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Revista da Associacao Paulista de Cirurgioes Dentistas

versão impressa ISSN 0004-5276

Rev. Assoc. Paul. Cir. Dent. vol.69 no.4 Sao Paulo Out./Dez. 2015

 

Artigo original

 

Automedicação em crianças atendidas em centro de especialidades odontológicas na Amazônia

 

Children's self-medication attended at an Amazon Dental Specialist Center

 

 

Jorge Sá Elias NogueiraI; Gabriela A.V. Cunha BoniniII; Monique Saveriano de Benedetto MascaroIII; José Carlos P. ImparatoIV; Gabriel Tilli PolitanoV

 

I Mestrando - Professor do Centro Universitário do Pará (Cesupa) e da ABO-PA
II Doutora em Odontopediatria - Professora das disciplinas de Odontopediatria e COI infantil de Odontologia na São Leopoldo Mandic
III Doutora em Odontopediatria - Professora das disciplinas de Odontopediatria e COI infantil na São Leopoldo Mandic
IV Doutor em Odontopediatria - Coordenador dos cursos de pós-graduação em Odontopediatria na São Leopoldo Mandic
V Doutor em Odontopediatria - Professor titular das disciplinas de Odontopediatria e COI Infantil na São Leopoldo Mandic

Endereço para correspondência

 

 


 

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi avaliar e caracterizar alguns aspectos relacionados a automedicação em pacientes atendidos em urgência odontológica infantil em um centro de especialidades médicas e odontológicas. Os pais ou responsáveis por crianças com idade entre 2 e 9 anos que procuraram atendimento odontológico no período entre outubro e novembro de 2012, responderam a um questionário aplicado de forma randomizada. Apesar dos pais/responsáveis revelaram que a receita deve ser inalterada e intransferível (73,2%; p<0,05), a maioria dos entrevistados (67,2%) é favorável à automedicação e a reutilização de receitas antigas foi a forma mais utilizada para praticá-la (27,9%). Houve associação coerente entre o tipo de medicamento utilizado com os problemas de urgência odontológica, como emprego de analgésicos em casos de dor (65,3%; p<0,05), antitérmico para febre (67,0%; p<0,05) e anti-inflamatório em caso de edema (57,6%; p<0,05) e a maioria dos responsáveis que exerce a automedicação é do gênero feminino. O estudo mostrou que a automedicação é exercida em larga escala pelos usuários do serviço, podendo levar à utilização de doses inadequadas ou a resistência aos antibióticos pelos pacientes.

Descritores: automedicação; odontopediatria; prevalência; distribuição aleatória


 

ABSTRACT

This paper aims to evaluate and characterize some aspects of patients self-medication. The study was conducted at children's dental emergency sector in a center of medical and dental specialties. A randomized questionnaire was applied for parents or guardians of children aged 2 to 9 years who sought dental care in the period between October and November 2012. Although the parents/guardians claim that prescription should be unchanged and nontransferable (73.2%; p <0.05), most of the surveyed people (67.2%) are in favor of self-medication. The reuse of old prescription was the most used way to practice it (27.9%). There was consistent association between the type of drug used with emergency dental problems such as use of analgesics in case of pain (65.3%; p <0.05), antipyretic for fever (67.0%; p <0, 05) and anti-inflammatory in cases of edema (57.6%; p <0.05) and the women practice self-medication more often. The study showed that self-medication is exercised largely by service users, which may lead to the use of inadequate doses or resistance to antibiotics by patients.

Descriptors: self medication; pediatric dentistry; prevalence; random allocation


 

RELEVÂNCIA CLÍNICA

Avaliar o grau de entendimento de responsáveis por crianças compreendidas nas faixas etárias entre 2 e 9 anos a respeito da automedicação, como essa prática é realizada, qual critério utilizado para escolha das drogas e para que sejam elaboradas campanhas educativas para esclarecimento sobre os perigos dessa prática.

 

INTRODUÇÃO

Para a Organização Mundial da Saúde1 (OMS), a automedicação consiste na seleção e utilização de medicamentos isentos de prescrição para tratar doenças autolimitadas ou seus sintomas. Essa modalidade se destaca principalmente pela aquisição de medicamentos sem receita, sobras de medicamentos de tratamentos anteriores e a utilização de antigas prescrições2, o que pode acarretar sérios malefícios, como intoxicações3 e reações alérgicas4.

Um exemplo negativo de impacto catastrófico de mau uso de drogas pode ser visto a partir da segunda metade do século passado com a introdução da penicilina, antibiótico que até hoje tem desempenhado um papel importante e crucial no tratamento de doenças infecciosas.5,6 No entanto, o manuseio inadequado contribuiu para o fenômeno da resistência antimicrobiana, que está se tornando um problema de saúde pública mundial.6,7,8

Embora populações das classes sociais mais altas, inclusive em países desenvolvidos com sistemas de saúde mais organizados, também pratiquem a automedicação9, este problema é mais evidente em populações de baixa renda, pois um terço da população mundial não tem acesso a medicamentos essenciais e sofre ainda influência de inúmeros outros fatores para o uso irracional de medicamentos.1,10 Por esse motivo, autores6 suplicam a necessidade de políticas públicas para a definição de intervenções e estratégias de promoção da saúde, visando à prevenção da automedicação para evitar riscos aos usuários e à comunidade.

O exercício da automedicação é de impacto global. Quadros alarmantes podem ser vistos na África. Em Gana, medicamentos são adquiridos sem prescrição.11 No continente asiático, a Jordânia destacou-se pelo abuso na aquisição de drogas antibacterianas sem receita.10 Em países latinos, pessoas são influenciadas por mensagens na mídia.12 Na Europa, em um dos centros da indústria farmacêutica mundial, a Alemanha, a automedicação é amplamente praticada entre crianças e adolescentes de famílias de alto nível socioeconômico.13 No Brasil, estudos mostraram elevada utilização de medicamentos em indivíduos nos primeiros anos de vida.7,14,15,16

Pelo exposto e devido à escassez de literatura que representem a realidade na região, torna-se relevante pesquisar se a automedicação é exercida pelos usuários do Centro de Especialidades Médicas e Odontológicas (CEMO), analisando aspectos socioeconômicos (gêneros e condição trabalhista dos responsáveis); faixa etária das crianças expostas; opinião sobre a automedicação frente a problemas odontológicos e qual a atitude dos responsáveis em relação à receita médica e odontológica.

 

MATERIAIS E MÉTODOS

Após determinação do tamanho amostral (n=476), com base no atendimento mensal fornecido pela secretaria do CEMO na Cidade de Belém (PA), foram aplicados questionários de maneira aleatória, aos responsáveis por crianças na faixa etária de 2 a 9 anos que concordaram em participar da pesquisa após leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), sob aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade e Centro de Pesquisa São Leopoldo Mandic (protocolo 2012/0323 de 01/10/2012). Foram analisados quesitos delineados em dados pessoais, dados ocupacionais, perfil socioeconômico, percepção de problemas odontológicos e iniciativa de instituição de automedicação.

Para caracterizar a prática da automedicação foram utilizados métodos inferenciais. As variáveis quantitativas foram apresentadas por medidas de tendência central e de dispersão, e as qualitativas por distribuição de frequências. Para a prevalência da automedicação foi calculado o intervalo de confiança de 95%. Na análise estatística foi aplicado o teste de independência do qui-quadrado, adotando o nível de significância de 5%. Todo processo estatístico foi realizado utilizando o Software BioEstat versão 5.3 e Z.SCORE versão 1.0.

 

RESULTADOS

A maioria (54.0%) dos entrevistados era de indivíduos responsáveis por crianças que estavam na fase pré-escolar (Figura 1), 78.4%; pertencem ao gênero feminino (Figura 2) e 28.3% estavam desempregados (Figura 3).

Observou-se a frequência de 67.2% de indivíduos com opinião favorável à automedicação em possíveis casos de problemas odontológicos em crianças (Figura 4), não havendo associação estatisticamente significante entre os indivíduos segundo o nível de escolaridade das crianças sob sua responsabilidade (Tabela 1).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em relação aos sinais clínicos de possíveis problemas odontológicos (Figura 5), os indivíduos afirmaram que procederiam à automedicação em maior frequência em casos de dor (52.1%) e em menor frequência em casos de febre (14.3%) e edema (5.7%). A maioria indicou coerentemente as especialidades farmacêuticas segundo os sinais clínicos (Tabela 2), como uso de analgésicos em casos de dor (65,3%; p<0,05), antitérmico para febre (67,0%; p<0,05) e anti-inflamatório em caso de edema (57,6%; p<0,05).

Quanto à receita de medicamento, 57.4% dos indivíduos afirmaram que não pode ser alterada e utilizada por outra pessoa, 27.9% relatou a possível reutilização da mesma (Figura 6) e a forma de automedicação mais indicada (Figura 7) foi a de adequação da especialidade farmacêutica ao problema odontológico que possivelmente pudesse ser observado nas crianças.

 

DISCUSSÃO

Perfil socioeconômico

Quanto ao fator socioeconômico investigado nesta pesquisa, a categoria da situação trabalhista mais frequente foi a de desempregado, com a frequência de 28.3%, seguida das categorias de empregados (26.1%) e autônomos (21%), revelando um resultado favorável de 67.2% para automedicação entre os pesquisados. As desigualdades nos níveis de saúde podem ser em grande parte explicadas por diferenças nos indicadores socioeconômicos às quais uma pessoa ou população está exposta17, havendo necessidade de analisar os fatores socioeconômicos relacionados com a cárie dentária, assim como a má distribuição de renda, além das dificuldades de acesso aos serviços odontológicos, onde pessoas com diferenças pronunciadas de renda também estão em desvantagem quanto à ocorrência de problemas de saúde bucal. Pereira et al. (2007) concluíram em sua pesquisa que a condição socioeconômica não mostrou associação significativa com a automedicação, no entanto, concordam que os usuários de serviço público apresentam risco aumentado para essa prática. Por esse motivo, Furlani (1993) sugere a necessidade de analisar a renda familiar e a inserção social como influência direta na prevalência da cárie dentária, pois indivíduos com grau de escolaridade maior tendem a escovar seus dentes mais vezes e suas crianças começam a ter hábitos de higiene mais precocemente, mostrando impacto significativo na saúde bucal. Por esse motivo, é coerente a afirmação de que indivíduos mais pobres e sem inserção social tendem a ter mais problemas dentários, com grande percepção tanto em níveis individuais como coletivos20, o que parece coerente com nosso resultado, onde a renda pessoal e familiar revelou resultado de um a dois salários mínimos.

Gênero dos responsáveis

Outro fator relevante do perfil socioeconômico está intimamente ligado ao gênero dos cuidadores que procuram atendimento para seus dependentes. Em nossa pesquisa, a maioria dos responsáveis (78.3%) era do gênero feminino. Este resultado vai ao encontro de outros autores2,21 que encontraram respectivamente 82% e 51% do gênero feminino. Tais resultados podem estar relacionados com a percepção do problema pela mãe ou responsável feminino, quando comparado ao masculino. A alegação é plausível, quando observada a função social da mulher no contexto familiar de prover, entre outras coisas, a saúde da prole, apoiada por estudos que comprovam a iniciativa de automedicação por mães, especialmente quando os menores estão situados na faixa etária inferior a sete anos de idade.2,22

Atitude de automedicação em criança com problema odontológico

Em nossa pesquisa, a frequência de opinião favorável à automedicação foi de 67.2% pelos responsáveis das crianças que apresentam problemas odontológicos, contra 32.8% que não o fariam. Quando comparada à condição escolar, o resultado para a automedicação na fase pré-escolar foi de 68.5% e 63% na fase escolar, demonstrando não haver diferença significativa. Resultado conflitante com o encontrado em um estudo na Holanda22, no qual pesquisaram medicamentos prescritos a indivíduos menores de 17 anos e concluíram que a prevalência de consumo é bem mais elevada em crianças com idade inferior a 1 ano, seguida da faixa etária de 2 a 5. Achado semelhante foi encontrado em um estudo sobre a utilização de medicamentos em creches públicas de uma região da cidade de São Paulo e na Cidade de Tubarão (SC), com resultado positivo para automedicação na fase pré-escolar.2

Torna-se oportuno relatar os resultados de uma pesquisa realizada nos estados do Piauí e Pará, mostrando que 590 (30%) crianças menores de cinco anos nas cidades de Caracol (PI) e 1081 (25%) em Garrafão (PA) haviam sido automedicadas. 14 A justificativa para o exercício da automedicação residiu no fato de os responsáveis terem dificuldade em conseguir atendimento para os filhos doentes nos dois municípios. Os autores da pesquisa reforçam a necessidade de aumentar a disponibilidade de serviços médicos nestes municípios, de facilitar o acesso geográfico aos serviços de saúde e de realizar campanha mostrando os riscos da automedicação. Preocupante também foi o resultado encontrado por Oliveira et al. (2010)15, que mostrou elevada prevalência da utilização de medicamentos, pois de 3.985 (65.0%) de crianças aos três meses de idade, 3.907 (64.4%) aos doze meses e 3.868 (54.7%) aos vinte e quatro meses fizeram utilização de drogas.

Quando analisamos medicações voltadas às crianças, parece redundante e óbvia a afirmativa de que tal questão se trata de um problema global. Em uma revisão sistemática realizada na cidade México por Wirtz et al. (2008)23, utilizando os bancos de dados originais publicados nos anos de 1990 a 2004, sobre o acesso e uso de medicamentos, no que diz respeito à população do estudo, cerca de um quinto dos estudos de prescrição e de consumo eram voltados a crianças menores de cinco anos.

Automedicação em casos de febre, dor e edema

O nosso resultado sobre automedicação em problemas odontológicos evidenciou uma maior frequência em casos de dor 52.1%, seguido de 14.3% em casos de febre, e em menor frequência em casos de edema, com 5.7%. Resultado semelhante foi encontrado na cidade de Suba em Bogotá.24 Após pesquisa sobre a prevalência e os fatores associados com uso de medicamentos, as principais patologias que levaram à automedicação pelos pesquisados foi a dor (31.1%), seguida da febre (4.4%). Contrastando com resultado realizado em um estudo transversal na cidade de Santa Catarina no Brasil, o qual evidenciou maior percentual de automedicação entre crianças de 0 a 14 anos de idade na febre, com 57.6% e 27.2% para os casos de dor.2

Dor e edema - Quando analisamos a justificativa da intervenção na dor superar a febre, como a encontrada em nosso estudo, pode estar no fato de que a primeira seja o mais temido de todos os sintomas em que um paciente percorre no curso de uma doença.25 Além disso, continuam os autores afirmando que a OMS declarou a dor como emergência médica mundial em pacientes com câncer e Nascimento et al. (2011)26 ainda a incluem como quinto sinal vital, por considerarem a valorização da queixa da dor muito relevante no cuidado humanizado em todas as instituições de saúde, com a finalidade de dirimir um sofrimento, na maioria das vezes controlável, além de assegurar um direito do paciente.

Quando analisado o emprego da automedicação nos casos de edema, encontramos que apenas 5.7% dos pesquisados foram adeptos a essa prática. O fato de 45.4% dos participantes da nossa pesquisa, nunca automedicarem na presença de edema é no mínimo intrigante, pois os pacientes não hesitaram em automedicarem em casos de dor e febre. Se julgarmos que os sinais e sintomas cardeais da inflamação, como edema, eritema, calor, dor e perda de função estão presentes quase que na totalidade dos pacientes com lesões odontogênicas27 dever-se-ia esperar a mesma prática nestes casos.

Constatamos em nossa pesquisa coerência entre os responsáveis leigos em apontarem as drogas analgésicas, anti-inflamatórias e antibióticas para a automedicação em casos específicos de febre/dor, inflamação e edema respectivamente. Porém, é óbvia e necessária a afirmativa de que tal conclusão não os credencia para essa prática, visto que os pesquisados não contam com os efeitos adversos relatados no meio científico e também não tiveram sequer um diagnóstico antes de proceder à medicação correta.

Uso da receita

Dos responsáveis questionados em nossa pesquisa, 57.4% afirmaram que a receita é inalterável e intransferível, entretanto 42.6% dos pesquisados que admitem de alguma forma alterar a receita, (5,9%, pode alterar a dosagem, 4,6% a receita pode ser substituída e 4,2% não informaram) 27.9% relataram que a mesma pode ser reutilizada, verificando-se associação significativa devido a maior frequência da categoria "é inalterável e intransferível".

Em um estudo16 envolvendo 413 pessoas do Município de Santa Maria (RS), sobre o consumo de medicamentos, os autores concluíram que 51.7% se automedicaram reutilizando receitas médicas e após estudo de análise transversal com 125 pacientes em Casablanca, Marrocos28 que faziam uso prolongado de corticosteroide afirmam que dentre as formas pelas quais a automedicação pode ser praticada estão aquisição de medicamentos mais baratos e sem receita, expondo pacientes a riscos.

A reutilização ou substituição da receita, assim como alteração da dose, merece preocupação pelo fato de que o paciente não-prescritor desconhece o princípio ativo dos medicamentos e, ao estudarem 124 entrevistados, entre 1999 e janeiro de 2000, em dois bairros da cidade de Porto Alegre (RS), os autores29 concluíram que a maioria, cerca de 90% da amostra avaliada, simplesmente desconhecia qual a substância ativa presente em uma especialidade farmacêutica que usa frequentemente. Nesse sentido Kato (2014) reforça a importância do farmacêutico como profissional indispensável na orientação e aconselhamento de forma objetiva sobre a administração de medicamentos sem prescrição, reforçando inclusive a necessidade desse profissional como parte integrante nos ensinos curriculares de escolas secundárias.

Vários atores devem estar envolvidos na tentativa de dirimir a prática da automedicação e os órgãos públicos responsáveis pela gestão da saúde devem oferecer à população médicos e dentistas em regime de 24 horas em todos os municípios, permanência de farmacêuticos nos setores de dispensação de drogas em tempo integral, medicamentos acessíveis e com possibilidade de fracionamento o que inviabilizaria o acondicionamento de sobras em domicílio e ainda, campanhas de esclarecimento sobre os riscos de automedicação. Por esse motivo, mais pesquisas, com maior amostragem, que possam revelar o perfil dessa prática em todo o Estado se faz necessário.

Após análise dos resultados e discussão podemos concluir que a automedicação é exercida pelos usuários do serviço; a maioria dos responsáveis pertence ao gênero feminino e desempregados; não houve diferença significativa entre crianças nas idades pré-escolares e escolares submetidas à automedicação; houve utilização coerente de analgésicos em casos de dor, anti-inflamatório na inflamação e antimicrobianos na infecção e a reutilização de antigas receitas é a forma mais frequente de automedicação.

 

APLICAÇÃO CLÍNICA

Formular ações educativas para minimizar a prática da automedicação e contribui com a vigilância em saúde na adequada assistência farmacêutica.

 

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Endereço para correspondência:
Jorge Sá Elias Nogueira - Cesupa
Travessa 9 de janeiro, s/n
Bairro Fátima - Belém – PA
66000-001
Brasil

 

Recebido: ago/2015
Aceito: set/2015