal, contemplando todas as faixas etárias dos cidadãos e articulada com outras políticas públicas. Suas diretrizes ampliam e qualificam a Atenção Básica, assim como a oferta de serviços em saúde bucal na Atenção Secundária e Terciária, procurando prover uma atenção integral aos indivíduos.

O mercado de trabalho odontológico, para um determinado país, região ou localidade, existe em função do modelo de prestação de serviços; dos padrões epidemiológicos, culturais, econômicos da população; do crescimento da oferta de mão-de-obra e da própria estrutura profissional9.

Com relação à proporção do número de profissionais por habitante no Brasil, segundo dados do Conselho Federal de Odontologia, o Brasil possui 229.481 profissionais, em uma proporção de 1 cirurgião-dentista para 834 habitantes. No Estado do Ceará esta relação é de 1 cirurgião-dentista para 1.842 habitantes10. A Organização Mundial de Saúde recomenda 1 cirurgião-dentista para 1.500 habitantes e o que se observa é uma má distribuição desses cirurgiões-dentistas no território brasileiro, cuja concentração é maior nos grandes centros urbanos11-12.

Moysés13 aponta que em uma pesquisa, encomendada pelas principais entidades representativas da Odontologia no Brasil, há uma progressiva feminização do trabalho, predomínio de profissionais jovens (até 30 anos), altíssima concentração na região Sudeste, especialmente no Estado de São Paulo e que esses profissionais atuam como clínicos gerais e/ou especialistas nos seus consultórios. Mais de 40% dos cirurgiões-dentistas declararam exercer uma jornada de trabalho igual ou superior a 44 horas semanais, 37% admitiram duplo vínculo com emprego público ou privado e mais de 48% deles admitiram uma renda familiar máxima mensal de R$3.600,00 à época. Um número bastante significativo dos profissionais, exercendo a prática privada, também reconheceu ser dependente dos convênios/credenciamentos. Estes poderiam ser percebidos como uma forma de "assalariamento indireto" exercido no próprio consultório privado dada a grande dependência desta modalidade de vínculo na geração de receita.

Pinto14 relata que "quando alguém se forma e não encontra o que fazer, tem um problema pessoal, que repercute apenas entre seus amigos e na sua família. Mas quando não apenas uma pessoa nem uma dúzia, mas turmas inteiras de diplomados se veem com reduzidas perspectivas de trabalho ao concluir o curso, como passou a ocorrer a partir dos anos 1960, a questão torna-se um problema de massa."

Este estudo objetivou analisar a inserção no mercado de trabalho, dos recém-egressos do curso de Odontologia da Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem da Universidade Federal do Ceará, formados no ano de 2007, traçando o perfil sócio-demográfico desses cirurgiões-dentistas, verificando a sua situação profissional, sua jornada de trabalho, tipo de inserção no trabalho e ainda avaliar a sua satisfação em relação ao mercado de trabalho.

 

MÉTODOS

Nesta pesquisa, utilizou-se uma metodologia, predominantemente, quantitativa de natureza descritiva e exploratória. Os sujeitos incluídos no estudo foram os profissionais formados no referido período e que aceitaram participar da pesquisa. Os critérios de exclusão foram os cirurgiões-dentistas que não estavam inscritos no Conselho Regional de Odontologia.

A coleta de dados foi realizada no período de abril a junho de 2009. Primeiramente, foram coletados dados junto a Universidade Federal do Ceará e ao Conselho Regional de Odontologia - seção Ceará para obtenção dos nomes e endereço dos sujeitos da pesquisa, para a sua localização.

Antes da aplicação do questionário, foi realizada a sua validação, sendo encaminhado para três docentes da área da Saúde Coletiva e, logo após, foi realizado um estudo piloto com 10 cirurgiões-dentistas para testar o questionário e sanar as dúvidas para aplicação do mesmo.

De posse dos dados acima, foram aplicados questionários aos cirurgiões-dentistas que faziam parte da amostra e que se encontravam com a pesquisadora no III Congresso Internacional de Odontologia do Ceará ocorrido em Fortaleza entre os dias 13 e 17 de maio de 2009. Aos demais profissionais, foram enviados, via Correios, os instrumentos de investigação. Este se constituiu de um questionário com perguntas abertas e fechadas com a finalidade de obtenção dos dados do estudo: dados pessoais, situação profissional, jornada de trabalho, tipo de inserção no trabalho, satisfação com relação ao mercado de trabalho. Juntamente com o questionário, foi enviado o Termo de Consentimento Livre Esclarecido, solicitando o seu preenchimento e devolução. Foram respeitados os aspectos éticos, conforme Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, em que o projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, da Universidade Federal do Ceará, com parecer de aprovação nº 32/09.

 

RESULTADOS

De acordo com os dados da Universidade Federal do Ceará, graduaram-se, no ano de 2007, 72 cirurgiões-dentistas e destes apenas 70 já tinham inscrição no Conselho Regional de Odontologia, segundo dados da própria entidade. Deste total, três cirurgiões-dentistas estão com a inscrição desativada por motivo de transferência. Todos os 67 cirurgiões-dentistas receberam o instrumento de avaliação, porém somente 41 responderam o questionário, correspondendo a um percentual de 61,19% de resposta.

Após a consolidação dos dados, caracterizando o perfil sócio-demográfico desses sujeitos, obtiveram-se os seguintes resultados: dos 41 profissionais, 32 (78,0%) eram do sexo feminino e 9 (21,9%) do sexo masculino.

Com relação à faixa etária dos pesquisados, esta ficou entre 22 e 28 anos. O que era esperado, uma vez que foram egressos da Universidade formados no período de 2007.1 e 2007.2. Com relação ao nível de renda, dos 41 pesquisados, 25 (60,9%) possuíam renda mensal de 3 a 5 salários-mínimos; 11 (26,8%) ganhavam entre 6 e 8 salários; 3 (7,3%) ganhavam menos de 2 salários-mínimos e 2 (4,8%) entre 9 e 11 salários-mínimos. Vale destacar que os profissionais que ganhavam menos de 2 salários estavam fazendo residência ou aguardando a convocação de concurso público.

Com relação ao tempo decorrido para a inserção no mercado de trabalho, 21 (51,2%) responderam que conseguiram esta em menos de um mês depois de formados; 17 (41,5%) conseguiram inserção 1 mês após sua graduação e 1 (2,4%) após 4 meses; 2 (4,9%) dos pesquisados ainda não se inseriram no mercado de trabalho (Tabela 1).

Quanto ao vínculo de trabalho, 20 profissionais (40%) estão como prestadores de serviços público com contrato, 5 (10%) como prestadores de serviço público sem contrato, 11 (22%) como autônomos, 5 (10%) como prestadores de serviços em planos de saúde, 3 (6%) como servidor público concursado, 2 (4%) como empregados, no regime celetista, e 4 (8%) com outras formas de vínculo empregatício. Nesse quesito os profissionais poderiam marcar mais de uma opção (Tabela 2).

Observou-se, também, que a maioria, 27 (46,5%), dos profissionais estão trabalhando no serviço público, 11 (19,0%) em empresas privadas, 4 (6,9%) em consultórios próprios e 7 (12,1%) em consultórios alugados e 7 (12,1%) em Universidades (Tabela 2). Os profissionais marcaram mais de uma opção nesse quesito.

Um percentual de 75,7%, correspondendo a 31 profissionais, possuía uma jornada de trabalho entre 31 e 40 horas semanal. Três profissionais (7,3%) trabalhavam entre 41 e 50 horas semanais e três (7,3%) faziam de 0 a 10 horas semanais. Apenas um profissional trabalhava em torno de 51 a 60 horas semanais e dois (4,9%) entre 21 e 30 horas. Esse maior percentual de profissionais com a jornada de trabalho entre 31 e 40 horas semanal decorre do fato de a maioria estar trabalhando no serviço público, na Estratégia Saúde da Família, que, normalmente, possui carga horária de 40 horas semanais (Tabela 3).

A forma de atuação profissional, de acordo com os dados da Tabela 4, apresenta-se com 24 profissionais (41,4%) atuando como cirurgiões-dentistas no serviço público da Estratégia Saúde da Família e 21 profissionais (36,2%) em clínicas privadas como clínico geral. Um percentual de 12,1%, em um total de 7 dentistas, atuam como especialistas e apenas 1 profissional como docente. De acordo com os resultados, alguns profissionais marcaram mais de uma opção indicando mais de uma atuação profissional.

Em termos de atualização dos conhecimentos, 32 (42,1%) profissionais estão cursando ou cursaram aperfeiçoamento, 22 (29,0%) especialização, 16 (21,0%) curso de atualização, 2 (2,6%) residência, 4 profissionais mestrado e um profissional não respondeu este quesito do questionário (Tabela 5).

A respeito da percepção do mercado de trabalho do cirurgião-dentista, os resultados mostraram que 17 (41,4%) dos cirurgiões-dentistas perceberam o mercado de trabalho como bom (perspectivas melhores do que outros ramos de atividade), 15 (36,6%) responderam que achavam o mercado de trabalho normal (mesmas perspectivas que os outros ramos de atividade), 7 (17,1%) julgaram como ruim (perspectivas piores do que outros ramos de atividade) e apenas 2 (4,9%) disseram ótimo (perspectivas muitos melhores do que outros ramos de atividade) e nenhum julgou como péssimo (perspectivas muito piores do que outros ramos de atividade).

Com relação à satisfação com a profissão escolhida, 34 (82,9%) responderam que estavam satisfeitos e 7 (17,1%) não estavam satisfeitos com a escolha da profissão. Dentre os 7 profissionais que não estavam satisfeitos com a escolha da profissão, foram interpelados sobre que outra profissão escolheriam, tendo como respostas: Direito, Medicina e Engenharia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DISCUSSÃO

A Odontologia, historicamente, tem sido caracterizada como uma profissão tipicamente masculina, mas, atualmente, tem sido relatado por muitos autores2,5,15-21, que está havendo a feminização da profissão no mercado de trabalho odontológico no Brasil. Este fato pode ser observado, também, em muitas outras atividades laborais. Costa et al.18 apontam que, na Odontologia, a inserção da mulher deu-se lentamente acompanhando o desenvolvimento, tanto histórico como cultural da sociedade, pela sua conscientização e transformação do seu papel diante da sociedade na busca de status e melhoria da condição social.

Com relação à inserção no mercado de trabalho os resultados sugerem que no Estado do Ceará ainda não se encontra saturado. Medeiros & Gandarão19 relatam que o mercado de trabalho odontológico está cada vez mais saturado contrastando com os resultados obtidos pelo nosso estudo.

Também nesse estudo, sobre o vínculo de trabalho chama atenção o grande percentual de profissionais que estão inseridos no serviço público sem concurso e com forma de vínculo como prestadores de serviços e, pior ainda, aqueles que ainda estão trabalhando sem contrato algum. De acordo com o artigo 37, inciso II da Constituição da República Federativa do Brasil de 198822 são estabelecidos os seguintes critérios para a investidura em cargo ou emprego público:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.

Observa-se também uma tendência de assalariamento desses profissionais, mudando o perfil de outrora em que a maioria era autônoma, corroborando com a análise de Freitas4. É notável a crescente oportunidade de trabalho no setor público.

No que se refere às relações trabalhistas verifica-se que houve uma considerável mudança no mercado de trabalho uma vez que, em estudos anteriores11,23, esses profissionais estavam inseridos em consultórios privados, podendo denotar, ainda, exatamente a ampliação da oferta de serviços no serviço público através da Estratégia Saúde da Família.

Nesse estudo observa-se um processo evolutivo da profissão, tendendo a termos um profissional cada vez mais capacitado. Segundo Pelissari et al.6, essa capacitação profissional significou, nesse processo evolutivo, uma forma de concorrência no mercado.

De acordo ainda com a pesquisa, em relação à percepção do mercado de trabalho, apesar da mudança de perfil desses profissionais de autônomos para o trabalho assalariado e a baixa remuneração (60,9% possuíam renda mensal de 3 a 5 salários mínimos), a maioria dos profissionais considerou, ainda, o mercado de trabalho bom ou normal e responderam estarem satisfeitos com a profissão escolhida.

 

CONCLUSÃO

O estudo sobre o mercado de trabalho dos egressos do curso de Odontologia, da Universidade Federal do Ceará, no ano de 2007 evidencia que a faixa etária dos egressos situa-se entre 22 e 28 anos, a maioria sendo do sexo feminino possuindo uma jornada de trabalho entre 31 e 40 horas semanais e uma renda mensal entre 3 e 5 salários-mínimos.

Quase todos os pesquisados conseguiram sua inserção no mercado de trabalho nos quatro primeiros meses de iniciação profissional, a maioria atuando profissionalmente como dentista da Estratégia Saúde da Família. Os cirurgiões-dentistas perceberam o mercado de trabalho como bom e normal e ainda mostraram-se satisfeitos com a profissão escolhida.

 

Colaboradores

VC PINHEIRO foi responsável pela busca de dados, organização e análise dos dados e redação do artigo. LMB MENEZES contribuiu na busca de dados, orientação na organização e na análise dos dados, leitura e redação do artigo. ASW AGUIAR e WVB MOURA contribuíram na indicação de fontes, análise dos dados, leitura e redação do artigo. MEL ALMEIDA contribuiu na leitura e redação do artigo. FMC PINHEIRO contribuiu na organização e análise dos dados e redação do artigo.

 

REFERÊNCIAS

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Endereço para correspondência:
VC PINHEIRO
Universidade Federal do Ceará,
Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem.
Rua Alexandre Baraúna, 949,
Rodolfo Teófilo, 60430-160, Fortaleza, CE, Brasil.

e-mail:
vitinhaqxda@hotmail.com

Recebido: 9/12/2009
Aceito: 7/5/2010