SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.69 número4 índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Revista da Associacao Paulista de Cirurgioes Dentistas

versão impressa ISSN 0004-5276

Rev. Assoc. Paul. Cir. Dent. vol.69 no.4 Sao Paulo Out./Dez. 2015

 

Autor convidado

 

Alfabetização em saúde bucal: uma revisão da literatura

 

Oral health literacy: a literature review

 

 

Andréa Maria Eleutério de Barros Lima MartinsI; Eliete Rodrigues de AlmeidaII; Carolina de Castro OliveiraIII; Rodrigo Caldeira Nunes OliveiraIV; José Eduardo P. PelinoV; Aline Soares Figueiredo SantosVI; Amanda Santos CostaVII; Glaciele Maria de SouzaVIII; Bruna Talita Pereira BatistaIX; Efigênia Ferreira e FerreiraX

 

I Doutora em Saúde Pública/Epidemiologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) - Professora da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) - MG
II Doutora em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (USP) - Professora da Universidade Cruzeiro do Sul - SP
III Doutora em Odontologia pela Universidade Cruzeiro do Sul - Professora da Unimontes - MG
IV Doutor em Odontologia pela Universidade Cruzeiro do Sul - Professor da Unimontes - MG
V PhD em Odontologia Restauradora pela Fousp e University of California (UCSF) - Professor em Dentistica pela FMU
VI Mestre e doutoranda em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Montes Claros - Professora da Unimontes - MG
VII Acadêmica do curso de Odontologia da Unimontes - MG

VIII Acadêmica do curso de Odontologia da Unimontes – MG
IX Acadêmica do curso de Odontologia da Unimontes - MG
X Doutora em Ciência Animal pela UFMG - Professora do Departamento de Odontologia Social e Preventiva da UFMG - MG

Endereço para correspondência

 

 


 

RESUMO

A necessidade da construção do conhecimento sobre alfabetização em saúde se deve ao fato de as pessoas ainda terem dúvidas e dificuldades para tomar decisões relacionadas à sua saúde. O objetivo deste estudo foi revisar o tema alfabetização em saúde, identificando os principais modelos teóricos que o norteiam, as diferenças/aproximações entre educação para a saúde e alfabetização em saúde, bem como os grupos de pessoas vulneráveis à baixa alfabetização em saúde. Avaliou-se, ainda, essa alfabetização no âmbito da Odontologia. Foram acessadas as bases de dados Scielo/BVS/Lilacs/PubMed em português e em inglês, independente do ano de publicação, utilizando as palavras-chave "Alfabetização em saúde", "Promoção da saúde", "Educação em saúde bucal" e "Alfabetização em saúde bucal". Identificaram-se traduções para o português do Brasil e definições e/ou conceitos do termo "health literacy". Foi constatada a interferência da relação profissional da saúde/paciente na eficácia dessa alfabetização, a existência de instrumentos para a sua mensuração (sendo um deles específico para a Odontologia). Entre os modelos teóricos, destacou-se o de Sorensen et al. (2012), o qual propõe que a alfabetização em saúde refere-se aos conhecimentos, à motivação e à competência das pessoas para acessar, compreender, avaliar e aplicar informações relacionadas à saúde. Distinguiram-se como grupos vulneráveis à baixa alfabetização em saúde as crianças, adolescentes, idosos, pessoas com necessidades especiais, minorias étnicas e os desfavorecidos. No âmbito da Odontologia, constatou-se associação da autopercepção da saúde bucal com a alfabetização em saúde bucal. A informação é essencial para o crescimento e desenvolvimento das pessoas, sendo evidente a importância da alfabetização em saúde para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e dos indicadores de saúde bucal.

Descritores: alfabetização em saúde; epidemiologia; promoção da saúde; educação em saúde; alfabetização em saúde bucal


 

ABSTRACT

The need for building knowledge on health literacy is justified by the fact that people still have doubts and difficulties to make decisions related to their own health. This study aimed to review the health literacy, identifying its principal theoretical models that guide the differences/ similarities between health education and health literacy, as well as to identify vulnerable groups of people with low health literacy. The health literacy in Dentistry was also evaluated. The Scielo / BVS / Lilacs / PubMed in Portuguese and English databases were accessed, regardless of the year of publication, using "Health literacy", "Health promotion", "Oral health education" and "Oral health literacy" keywords. Translations for Brazilian Portuguese language, and definitions and/or concepts of the term "health literacy" were identified. Interference of the relationship doctor/patient in the effectiveness of literacy, the existence of tools for its measurement (one specific for Dentistry) were found. The theoretical model proposed by Sorensen et al. (2012) presented health literacy referred to the knowledge, motivation and competence of people to access, understand, evaluate and apply information related to health. Children, adolescents, elderly, people with special mental needs, ethnic minorities and disadvantaged were reported as the vulnerable groups related to low health literacy. Association of oral health self-perception with oral health literacy was also found. Information is essential for growth and development of people, and the importance of health literacy is clear to improve the quality of life and oral health indicators.

Descriptors: health Literacy; epidemiology; health promotion; oral health education; oral health literacy


 

 

INTRODUÇÃO

As sociedades estão mais complexas e com isso a população é passivamente bombardeada com informações sobre a saúde. A falta de análise crítica no processamento dessas informações pode originar comportamentos inadequados referentes à saúde, aumento dos índices de internações, diminuição da autogestão e uma piora na qualidade de vida. Em meio à necessidade de aumentar o empoderamento ou "empowerment" das pessoas em relação ao seu cuidado em saúde, vê-se a necessidade da "health literacy" na vida das pessoas.1 O termo "health literacy" tem sido traduzido como "alfabetização em saúde". Porém, a alfabetização em saúde vai além da simples compreensão de informações relacionadas à saúde, na medida em que ela envolve a compreensão e a ação sobre as questões de saúde.2 Tal processo não está apenas no controle da população leiga, mas depende de ações dos profissionais de saúde, assim como das políticas adotadas, já que o incremento da "alfabetização em saúde" deve ser feito no nível pessoal e no nível comunitário.3 A alfabetização em saúde bucal pode ser distinta da alfabetização em saúde e pode ter efeito independente sobre os desfechos de saúde bucal.4 O termo alfabetização em saúde bucal é relativamente novo e assume um conceito crítico que propõe esforços para diminuir as disparidades nos níveis de saúde bucal, especialmente entre aqueles como maior risco de doenças ou agravos bucais.5

Nesse sentido, a Federação Dentária Internacional (FDI) considerou esse tema na elaboração de um documento que propõe um novo modelo de atenção à saúde bucal para o enfrentamento dos desafios a serem superados, até o ano de 2020. A FDI e os seus parceiros iniciaram um processo contínuo de consulta ampla e reflexiva, em que se elencaram as prioridades válidas em vários contextos, países e regiões, visando de forma inspiradora o desbravamento de caminhos para um novo modelo de atenção à saúde bucal. O documento elaborado propõe que o caminho a seguir é considerar a saúde bucal em todas as políticas e que a melhoria da alfabetização em saúde bucal da população é um dos desafios a serem abordados para responder à crescente necessidade e procura por assistência odontológica.6

Em 2010, nos EUA, foram avaliados o conhecimento, a compreensão e as práticas relacionadas à prevenção e controle da cárie dentária entre grávidas, pais e/ou cuidadores de crianças em comunidades de baixa renda de Maryland. Constatou-se que a maioria tinha compreensão limitada e desinformação sobre o assunto, recomendaram-se intervenções educativas, em função dos limitados níveis de educação em saúde bucal.7 A educação em saúde, com o intuito de melhorar os indicadores de saúde, pode ser ineficaz em algumas situações, se não for considerado de forma ampliada. Não obstante, sabe-se que, quando as ações educativas são embasadas na pedagogia problematizadora elas promovem a emancipação dos sujeitos e da coletividade, através do empoderamento e conscientização crítica.8,9 Constata-se, assim, a necessidade de que as pessoas criem autonomia e empoderamento sobre a sua saúde, melhorando-a a partir de tomada de decisões do dia a dia. A alfabetização em saúde aparece como uma opção eficaz na melhora dos indicadores de saúde, na medida em que ela diz respeito ao conhecimento e competências de pessoas para atender às demandas complexas da saúde na sociedade moderna.2 Torna-se fundamental ampliar o conhecimento e discussão sobre esse tema, para que indivíduos e comunidades possam se beneficiar de estratégias baseadas na alfabetização em saúde bucal.

Nesse contexto, objetivou-se realizar essa revisão de literatura, a partir do acesso às bases de dados Scielo, BVS, Lilacs e PubMed, considerando artigos em português e em inglês, independentemente do ano de publicação e utilizando as palavraschave "Alfabetização em saúde"; "Promoção da saúde"; "Educação em saúde bucal"; "Alfabetização em saúde bucal", com o intuito de revisar o tema alfabetização em saúde; identificar os principais modelos teóricos que norteiam esse tema; discutir as diferenças entre educação para a saúde e alfabetização em saúde; evidenciar os grupos de pessoas vulneráveis à baixa alfabetização em saúde e ainda avaliar a alfabetização em saúde no âmbito da Odontologia.

ALFABETIZAÇÃO EM SAÚDE

A alfabetização em saúde foi introduzida na década de 70, adquirindo importância crescente, tanto nos cuidados de saúde, quanto na saúde pública.4 Ela diz respeito à preocupação das pessoas em atender às demandas complexas da sociedade moderna.2 O termo "healthy literacy" tem sido traduzido para o português do Brasil de diferentes formas, dentre elas: "alfabetização em saúde" 10,11, "letramento em saúde"12, "letramento funcional em saúde" 13 e "literácia em saúde"3,12. Observam-se diferenças na compreensão desses termos, alguns autores não consideram aplicação das informações relacionadas à saúde, no contexto da alfabetização em saúde13,14, enquanto outros consideram 1,2,15,16,17,18,19. A alfabetização em saúde demanda a interação entre profissionais de saúde e pacientes14, pois se refere a um nível de habilidades de inteligência e comunicação que os pacientes devem ter ao tomarem decisões informadas sobre o que é melhor para eles, no que diz respeito à sua saúde.

A baixa alfabetização em saúde afeta a comunicação profissional- paciente, dificultando a tomada de decisão partilhada, que é determinante da satisfação, da adesão e, consequentemente, dos resultados alcançados com a abordagem/tratamento de um problema relacionado à saúde. Quando o paciente é capaz de compreender a extensão das opções de tratamentos e suas consequências, ele tende a preferir a decisão partilhada. O grande desafio é que a maioria dos profissionais de saúde possuem problemas em identificar a baixa alfabetização em saúde de seus pacientes, enfrentando dificuldades em adequarem a linguagem aos mesmos e também em compreenderem o relato dos sintomas por parte desses pacientes.12,14 Quando comparados com aqueles que possuem nível adequado de alfabetização em saúde, os pacientes que têm baixo nível de alfabetização em saúde relatam que os profissionais usam muitas palavras incompreensíveis, falam muito rápido, não fornecem informações suficientes quanto ao seu estado de saúde, além de não se certificarem se eles compreenderam o seu problema de saúde.

Nesse sentido, a baixa alfabetização em saúde tem se mostrado como um desafio para as pessoas exercerem controle sobre a sua saúde, indicando que elas necessitam de informação, conhecimento e compreensão para que tenham confiança e vontade de manter o controle sobre si mesmas. As habilidades de leitura, o reconhecimento de palavras e o conhecimento conceitual influenciam na capacidade da pessoa em tomar boas decisões em relação à saúde. A comunicação eficaz é extremamente relevante para a tomada de decisões, sendo, portanto, fundamental que o paciente mantenha uma comunicação clara com o profissional da saúde.20 Conhecer o nível de alfabetização em saúde dos pacientes é tão importante quanto o vocabulário e as habilidades dos profissionais de saúde.13 Por isso, foram construídos instrumentos para mensurar a alfabetização em saúde.4,21-24

Alguns instrumentos utilizados para medir a "alfabetização em saúde" ainda são questionados, pois não são capazes de realizar tal mensuração, na medida em que avaliam apenas o conhecimento de termos próprios da área da saúde. Entretanto, se analisarmos o complexo construto "alfabetização em saúde" será constatado que ele perpassa por conhecimentos sociais, sendo necessário o uso de materiais e técnicas de pesquisa que abranjam essa área.13 Algumas competências como a escrita, a habilidade para contar, falar, ouvir e compreender o sistema de saúde são consideradas áreas focais em quaisquer ferramentas de alfabetização de saúde. 2,15,16 A inclusão dos cálculos matemáticos na avaliação da alfabetização em saúde tem sido impulsionada por alegações de que altas porcentagens da população não dispõem de competências quantitativas para entender datas, calendário, dosagens dos medicamentos e informações financeiras associadas aos cuidados de saúde.25 Tais conceitos são fundamentais para a promoção da responsabilidade individual de cuidados de saúde e autogestão.26 Enfim, a alfabetização em saúde refere-se ao acesso, compreensão, avaliação e aplicação de informações relacionadas à saúde e não simplesmente ao conhecimento relacionado à saúde.2

Dentre os instrumentos desenvolvidos destaca-se o REALD-30- "Rapid Estimate of Adult Literacy in Dentistry" que é um instrumento específico para avaliar o nível de alfabetização dos adultos em relação saúde bucal, através do reconhecimento de palavras relacionadas à etiologia, anatomia, prevenção e tratamento de doenças bucais.4 A versão brasileira do REALD-30, denominado BREALD-30- "Brazilian version of the Rapid Estimate of Adult Literacy in Dentistry", pode ser utilizada para o rastreio das pessoas com baixos níveis de alfabetização em saúde bucal, permitindo assim que os profissionais da Odontologia possam ajustar suas estratégias de comunicação para cada paciente.27

PRINCIPAIS MODELOS TEÓRICOS QUE NORTEIAM A ALFABETIZAÇÃO EM SAÚDE

Para melhorar a saúde das pessoas é necessário dar atenção às causas integrais, como fatores socioeconômicos, de habitação, de nutrição e de higiene pessoal e social, ou seja, há relação entre o modelo social de saúde e a alfabetização em saúde 28. Ao se considerar uma análise conceitual do que foi produzido sobre alfabetização em saúde, surgiu um modelo teórico que engloba de forma sistematizada os seguintes atributos da alfabetização em saúde: capacidade, compreensão e comunicação. Esses atributos se encontram integrados e são precedidos por aptidões, estratégias e capacidades firmadas dentro das competências necessárias para se atingir a alfabetização em saúde 29.

Alguns modelos teóricos4,14,15,29 foram previamente citados por Sorensen et al. em 20122, a maioria dos modelos conceituais vai além dos componentes da alfabetização em saúde identificando a pessoa, os fatores que exercem influência sobre os níveis da alfabetização em saúde das pessoas e os caminhos que ligam essa alfabetização aos melhores indicadores de saúde. Sorensen et al. em 2012 propuseram um modelo teórico da "alfabetização em saúde", que reuniu todas as competências apresentadas nas definições de diversos autores e foi exposto em uma revisão sistemática da literatura. No modelo teórico foi dito que se deve considerar os conhecimentos, a motivação e a competência das pessoas para acessar, compreender, avaliar e aplicar informações relacionadas à saúde, dentro dos domínios dos serviços de saúde, da promoção de saúde e da prevenção de doença. O modelo apresenta ainda possíveis fatores associados, de forma dinâmica, à "alfabetização em saúde": uso dos serviços de saúde, custos com a saúde, comportamentos relacionados à saúde, desfechos de saúde, participação das pessoas, empowerment, equidade e manutenção.2 Esse modelo foi traduzido para o português do Brasil (Figura 1).10,11

"EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE" E "ALFABETIZAÇÃO EM SAÚDE"

A educação para a saúde e a alfabetização em saúde são ferramentas essenciais para que as pessoas desenvolvam competências para debaterem sobre sua saúde e, através do autocuidado, melhorá-la no seu dia a dia.28 São conceitos diferentes que se confundem ou não permitem o estabelecimento de fronteiras entre eles.3 Pode-se conceituar educação em saúde de distintas maneiras. Pode significar a transmissão de informações relacionadas à saúde e/ou a divulgação de medidas "corretivas" baseadas em informações científicas dos profissionais da saúde, que impõem comportamentos saudáveis. Esta é a chamada abordagem comportamental ou behaviorista.30 Essa educação tradicional ou também conhecida como pedagogia da transmissão ou de ensino bancário parte da premissa de que as ideias e conhecimentos são os pontos mais importantes da educação, o que dificulta o desenvolvimento da consciência crítica do sujeito.31 Por outro lado, a educação em saúde pode significar ainda um importante instrumento para o empoderamento de indivíduos e das coletividades. O empoderamento está relacionado com o controle do indivíduo sobre a sua própria vida e inclui a aquisição de competências individuais, a análise crítica do meio social e político, bem como o desenvolvimento de recursos coletivos por meio de ações sociais e de políticas em prol da saúde, ou seja, em defesa de melhores condições de vida e saúde das pessoas e da coletividade.28 A última abordagem está de acordo com as propostas metodológicas da pedagogia libertadora indicadas pelo educador Paulo Freire.32 Tal metodologia problematizadora defende um modelo educativo em que se estimula um desenvolvimento da consciência crítica pelo processo da análise coletiva de problemas na busca de soluções e estratégias conjuntas para a mudança da realidade. Essa pedagogia mostra a formação de um indivíduo mais crítico e questionador8, em que a educação não é um processo de adap-

 

 

 

tação do indivíduo à sociedade. Pois, o homem deve transformar a realidade. Esse modelo almeja a promoção da saúde através da conscientização crítica sobre os aspectos da realidade pessoal e coletiva. Partindo dessa perspectiva, a prática educativa objetiva o desenvolvimento da autonomia e da responsabilidade dos indivíduos no cuidado com a saúde, todavia isso não ocorre através da imposição de um saber técnico-científico detido pelo profissional de saúde, mas pelo desenvolvimento da compreensão da situação de saúde pelos indivíduos ou comunidade.30

A alfabetização em saúde, traduzida como letramento em saúde, "significa mais do que ser capaz de ler panfletos e marcar consultas com sucesso".12 Desta forma, pode-se compreender melhor a importância de se avaliar a alfabetização em saúde das pessoas, auxiliando o desenvolvimento de atividades de educação em saúde, uma vez que a alfabetização em saúde é entendida como uma ferramenta de defesa e ampliação de recursos e ganhos da autonomia, assim como do envelhecimento ativo, uma vez que o idoso alfabetizado e empoderado participa ativamente da manutenção de sua saúde33, situação que pode corroborar para a adesão ao autocuidado em saúde. Assim, a capacidade das pessoas em entender e usar informações pode variar de acordo com sua familiaridade com o contexto e o vocabulário utilizado ou com o agravo a ser tratado.27 Além disso, quando as informações em educação são repassadas às pessoas com alta alfabetização em saúde, essa contribuição mostra-se expressiva. No entanto, quando é repassada àquelas pessoas com baixa alfabetização em saúde, mostra-se pouco impactante.14 O nível educacional, entretanto, pode não refletir a capacidade de uma pessoa em obter, processar e compreender a informação básica de saúde e exercer influência sobre os resultados de saúde e tomada de decisão adequada. A alfabetização em saúde parece ser importante para determinar a capacidade das pessoas quanto à compreensão da informação básica de saúde, considerando o importante papel das competências em resultados de saúde.3,17,27 A linguagem dos textos relativos à saúde deve ser observada para melhorar a alfabetização em saúde, sendo essa, muitas vezes, de difícil compreensão para pessoas com alto nível de escolaridade. Assim, recomenda-se adotar a alfabetização em saúde como uma competência a ser trabalhada na graduação de profissionais da saúde.13 A produção de folhetos ou de qualquer outro meio de informação relacionada à saúde (rótulos de medicamentos e produtos em geral) deve levar em conta questões referentes a impressão gráfica, ao tamanho, ao tipo de letra, a cor da letra, a facilidade de leitura e ao entendimento do texto, em especial a apresentação de expressões técnicas como figuras e símbolos, desde que os mesmos sejam compreensíveis. Deveriam ser instituídas condições específicas de informações que facilitassem a verificação da dosagem de medicações entre pessoas com baixa alfabetização em saúde.34 Todas essas questões devem ser apresentadas de forma clara, avaliando-se previamente as reais dificuldades das pessoas na compreensão e aplicação das informações que se pretende repassar.35

É controversa a diferença entre alfabetização em saúde e a educação para a saúde. A educação para a saúde pode se referir ao processo de aprendizagem planejada, à atividade intencional que se deve centrar nas disposições e capacidades pessoais e grupais, à oferta de conhecimentos, com o intuito de influenciar os modos de pensar, gerando ou clarificando valores, ajudando a mudar atitudes e crenças, facilitando a aquisição de competências e auxiliando a adesão a mudanças de comportamento e/ou de estilos de vida. Já a alfabetização em saúde se refere ao fim ou desfecho dessa atividade de educação em saúde. Por outro lado, os dois termos tornam-se sinônimos, se considerarmos a educação em saúde não só como o conhecimento relacionado à saúde13,14, mas também como a aplicação desse conhecimento após sua compreensão e avaliação, tanto na proposta de Freire8, como nas propostas de estudos referentes à alfabetização em saúde.1,2,15-19Sabe-se que algumas pessoas tem mais dificuldade em acessar, compreender, avaliar e aplicar informações relacionadas à saúde, sendo elas vulneráveis à baixa alfabetização em saúde.

GRUPOS DE PESSOAS VULNERÁVEIS À BAIXA ALFABETIZAÇÃO EM SAÚDE

Existem evidências de que o alto nível de alfabetização em saúde é preditor do estado de saúde. Deve se considerar ainda questões relacionadas à idade, à renda, à condição ocupacional, ao nível de escolaridade e ao grupo étnico. Pessoas vulneráveis apresentam dificuldades na gestão de sua saúde e no entendimento de certas informações, precisam ser hospitalizadas com maior frequência, gerando maiores gastos, inclusive com os medicamentos. A adesão dessas pessoas às ações preventivas e aos regimes terapêuticos demonstra-se menor, comparando-se com pessoas com alta alfabetização em saúde.1

Alguns grupos foram identificados como mais vulneráveis à baixa alfabetização em saúde, como as minorias étnicas; os ciganos, os imigrantes recentes; as pessoas com baixos níveis de educação e/ou baixa proficiência na língua nacional, as pessoas que dependem de transferências públicas, ou seja, pessoas com baixa renda.1,12,33 As minorias étnicas, os ciganos e os migrantes são vulneráveis, pois os recursos educacionais e programas informativos sobre diversas doenças como HIV, diabetes, câncer e doença mental, muitas vezes, chegam a esse grupo de forma parcial, seja devido a barreiras econômicas e sociais, seja pela baixa proficiência na língua nativa.1 As crianças são consideradas vulneráveis quando se encontram em famílias com baixos níveis de alfabetização em saúde, pois recebem poucos cuidados preventivos.34 Os jovens encontram-se no grupo de pessoas vulneráveis porque, muitas vezes, mesmo conhecendo os hábitos de saúde adequados, contrariam pelo simples prazer de viverem as experiências no seu limite máximo.34 Os idosos são vulneráveis à baixa alfabetização em saúde em função de suas condições biológicas, assim como de sua vulnerabilidade social.1,14,34 Quando nos referimos, por exemplo, à educação em saúde direcionada a pessoas idosas, devemos usar instrumentos que nos ajudem a passar as informações relacionadas à saúde corretamente, levando em consideração os aspectos referentes à alfabetização em saúde desses idosos e à capacidade de compreensão e entendimento, de acordo com características próprias do grupo, para que com isso eles possam compreender, e, além de tudo, partilhar esse conhecimento adquirido em todos os espaços sociais que frequentam.36 Isso no que se refere não só a esse grupo social, de idosos, mas também a qualquer outro grupo. Constata-se, portanto, que as ações de educação para a saúde devem considerar os modelos teóricos da alfabetização em saúde.

É importante salientar, entretanto, que embora a baixa alfabetização em saúde seja frequente entre pessoas vulneráveis, qualquer pessoa pode ser afetada.14 Sabe-se ainda que se encontram no grupo da vulnerabilidade a baixa alfabetização em saúde os desempregados, pessoas com déficit cognitivo, auditivo e visual.14 Doentes mentais são também susceptíveis à baixa alfabetização em saúde3,20, que, nesse caso, é chamada de alfabetização em saúde mental "mental health literacy". Isso acontece porque essas pessoas tornam-se analfabetas de si mesmas e, muitas vezes, possuem dificuldade em reconhecer os sintomas das doenças e desconhecem a quem devem recorrer, no que diz respeito à sua saúde, ou seja, quais serviços e profissionais da saúde devem ser procurados.3 Sendo assim, a alfabetização em saúde destaca-se, nesse contexto, na medida em que constitui um elemento essencial para a promoção da qualidade de vida de todas as pessoas33, inclusive no âmbito da Odontologia.

ALFABETIZAÇÃO EM SAÚDE NO ÂMBITO DA ODONTOLOGIA

Estudos sobre alfabetização em saúde são encontrados na literatura3,14,20, porém investigações que abordam a alfabetização em saúde bucal são escassas. Não foi encontrada investigação que tenha considerado a alfabetização em saúde bucal como desfecho a ser investigado. Por outro lado, em estudo conduzido entre 1014 adultos do Teerã, Irã, em 2013, foi avaliada a autopercepção da saúde bucal, considerando, como principal variável explicativa desta autopercepção, o nível de alfabetização em saúde bucal. Concluiu-se que o baixo nível dessa alfabetização foi preditor da autopercepção negativa da saúde bucal, independente da educação e de outros determinantes socioeconômicos.37 Segundo o grupo de Trabalho sobre literácia funcional do Instituto Nacional de Pesquisa Dental e Craniofacial (NID-CR) em Saúde38, o progresso nos estudos odontológicos sobre alfabetização e seus efeitos sobre a saúde bucal seria difícil sem instrumentos para avaliar a alfabetização em saúde dental das pessoas. Até 2007, nenhum instrumento de avaliação estava disponível para a determinação de alfabetização em Odontologia.

Lee4 e colaboradores desenvolveram um instrumento específico para avaliar o nível de alfabetização em saúde oral através de uma análise de reconhecimento de palavras, o REALD-30 – "Rapid Estimate of Adult Literacy in Dentistry", baseado no instrumento de estimativa rápida de Alfabetização de Adultos em Medicina.21 O REALD-30 foi traduzido para o português do Brasil, adaptado e testado, com a denominação BREALD-30 – "Brazilian version of the Rapid Estimate of Adult Literacy in Dentistry".27 O BREALD-30 demonstrou propriedades psicométricas satisfatórias, podendo ser considerado um instrumento de medida da alfabetização em saúde bucal de rápida aplicação, simples e confiável, sendo recomendado para o rastreamento das pessoas com baixos níveis de alfabetização em saúde bucal. Esse instrumento pode ser usado em associação com outros indicadores para melhor avaliar o nível de alfabetização em saúde de comunidades, permitindo o desenvolvimento de abordagens educativas mais apropriadas por parte dos administradores de saúde. No consultório odontológico, a utilização desse instrumento permitiria o ajuste das estratégias de comunicação a serem adotadas com cada paciente, por parte dos profissionais.27

Alguns estudos e uma revisão sistemática têm apontado a necessidade de se investir no desenvolvimento de ferramentas válidas e confiáveis para avaliar a alfabetização funcional e conceitual em saúde bucal, que permitam que todos os níveis da alfabetização em saúde bucal sejam avaliados com precisão na prática clínica. 19,39 Por outro lado, estudos da área odontológica têm utilizado o modelo teórico proposto por Sorensen et al.2, para avaliar questões relativas à alfabetização em saúde bucal, tais como o acesso a informação relacionada à saúde bucal10, condição imprescindível para obtenção da alfabetização em saúde, assim como relacionado ao comportamento preventivo, no que diz respeito à saúde bucal.11 A informação, embora disponível nas grandes mídias, não chega a todas as camadas da população da mesma forma e, dificilmente, é apreendida de modo a produzir conhecimento e autonomia em relação aos cuidados com a saúde bucal.40 Oliveira et al., (2015) identificou a prevalência do acesso a informações sobre como evitar problemas bucais entre escolares da rede pública de ensino, assim como os fatores associados a este acesso, a maioria teve acesso a informações sobre como evitar problemas bucais, sendo o acesso associado a características dos serviços de saúde, comportamentos e desfechos de saúde. Martins et al., 2015 ressaltaram a importância da educação em saúde para reduzir as barreiras associadas ao diagnóstico precoce do câncer bucal e observaram que a prevalência do autoexame bucal entre idosos foi baixa e maior entre aqueles usuários do SUS e que estímulo à adesão a ao autocuidado deve ser considerado nas políticas de saúde do idoso. E como propôs a FDI, a saúde bucal deve ser considerada em todas as políticas públicas de saúde e a melhoria da alfabetização em saúde bucal da população é um dos desafios a serem superados, objetivando a melhoria das condições de saúde bucal das pessoas.6 Sendo assim, intervenções de educação em saúde planejadas, e que considerem todas as questões elencadas nesta revisão, almejam o aumento dos níveis de "alfabetização em saúde" das pessoas.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O termo "healthy literacy" tem sido traduzido como alfabetização em saúde, letramento em Saúde, letramento funcional em saúde e literácia em Saúde. Foram apresentadas variações quanto às definições e/ou conceitos da alfabetização em saúde. Constatou- se a existência da interferência da relação profissional da saúde / paciente na eficácia da alfabetização em saúde, uma vez que a boa comunicação entre esses pode garantir maiores níveis de alfabetização em saúde. Alguns instrumentos para a mensuração da alfabetização em saúde foram elencados, sendo que um deles referia-se a avaliação dos níveis de alfabetização de saúde bucal.

Dentre os principais modelos teóricos elencados, destaca-se o proposto por Sorensen et al. em 2012 que reuniu todas as competências apresentadas nas definições de diversos autores. Nele, propõe-se que a alfabetização em saúde refere-se aos conhecimentos, à motivação e à competência das pessoas para acessar, compreender, avaliar e aplicar informações relacionadas à saúde. É controversa a diferença entre educação para a saúde e alfabetização em saúde. A educação em saúde tem sido considerada uma relevante estratégia para promover a saúde das coletividades, seja por meio do desenvolvimento de habilidades pessoais, geralmente a partir de transmissão de informações, objetivando a manutenção da saúde e a prevenção das doenças, seja através de processos de empoderamento pessoal e comunitário, visando à capacitação de pessoas a lutar por melhorias em suas condições de vida. Já a alfabetização em saúde pode ser entendida como o resultado das ações de educação em saúde, ou seja, como um instrumento de defesa e ampliação de recursos, bem como de ganhos da autonomia, situações que podem corroborar para adesão ao autocuidado em saúde. Por outro lado, os dois termos tornam se sinônimos se considerarmos a educação em saúde não só como o conhecimento relacionado à saúde, mas também como a aplicação desse conhecimento após sua compreensão e avaliação. Significa estimular nos indivíduos e seus coletivos a consciência dos aspectos que condicionam e determinam o processo saúde-doença e os recursos disponíveis para a promoção, prevenção e recuperação, culminando em qualidade de vida.

Foram distinguidos como vulneráveis à baixa alfabetização em saúde, por apresentarem maior dificuldade em acessar, compreender, avaliar e aplicar informações relacionadas à saúde: crianças, cujos pais e/ou cuidadores tem baixa alfabetização em saúde; jovens que, mesmo conhecendo os hábitos de saúde adequados, contrariam pelo simples prazer de viverem as experiências no seu limite máximo; idosos; pessoas com déficit cognitivo, auditivo e/ ou visual; doentes mentais; minorias étnicas dentre elas os ciganos; migrantes recentes; aqueles com baixos níveis de educação/ ou baixa proficiência na língua; desempregados; pessoas que dependem de transferências públicas, ou seja, com baixa renda.

A alfabetização em saúde constitui um elemento essencial para a promoção da qualidade de vida das pessoas, inclusive no âmbito da Odontologia. No entanto, não foi encontrada investigação que tenha considerado a alfabetização em saúde bucal como desfecho, porém, em um estudo em que se avaliou autopercepção da saúde bucal, constatou-se que o baixo nível dessa alfabetização bucal foi preditor da autopercepção negativa, independente da educação e de outros determinantes socioeconômicos. Foram apresentados estudos que consideraram como referencial teórico o modelo de alfabetização em saúde proposto por Sorensen et al. na avaliação do acesso a informações relacionadas à saúde bucal, assim como na avaliação de comportamentos possivelmente consequentes de altos níveis de alfabetização em saúde bucal.

Enfim, a informação sempre foi essencial para o crescimento e desenvolvimento das pessoas. É evidente, portanto, a importância da alfabetização em saúde bucal na vida cotidiana das pessoas, que se mostra necessária na atenção à saúde bucal no âmbito dos serviços de saúde, da promoção da saúde e prevenção das doenças. Nota-se ainda um déficit na compreensão e aplicação do modelo teórico da alfabetização em saúde, tendo como consequências a inacessibilidade, a incompreensão e a falta de avaliação de informações relacionadas à saúde, que poderiam subsidiar uma possível tomada de decisão com vistas à melhoria da saúde das pessoas, em função da falta de adesão a comportamentos saudáveis. A alfabetização em saúde bucal surgiu para dar as pessoas empoderamento e aprimoramento de seu senso crítico para que elas possam acessar, processar, avaliar e aplicar as informações relacionadas à saúde bucal. Pessoas informadas podem decidir e opinar no que diz respeito aos procedimentos e condutas a serem realizadas durante seu próprio tratamento. Por ser uma nova abordagem de educação em saúde, constata-se a importância de pesquisas sobre esse assunto para que os profissionais e acadêmicos da saúde bucal possam se informar e entender melhor a alfabetização em saúde bucal. Sendo assim, eles poderão exercer influência sobre o comportamento de seus pacientes, tendo como principal objetivo melhorar os indicadores de saúde populacionais e a qualidade de vida das pessoas.

 

AGRADECIMENTOS

Gostaríamos de agradecer o apoio logístico da Universidade Estadual de Montes Claros e das Faculdades Unidas do Norte de Minas - Funorte. Andréa Maria Eleutério de Barros Lima Martins é bolsista CNPq. Efigênia Ferreira e Ferreira tem bolsa de produtividade do CNPq.

 

REFERÊNCIAS

1. OMS. Health literacy: the solid facts. World Health Organization: Europe, 2013.         [ Links ]

2. Sorensen K, Van den Broucke S, Fullam J, Doyle G, Pelikan J, Slonska Z, Brand H, European CHLP: Health literacy and public health: a systematic review and integration of definitions and models. BMC Public Health 2012;12:80.

3. Loureiro LMJ, Mendes AMOC, Barroso TMMDA Santos JCP, Oliveira RA Ferreira RO. Literacia em saúde mental de adolescentes e jovens: conceitos e desafios. Rev Enfermagem Referência 2012;3(6):57-166.

4. Lee JY, Rozier RG, Lee SY, Bender D, Ruiz RE. Development of a word recognition instrument to test health literacy in dentistry: the REALD-30 – A brief communication. J Public Health Dent. 2007 67:94-8.

5. Horowitz AM, Kleinman DV. Oral health literacy: a pathway to reducing oral health disparities in Maryland. Journal of Public Health Dentistry. 2012;72(1):26-30.

6. Glick M, Silva OM, Seeberger GK, Xu T, Pucca G, Williams DM, Kess S, et al.. FDI Vision 2020: shaping the future of oral health. International Dental Journal 2012;62: 278-91

7. Horowitz AM, Kleinman DV, Child W, Maybury C. Perspectives of Maryland Adults Regarding Caries Prevention. Am J Pub Health 2015;105(5):58-64.

8. Freire P. Educação e mudança. 8ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

9. Carvalho SR. Os múltiplos sentidos da categoria "empowerment" no projeto de Promoção à Saúde. Caderno de Saúde Pública 2004;20:1088-95.

10. Oliveira RCN, Souza JGS, Oliveira CC, Oliveira LFB, Pelino JEP, Martins AMEBL, Almeida ER. Acesso a informações sobre como evitar problemas bucais entre escolares da Rede Pública de Ensino - Ciência & Saúde Coletiva 2015; 20(1):85-94

11. Martins AMEBL, Barreto SM, Souza JGS, Haikal DS, De Paula AMB, Ferreira EF, Pordeus IA. Prevalência de autoexame bucal é maior entre idosos assistidos no Sistema Único de Saúde: inquérito domiciliar. Ciência & Saúde Coletiva 2015;20(4):1085-98.

12. Santos LTM, Mansur HN, Paiva TFPS, Colugnati FAB, Bastos MG. Letramento em Saúde: Importância da avaliação em nefrologia. J Bras Nefrol 2012; 34(3):293-302.

13. Passamai MPB, Sampaio HAC, Dias AMI, Cabral LA. Functional health literacy: reflections and concepts on its impact on the interaction among users, professionals and the health system. Interface 2012;16(41):301-14.

14. Santos O. Health literacy: empowering the person with overweight for the control and reduction of body weight. Observatório Nacional da Obesidade e do Controlo do Peso 2010;4(3).

15. Nutbeam D. Health promotion glossary. Health Promot Int 1998;(13):349-64.

16. Nutbeam D. Health literacy as a public health goal: a challenge for contemporary health education and communication strategies into the 21st century. Health Promot Int 2000; (15):259-67.

17. American Medical Association. Health literacy: report of the Council on Scientific Affairs. JAMA 1999; 281:552-7.

18. Adams RJ, Stocks NP, Wilson DH, Hill CL, Gravier S, Kickbusch I et al..Health literacy: a new concept for general practice? Aust Fam Physician 2009;38(3):144-7.

19. Dickson-Swift V, Kenny A, Farmer J, Gussy M, Larkins S. Measuring oral health literacy: a scoping review of existing tools. BMC Oral Health 2014; 14:1-13.

20. Macek MD, Haynes D, Wells W, Bauer-Leffler S, Cotten P, Parker RM. Measuring conceptual health knowledge in the context of oral health literacy: preliminary results. Journal of Public Health Dentistry 2010;70(3):197-204.

21. Davis TC, Crouch MA, Long SW, Jackson RH, Bates P, George RB, Bairnsfather LE. Rapid assessment of literacy levels of adult primary care patients. Family Medicine. 1991;23:433-5.

22. Parker RM, Baker DW, Willian MV, Nurss JR, The test of functional health literacy in adults: a new instrument for measuring patient's literacy skills. J Gen Intern Med 1995; 10: 537-41.

23. Nath CR, Sylvester ST, Yasek V, Gunel E. Development and validation of a literacy assessment tool for persons with diabetes. Diabetes Educator. 2001;27(6):857-64.

24. Chew LD, Bradley KA, Boyko EJ. Brief questions to identify patients with inadequate health literacy. Farm Med 2004;36(8):588-94.

25. Rothman RL, Montori VM, Cherrington A, Pignone MP. Perspective: the role of numeracy in health care. J Health Commun. 2008;13:583-95.

26. Berkman ND, Sheridan SL, Donahue KE, Halpern DJ, Crotty K. Low health literacy and health outcomes: an updated systematic review. Ann Intern Med. 2011;155:97-107.

27. Junkes MC, Fraiz FC, Sardenberg F, Lee JY, Paiva SM, Ferreira FM. Validity and Reliability of the Brazilian Version of the Rapid Estimate of Adult Literacy in Dentistry – BREALD-30. PLoS ONE. 2015;10(7):1-11.

28. Carvalho GS. Literária Para a Saúde: Um Contributo Para a Redução das Desigualdades Em Saúde. In Leandro, M. et al. (org.) Saúde. As teias da discriminação social. Braga: Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho. 2003.

29. Mancuso, JM. Health literacy: a concept/dimensional analysis. Nursing & Health Sciences 2008;10(3), 248-255.

30. Silva, AN. Fundamentos em saúde bucal coletiva. Rio de Janeiro: MedBook, 2013. 248 p.

31. Souza AC, Colomé ICS, Costa LED, Oliveira DLLC. A educação em saúde com grupos na comunidade: uma estratégia facilitadora da promoção da saúde. Rev Gaúcha Enferm. 2005;26(2):147-53.

32. Freire P. Pedagogia do oprimido. 13ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.

33. Barbosa MTG. Literacia em Saúde: Impacto na Promoção do Envelhecimento Ativo. in:> http://quadernsanimacio.net. 2013(8).

34. Sanders LM, Shaw JS, Guez G, Baur C, Rudd R. Health literacy and child health promotion: implications for research, clinical care, and public policy. Pediatrics 2009;124(3):306-14.

35. Cavaco A, Santos AL. Evaluation of health literacy and the readability of information leaflets. Rev Saúde Pública. 2012;46(5):918-22.

36. Paskulin LMG, Aires M, Valer DB, Morais EP, Freitas IBA. Adaptação de um instrumento que avalia alfabetização em saúde das pessoas idosas. Acta Paul Enferm 2011;24(2):271-7.

37. Sistani MN, Yazdani R, Virtanen J, Pakdaman A, Murtomaa H. Determinants of Oral Health: Does Oral Health Literacy Matter? Hindawi Publishing Corporation ISRN Dentistry 2013, Article ID 249591, 6 pages

38. National Institute of Dental and Craniofacial Research. The invisible barrier: literacy and its relationship with oral health. A report of a workgroup sponsored by NIDCR, USPHS, DHHS. J Public Health Dent 2005;65:174-82.

39. Khan K, Ruby B, Goldblatt RS, Schensul JJ, Reisine S. A pilot study to assess oral health literacy by comparing a word recognition and comprehension tool. BMC Oral Health 2014; 14:135.

40. Pauleto ARC, Pereira MLT, Cyrino EG. Saúde bucal: uma revisão crítica sobre programações educativas para escolares. Cien Saude Colet. 2004; 9(1):121-30.

 

 

Endereço para correspondência:
Andréa Maria Eleutério de Barros Lima
Martins Avenida Ruy Braga, s/n
Vila Mauriceia - Montes Claros – MG
39400-000
Brasil

e-mail:
martins.andreamebl@gmail.com

 

Recebido: out/2015
Aceito: nov/2015