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Revista da Associacao Paulista de Cirurgioes Dentistas

versão impressa ISSN 0004-5276

Rev. Assoc. Paul. Cir. Dent. vol.68 no.2 Sao Paulo Abr./Jun. 2014

 

 

Riscos para a Saúde Bucal nos adolescentes

 

Risks to Oral Health in adolescents

 

Sérgio Spezzia I; Patricia Octavio de Oliveira II; Ligia Coutinho Porto III; Rosa Maria Eid Weiler IV

I Cirurgião-Dentista e aluno do curso de especialização em Adolescência para Equipe Multidisciplinar da Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp)
II Cirurgiã- Dentista e aluna do curso de especialização em Adolescência para Equipe Multidisciplinar da EPM/ Unifesp
III Cirurgiã-Dentista e aluna do curso de especialização em Adolescência para Equipe Multidisciplinar da EPM/Unifesp
IV Cirurgiã-Dentista - Mestre e Doutora em Pediatria e Ciências Aplicadas pela Unifesp

Endereço para correspondência

 

 


 

1. Que mudanças ocorrem na puberdade que podem afetar a saúde bucal?
A puberdade é uma fase de grandes mudanças, não só de mudanças físicas provocadas por grande modificação hormonal, mas também de mudanças comportamentais que fazem parte da adolescência. Nesta fase é comum a irregularidade tanto da alimentação, com aumento de lanches e ingestão de alimentos fora de casa, como da higiene bucal, que se torna menos efetiva. Essas modificações comportamentais associadas a alterações gengivais, provocadas pelas modificações hormonais, podem aumentar o risco de cáries e doenças gengivais.

2. Por que a erosão dentária aparece como um dos problemas bastante comuns nos adolescentes?
A erosão dentária é a perda progressiva do tecido mineralizado do dente por ação direta de substâncias químicas sobre o dente, sem participação de bactérias. Ela pode estar relacionada a elementos da dieta, como: consumo de frutas e suco de frutas ácidas, bem como de bebidas gasosas e bebidas isotônicas, ou até mesmo, ocorre devido a vômitos, em casos de bulimia, ou refluxo. Para os adolescentes, o aumento da erosão dental geralmente está relacionado ao consumo excessivo de bebidas gasosas e isotônicas.

3. Como o piercing coloca em risco a saúde bucal?
Existe uma grande falta de conhecimento a respeito dos riscos que tem o uso dos piercings de forma geral. As complicações locais dos piercings orais incluem: hemorragia, inflamação local, aumento do fluxo salivar, reação alérgica ao metal do piercing e trauma ao osso e dentes adjacentes, resultando em reabsorção e fraturas, respectivamente. Além disso, o piercing oral tem sido identificado como vetor na transmissão de vírus, tais como: HIV, hepatite (B, C, D e G), herpes simples, entre outros.

4. O que se pode fazer para se prevenir as maloclusões dentárias?
As maloclusões tem origem genética associada a fatores ambientais. Os fatores ambientais que podem levar ao estabelecimento de maloclusões são: não comer alimentos fibrosos e duros, já que são eles que estimulam o crescimento ósseo da arcada; roer unhas;morder canetas ou lápis; respirar pela boca, além de outros hábitos bucais nocivos.

5. Quais seriam, então, os cuidados importantes para obter e manter a saúde bucal na adolescência??
Procurar manter uma alimentação equilibrada, não só em relação à qualidade como em relação à quantidade, já que a obesidade tem aumentado muito na infância e adolescência e com isso têm aumentado também doenças crônicas decorrentes dela como diabetes, hipertensão, e outras. Incluir na dieta alimentos fibrosos para estimular o crescimento das arcadas dentárias e a tonicidade dos músculos da face. Realizar uma higiene oral mais efetiva, já que a presença de alguns hormônios sexuais aumentam a resposta inflamatória da gengiva. Evitar tomar bebidas gasosas, ácidas e isotônicas em excesso. A educação em saúde para os adolescentes é muito importante, e sabe-se que há nessa fase bastante receptividade. As orientações educacionais devem ser colocadas, mostrando respeito para com e salientando o exercício da responsabilidade que devem ter pela própria saúde. Dessa forma, podemos gerar adultos com hábitos saudáveis.

 

 

 

Referências:

Antoszewski B, Sitek A, Fijalkowska M, Kasielska A, Kruk-Jeromin J. Tattoing and Body Piercing-What Motivates You to do it? Int J Soc Psychiatry 2010; 56(5):471-9.         [ Links ]

Braga MM, Coutinho L, Weiler RME. Consulta Odontológica do Adolescente - Aspectos a Destacar. In: Odontopediatria para Pediatras. 1a. ed. São Paulo: Atheneu, 2013, v.1, p. 137-49.

Coutinho L, Feldens C, Takaoka LAMV, Weiler RME. Saúde Bucal da Criança e Adolescente. In: Puericultura. Conquista da Saúde da Criança e do Adolescente. 1a. ed. São Paulo: Atheneu, 2013, v.1, p. 359-95.

Gandara BK, Truelove EL. Diagnosis and Management of Dental Erosion. J Contemp Dent Pract 1999; 1:1-17. Stirn A. Body Piercing: Medical Consequences and Psychological Motivations. Lancet 2003; 361(9364):1205-15.

 

Endereço para correspondência:
Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente (CAAA)
Escola Paulista de Medicina
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
Rua Botucatu, 715 – Vila Clementino - São Paulo/ SP
04023-062 - Brasil

e-mail:
sergiospezzia@hotmail.com

Recebido: jun/2013
Aceito: abr/2014