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Revista da Associacao Paulista de Cirurgioes Dentistas

versão impressa ISSN 0004-5276

Rev. Assoc. Paul. Cir. Dent. vol.66 no.4 Sao Paulo Out./Dez. 2012

 

ARTIGO ORIGINAL

 

Isolamento da camada superficial da resina previamente à polimerização: efeito sobre o manchamento

 

Superficial layer resin isolation previously polymerization and its effects on staining

 

 

Lilian Souza Kretter de CamargoI; Lucirene Aparecida DominguesII; Lívia Souza Kretter de CamargoIII; Carolina Nunes PegoraroIV; Lívia Maria Vieira RodriguesV

IMestre em Biologia Oral pela Universidade do Sagrado Coração (USC) - Cirurgiã-Dentista do PSF – Bauru - SP - Brasil
IIDoutora em Dentística pela Faculdade de Odontologia de São Paulo (Fousp) - Professora da USC – Bauru - SP - Brasil
IIICirurgiã-Dentista formada pela USC - Cirurgiã-Dentista do Programa Saúde da Família (PSF) – Bauru - SP - Brasil
IVDoutora em Dentística pela Fousp - Professora da USC – Bauru - SP - Brasil
VMestre em Dentística pela USC - Doutoranda em Endodontia pela Fousp - SP – Brasil

Autor para correspondência:

 

 


RESUMO

O objetivo deste trabalho foi avaliar o manchamento de uma resina composta frenteà inibição do oxigênio superficial através da utilização do Oxiblock (FGM, Joinville/SC, Brasil). Foram confeccionados 45 corpos-de-prova (dimensões: 1 cm de largura, 1 mm de espessura e 2,5 cm de altura) com a resina composta Opallis (FGM, Joinville/SC, Brasil), cor A1- esmalte, os quais foram divididos em três grupos, compostos por 15 amostras cada. O grupo 1 (controle) não recebeu proteção superficial com Oxiblock, sendo polimerizado por 40s em cada terço do corpo-de-prova, o grupo 2 (experimental) recebeu proteção superficial após 20s de polimerização e após a aplicação do Oxiblock recebeu polimerização final por mais 20s em cada terço do corpo-de-prova e o grupo 3 (experimental) recebeu proteção superficial antes da polimerização por 40s em cada terço do corpo-de-prova. Após a polimerização e lavagem, as amostras foram imersas em uma solução corante de café trocada diariamente por 15 dias e armazenadas em estufa a uma temperatura de 37°C. Após a armazenagem foram submetidos à leitura no espectrofotômetro Ultrospec 2000 (GE Healthcare, Pharmacia Biotech, São Paulo/SP, Brasil). Os valores obtidos foram avaliados pelo Teste de Kruskal Wallis e Teste de Miller para as comparações individuais. O tratamento estatístico dos resultados apontou que o gel de proteção Oxiblock foi efetivo em reduzir o manchamento quando aplicado antes da polimerização da resina.

Descritores: resinas compostas; estética dentária; oxigênio


ABSTRACT

The aim of this study was to evaluate the one composite resin staining polymerized after the superficial oxygen inhibition using the Oxiblock (FGM, Joinville/SC, Brazil). 45 specimens were confectioned with the Opallis resin (FGM, Joinville/SC, Brazil), A1 for enamel, which had been divided in three groups with 15 samples each. Group 1 (control): did not receive any superficial protection, and was polymerized for 40s in each one of the three regions of the sample, group 2 (experimental): before superficial protection be applied was polymerized for 20s and after the Oxiblock application received final polymerization for more 20s in each one of the three regions and group 3 (experimental): received superficial protection before the polymerization for 40s in each one of the three regions. After the polymerization and the gel rinsed, the samples were immersed in a dye solution of coffee by 15 days and stored in a temperature of 37°C. After the storage time spectrophotometric measurements were carried out (Ultrospec 2000 - GE Healthcare, Pharmacia Biotech, São Paulo/SP, Brazil). The statistical treatment of the results (Kruskal Wallis and Miller Tests) pointed that the use of the gel coat Oxiblock was effective in reducing the staining when applied before the polymerization of the composite resin.

Descriptors: composite resins; oxygen; pigmentation


 

 

RELEVÂNCIA CLÍNICA

O presente trabalho propõe uma técnica simples, rápida e de baixo custo que pode aumentar a longevidade das restaurações de resina quanto ao manchamento por solução de café.

 

INTRODUÇÃO

Graças às melhorias nas suas propriedades físico-mecânicas, as resinas compostas alcançam lugar de destaque no momento do plano de tratamento restaurador, ocupando o papel de material de eleição em restaurações diretas1.

Matrizes orgânicas com superioridade química (TEG-DMA), melhorias nas propriedades de manipulação (fotoativação), o uso de partículas de carga mais macias e menores (micropartículas e híbridas) vieram a estabilizar as resinas compostas como material restaurador estético. Além disso, resinas modernas possuem lisura superficial e resistência ao desgaste próximo às do esmalte e dureza e resiliência comparáveis às da dentina, sendo indicadas para dentes anteriores e posteriores com comprovado sucesso clínico2.

As características como brilho, translucidez, fluorescência e opalescência, variedade de cores e alto poder de polimento das resinas, conferem a estes materiais extrema semelhança com a estrutura dentária, porém o desconhecimento da escolha da resina, da técnica utilizada durante sua inserção, da fotoativação e dos procedimentos finais de acabamento e polimento, podem prejudicar as qualidades do material. Vários fatores podem levar ao fracasso do tratamento, reduzindo sua longevidade e favorecendo o manchamento da restauração3.

O manchamento superficial da resina composta, que também reflete a qualidade de polimerização e lisura superficial, pode ocorrer pela penetração de corantes dos alimentos, como por exemplo, a solução de café, que é considerado um dos meios de imersão mais eficientes para análise do manchamento, e o mais usado nos experimentos desse tipo4.

Estudos apresentados na literatura valorizam a utilização da solução de café, pois além de ser uma bebida consumida com alta frequência no cotidiano das pessoas4 possui grande capacidade de pigmentação provocando significante alteração de cor nos corpos-de-prova estudados5,6,7,8.

Um aspecto relevante na prevenção do manchamento das resinas compostas é a característica superficial do material. A literatura específica mostra que os procedimentos e materiais usados para o acabamento e polimento das resinas interferem na intensidade de seu manchamento, já que provocam alterações em sua superfície3.

Dentre os fatores que interferem na qualidade final das resinas está a eficiência da sua polimerização, ou seja, a porcentagem de conversão dos monômeros em polímeros e a estrutura dos polímeros formados8,9,10.

Em vista disso, a manutenção dos equipamentos fotopolimerizadores, o controle da intensidade de luz emitida e a duração da exposição à luz, considerando o tipo de resina composta utilizada, afetam o sucesso da restauração11.

A influência da intensidade de luz (mW/cm²) dos fotopolimerizadores sobre a resistência ao manchamento da resina Herculite XRV A1 para esmalte foi analisada4. Neste estudo foram confeccionados corpos-de-prova que foram polimerizados pelos aparelhos Heliomat II, Optilux e Curing Light XL 1500, que apresentavam as intensidades de 100, 750 e 600 mW/cm2, respectivamente. Os corpos-de-prova ficaram imersos 15 dias em água, coca-cola, café e chá e então foram avaliados em espectrofotômetro. Os resultados mostraram que o café e o chá possuem maior potencial de pigmentação e a intensidade de luz influencia no manchamento da resina composta4,12.

Além da fonte de energia, fatores extrínsecos como a presença de oxigênio na superfície da resina, podem inibir a polimerização total da camada superficial. Clinicamente, este aspecto permite a realização da técnica incremental, pois a inibição da camada superficial da resina pelo oxigênio mantém monômeros aptos a se ligarem aos monômeros da próxima camada inserida, funcionando como uma interface de união entre um incremento polimerizado e outro12. Porém, esse fenômeno na última camada da restauração influencia negativamente a resistência ao manchamento do material13,14.

Alguns profissionais e até mesmo fabricantes de resinas compostas vêm sugerindo técnicas para isolar a última camada do oxigênio, com o objetivo de melhorar a polimerização. Entretanto, a literatura é escassa em demonstrar a eficiência desse procedimento na resistência ao manchamento.

Um estudo realizado em 2006 por Rodrigues8 analisou a influência de diferentes fontes de luz e suas respectivas técnicas de polimerização nas resinas compostas com e sem a utilização do gel de proteção superficial ao oxigênio Oxiblock (FGM, Joinville/SC, Brasil), por meio do manchamento verificado por espectrofotometria. Os resultados apontaram que a utilização do gel de proteção ao oxigênio não demonstrou ser efetivo quanto ao manchamento, já as diferentes fontes de luz utilizadas para a fotopolimerização revelaram diferença significativa em favor da fotopolimerização realizada por meio do aparelho de luz halógena Degulux Soft-Start/Degussa Hulls.

Diante da falta de dados na literatura e do amplo benefício que o procedimento simples e de baixo custo pode trazer para os profissionais e seus pacientes, o objetivo neste trabalho foi verificar a hipótese de que a ausência do contato do oxigênio com a resina durante a polimerização contribui para um melhor desempenho das restaurações de resina composta frente ao manchamento.

 

 

 

MATERIAIS E MÉTODOS

Os materiais utilizados foram:

• 8 resinas compostas micro-híbridas Opallis cor A1 para esmalte (FGM, Joinville/SC, Brasil);
• 1 gel bloqueador de oxigênio Oxiblock (FGM, Joinville/SC, Brasil);
• 1 matriz retangular de plástico;
• 1 pacote de café – 500g (RADAR, Bauru/SP, Brasil);
• tiras de poliéster;
• 1 placa de vidro;
• 1 espátula nº1 de inserção de aço inoxidável (Duflex,SSWhite, Brasil);
• 1 pincel nº 0;
• 1 aparelho fotopolimerizador Degulux Soft Start (Degussa-Hülls, Hanau, Germany);
• 1 aparelho radiômetro (Spring Health – Gnatus);
• 1 balança Analítica (HANGPING, Ohaus Corporation, USA);
• 1 aparelho espectrofotômetro Ultrospec 2000 (GE Healthcare, Pharmacia Biotech, São Paulo/SP, Brasil).

Foram confeccionados 45 corpos-de-prova com a resina composta micro-híbrida Opallis (FGM, Joinville/SC, Brasil), cor A1 para esmalte (Figura 1), com o uso de uma matriz retangular de plástico, criada a partir de uma aleta protetora de filmes periapicais, de dimensões internas: 1 cm de largura, 1 mm de espessura e 2,5 cm de altura (Figura 2).

A matriz foi posicionada sobre uma placa de vidro e uma tira de poliéster e a resina composta foi inserida no seu interior com uma espátula nº1 de inserção de aço inoxidável (Duflex, SSWhite, Brasil) em mais de um incremento. A fotoativação foi realizada de acordo com cada grupo experimental (Figura 3). O gel bloqueador de oxigênio Oxiblock (FGM, Joinville/SC, Brasil) foi aplicado em fina camada de 1 mm de espessura, conforme orientação do fabricante, com um pincel nº 0 sobre todo o corpo-de-prova (Figura 4).

O aparelho fotopolimerizador utilizado foi o Degulux Soft Start (Degussa-Hülls, Hanau, Germany); que teve sua densidade de potência (1000 mW/ cm2) aferida imediatamente antes da confecção de cada grupo de corpos-de-prova, através de um radiômetro (Spring Health – Gnatus). A ponteira do fotopolimerizador foi posicionada em cada terço do corpo-de-prova, para que a polimerização fosse homogênea em toda sua extensão (Figura 5) e a distância entre a ponta ativa do aparelho e o corpo-de-prova, foi de 2 mm, tanto no grupo experimental como no grupo controle, sendo que no grupo experimental ficava a 1 mm de distância do gel, portanto, não ocorria contato direto entre os mesmos.

Imediatamente após a polimerização, as amostras foram lavadas em água corrente para a remoção do gel hidrossolúvel e imersas na solução de café (na proporção de 30 gramas de pó de café - RADAR, Bauru/SP, Brasil) medidos em Balança Analítica (HANGPING, Ohaus Corporation, USA) numa escala de 4 casas, com margem de erro de 0,1, para 300 ml de água destilada. A solução de café foi feita e trocada todos os dias e as amostras ficaram armazenadas por 15 dias a temperatura de 37ºC.

Após 15 dias, os corpos-de-prova foram retirados do meio de imersão, lavados com água corrente e secos. A análise de cor foi feita utilizando o espectrofotômetro Ultrospec 2000 (GE Healthcare, Pharmacia Biotech, São Paulo/SP, Brasil), aparelho que faz passar um feixe de luz monocromática através de uma solução, e mede a quantidade de luz que foi absorvida por essa solução, com comprimento de onda de 460 nm em absorvência ou densidade ótica (D.O.).

Cada amostra de resina composta foi então posicionada na pipeta do espectrofotômetro, que explica a finalidade do formato e das dimensões dos corpos-de-prova, proporcionando uma adaptação justa no interior da cubeta retangular do espectrofotômetro. Essa preocupação ocorre, pois, qualquer inclinação ou rotação do corpo-de-prova no momento da leitura poderia interferir no resultado, já que esse se dá pela incidência de um feixe luminoso, que deve estar perpendicular a superfície13.

Foram realizadas três leituras em cada corpo-de-prova, sendo os valores obtidos em densidade ótica (D.O.), que corresponde à propriedade de um corpo de não deixar passar luz, ou seja, absorvê- la. Foram extraídas as médias dessas três leituras resultando um valor representativo para cada corpo-de-prova individualmente, totalizando 15 médias (valores) para cada grupo estudado. Nesse trabalho, valores mais altos de D.O. significam corpos-de-prova mais escuros, ou seja, que absorveram mais o corante usado no teste de manchamento. Após a análise espectrofotométrica, os resultados obtidos foram submetidos à análise estatística.

 

RESULTADOS

As médias de manchamento obtidas para cada grupo foram submetidas ao Teste estatístico não paramétrico de Kruskal Wallis e ao Teste de Miller para as comparações individuais (Tabela 1), a fim de se detectar entre quais grupos encontrava-se a diferença estatística.

Foi utilizado um teste não paramétrico, pois os resultados do trabalho não apresentaram distribuição normal e homogênea (foi feito um teste de aderência à curva normal e também o teste de Homogeneidade de Cochran com os dados do trabalho).

De acordo com os dados estatísticos, as médias de manchamento dos grupos estudados foram:

• Grupo 1 (Sem Oxib.) > Grupo 3 (Oxib. /Polim.);
• Grupo 2 (Polim. / Oxib. / Polim.) > Grupo 3 (Oxib. /Polim.);
• Grupo 1 (Sem Oxib.) = Grupo 2 (Polim. / Oxib. / Polim.).

As diferenças encontradas entre o GRUPO 1 X GRUPO 3 e entre o GRUPO 2 X GRUPO 3 foram estatisticamente significantes. Já, aquelas entre o GRUPO 1 X GRUPO 2 foram estatisticamente insignificantes, ou seja, os valores podem ser considerados similares. Portanto, por meio desses testes, verificou-se que:

• Não houve diferença significativa quando se comparou a técnica em que não se aplicou o protetor superficial de oxigênio (Grupo 1 - controle) com a técnica em que se realizou polimerização parcial previamente a aplicação do protetor e polimerização final após a aplicação do protetor (Grupo 2), resultando num teor de manchamento similar.
• Houve diferença significativa em favor da técnica de aplicação do protetor superficial de oxigênio previamenteà polimerização (Grupo 3) quando comparada à técnica sem aplicação do protetor (Grupo 1), resultando num maior manchamento no Grupo 1.
• Houve diferença significativa em favor da técnica de aplicação do protetor superficial de oxigênio previamente à polimerização (Grupo 3) quando comparada à técnica em que se realizou polimerização parcial previamente a aplicação do protetor e polimerização final após a aplicação do protetor (Grupo 2), resultando num maior manchamento no Grupo 2.

 

DISCUSSÃO

Ao se comparar os resultados deste estudo com a literatura3,4,5,6,7,8, observa-se que realmente o café possui grande capacidade de pigmentação, independentemente da utilização de proteção superficial ou não, uma vez que dos 45 corpos-de-prova estudados todos apresentaram algum grau de manchamento na leitura realizada no espectrofotômetro.

Sabendo-se que a deficiência na polimerização das resinas compostas, que acarreta uma maior sorção de água e um aumento na porosidade da resina4,8,12, reflete de forma marcante na resistência ao manchamento das restaurações, vários estudos6,8,13, têm sido desenvolvidos para avaliar se a utilização de revestimentos ou protetores superficiaisé efetiva em isolar a última camada de resina do oxigênio do ambiente, com o objetivo que essa seja mais completa polimerizada, melhorando suas propriedades físico-mecânicas, entre elas, a resistência ao manchamento.

Alguns autores6,8,13 e também fabricantes de resinas compostas sugerem materiais e técnicas para a realização do isolamento do oxigênio ambiente sobre a restauração de resina.

O material utilizado para realizar a proteção superficial de oxigênio no estudo - Oxiblock (FGM, Estados Unidos) - é um gel de baixa viscosidade, incolor e translúcido. Contém glicerina, água deionizada, espessante e fluoreto de sódio neutro em sua formulação.

Rodrigues (2006)8, quando avaliou a utilização do Oxiblock empregado de acordo com as recomendações do fabricante (polimerização parcial, Oxiblock, polimerização final) verificou que o gel não foi efetivo para evitar o manchamento por café.

Um dos grupos testados neste estudo também usou Oxiblock da mesma forma e os resultados foram similares aos de Rodrigues (2006)8, ou seja, aplicado dessa forma, Oxiblock não foi efetivo em prevenir manchamento, tendo índices semelhantes ao grupo sem qualquer proteção.

Porém, o gel protetor de oxigênio foi efetivo em reduzir o manchamento quando aplicado na superfície da resina composta antes de qualquer polimerização, diferentemente do que recomenda o fabricante.

Uma possível explicação para esses resultados é que ao se empregar o gel após uma polimerização inicial, apesar de permanecerem monômeros superfi ciais não polimerizados, a estrutura da matriz polimérica já está formada e a segunda fotoativação só terminará de formar a matriz já estruturada. Já quando a polimerização é iniciada sem a presença do oxigênio, forma uma superfície menos suscetível ao manchamento6,8.

Esses resultados permitem que essa técnica seja empregada de forma mais precisa, com relação ao momento de se isolar a resina com o bloqueador, e de forma mais previsível. Além disso, traz subsídios para uma maior compreensão do comportamento desse material.

 

CONCLUSÃO

Com base nos resultados encontrados pode ser concluído que:

• A aplicação do gel bloqueador de oxigênio (Oxiblock) como o fabricante preconiza, ou seja, após 20 segundos de polimerização, demonstrou não ser efetiva em aumentar a resistência ao manchamento por café dos corpos-de-prova de resina composta.
• A aplicação do gel bloqueador de oxigênio (Oxiblock) seguindo a técnica proposta pelo presente estudo, ou seja, antes de qualquer polimerização, demonstrou ser efetiva em aumentar a resistência ao manchamento por café dos corpos-de-prova de resina composta.
• O gel bloqueador de oxigênio (Oxiblock) foi efetivo em reduzir o manchamento por café de resinas compostas, porém os resultados são dependentes da técnica empregada.

 

APLICAÇÃO CLÍNICA

A estética ocupa atualmente posição de destaque na Odontologia, sendo de fundamental importância para a integração do indivíduo com a sociedade. As resinas compostas são consideradas o material de eleição quando a estética é primordial, principalmente nas restaurações que envolvem os dentes anteriores. Entretanto, ainda possuem propriedades indesejáveis que interferem em seu comportamento clínico, comprometendo a estética e a vida útil das restaurações. Uma dessas alterações é o manchamento superficial que o material pode sofrer, devido à sorção de água, pigmentando-se por alimentos, como o café, chá e vinho tinto. Dessa forma, inúmeros trabalhos estão sendo realizados a fim de desenvolver uma técnica efetiva para minimizar o manchamento dos compósitos. Dentro deste contexto, o presente estudo propõe a utilização de um bloqueador de oxigênio, que propicie uma melhor polimerização do material, contribuindo para a diminuição do seu manchamento, aumentando dessa forma, a longevidade das restaurações de resina composta. Além disso, a proposta apresentada é de uma técnica simples, rápida e de baixo custo, podendo ser empregada na clínica diária.

Termo de consentimento livre e esclarecido assinado pelo paciente e enviado à Revista

 

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Autor para correspondência:
Lilian Souza Kretter de Camargo
Rua Hildebrando de Carvalho, 5-44 – Jd. Bela Vista
17060-480
– Bauru – SP – Brasil
e-mail: li_skretter@yahoo.com.br

Recebido em: mai/2012
Aprovado em: mai/2012