SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.69 número2 índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Revista da Associacao Paulista de Cirurgioes Dentistas

versão impressa ISSN 0004-5276

Rev. Assoc. Paul. Cir. Dent. vol.69 no.2 Sao Paulo Abr./Jun. 2015

 

Artigo Original

A clínica ampliada na Odontologia: avaliação do trabalho clínico onde o ensino acontece

 

The extended clinic in Dentistry: evaluation of where teaching occurs

 

Carla Thais Rosada PeruchiI; Adriana Pereira de SouzaII; Mirian Marubayashi HidalgoIII; Raquel Sano Suga TeradaIV; Isabel de Freitas PeixotoV; Carina Gisele Costa Bispo VI

 

I Cirurgiã- Dentista - Endodontista - Especialista em Endodontia e Mestre em Odontologia Integrada pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Professora na disciplina de Endodontia da Uningá – Paraná – Brasil
II Cirurgiã- Dentista
III Doutora - Professora Associada do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá

IV Doutora - Professora Associada do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá
V Doutora - Professora livre docente da Disciplina de Clínica Integrada do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo
VI Doutora - Doutora em Odontologia Integrada - Professora Adjunta do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá

Autor para correspondência

 

 


 

RESUMO

O objetivo deste estudo foi verificar o preenchimento do prontuário, a produtividade clínica e o perfil dos pacientes acolhidos pela Clínica Ampliada (CA) do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá (DOD/UEM), durante o ano de 2012. Três pesquisadores avaliaram um total de 128 prontuários e as informações coletadas se referiam ao perfil geral e socioeconômico do paciente, bem como a 19 campos de preenchimento do prontuário. Com predomínio de pacientes adultos, leucodermas e do gênero feminino observou-se que o preenchimento da anamnese, exame físico, odontograma e relatório de atividades diárias, foram considerados satisfatórios 97%, 84%, 94% e 94%, respectivamente; 35% tiveram seu preenchimento finalizado na primeira sessão; 44 (34%) apresentavam 3 opções de planos de tratamento sendo que 71% desses seguiam a ordem de atendimento proposta pela CA. Nos campos destinados às assinaturas do paciente e docente, respectivamente, 81% e 63% as continham. Apenas 11% dos pacientes receberam alta na CA sendo o restante encaminhado às demais clínicas. O maior tempo de permanência na CA correspondeu a um mês (75%) e o tempo de espera do paciente para o início do atendimento variou de 1 a 6 meses. Dentre as principais áreas atendidas destacaram-se a Periodontia, Dentística, Endodontia, e Cirurgia. A maioria dos prontuários estava corretamente preenchida, mas ainda há a necessidade de se enfatizar a importância dessas anotações, principalmente no que se refere à elaboração das opções de plano de tratamento.

Descritores: planejamento em saúde; humanização da assistência; Odontologia


ABSTRACT

The objective of this study was to verify the filling of the records, clinical productivity and the profile of the patients received at Extended Clinic (CE) of the Dental Department of Maringá State University (DOD/UEM), during the year of 2012. Three researchers evaluated 128 records and the information about the general and socioeconomic profile of the patients, such as 19 padding fields of the records. With the predominance of female, leucoderm adults it was found that the filling of anamnesis, physical exam, odontogram and daily activity reports were satisfactory in 97%, 84%, 94% and 94%, respectively; 35% had its records completed at the first appointment; 44 (34%) showed 3 options of treatment plan and from these 71% followed the sequence proposed by the CE. At the fields destined to patients and professors signatures, respectively, 81% and 63% were correctly filled. Only 11% of the patients were discharged and the remaining were refered to other clinics. The longest duration of stay at CE was one month (75%) and the time of waiting for the begining of the treatment ranged from 1 to 6 months. Among the main areas served there were Periodontics, Dentistic, Endodontics and Surgery. Most of the records were correctly filled, but there is still a need to emphasize its importance, especially as regards the development of treatment plans.

Descriptors: health planning; humanization of assistance; dentistry


 

 

RELEVÂNCIA CLÍNICA

Divulgar uma experiência de construção do conhecimento em Clínica Ampliada aplicada à Odontologia, destacando as principais dificuldades cotidianas encontradas em um ambiente de ensino destinado à formação do profissional generalista.

 

INTRODUÇÃO

O Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da Política Nacional de Humanização (PNH) Humaniza SUS, vem buscando maneiras de aprimorar o atendimento ao usuário, tornando-o mais humanizado e valorizando os diferentes sujeitos envolvidos no processo de produção do cuidado em saúde. Uma das propostas envolve a implantação da Clínica Ampliada (CA) nos serviços de saúde, cujo foco principal é a atenção individual e coletiva, de forma a possibilitar que outros aspectos do sujeito, que não apenas o biológico possam ser compreendidos e trabalhados.1,2 Algumas experiências quanto à construção da CA têm sido observadas em diversas áreas da saúde3,4,5, no entanto, na Odontologia, pouco se tem relatado.6

O desenvolvimento de atividades pedagógicas pelos cursos de odontologia que atendam às exigências das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) e da PNH, a exemplo da CA do Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá demanda uma constante reavaliação ao longo de seu desenvolvimento para aprimoramento das falhas e planejamento das ações futuras, já que se trata de um cenário recém-implantado para a prática clínica e consequente desenrolar do processo de ensino.6

Com a intenção de atender a estas diretrizes e tornar o atendimento mais humanizado, no presente estudo, o corpo docente do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá (DOD/UEM), iniciou um extenso processo de estudos e discussões acerca de seu projeto pedagógico, o que resultou, através de uma construção coletiva, na implementação da CA em 2008, sendo este um cenário inovador para a prática clínica e desenvolvimento do ensino, propulsionando diversos questionamentos.6

O Ministério da Saúde (2004)1 define CA como um compromisso radical com o sujeito doente visto de modo singular, buscando assumir a responsabilidade dos serviços de saúde e outros setores, ao que se dá o nome de intersetorialidade; reconhecer os limites do conhecimento dos profissionais de saúde e das tecnologias por eles empregadas e assumir um compromisso ético profundo.1 Campos (1997) propõe que a CA deveria ser capaz de lidar com a singularidade de cada sujeito sem abrir mão da odontologia das doenças e suas possibilidades" 7 e esses aspectos têm norteado a presente experiência de implantação da CA, a qual tem como objetivo promover a interação e o vínculo do estudante com os sujeitos envolvidos (comunidade, equipe multiprofissional de saúde e academia) visando um cuidado integral, integrado e humanizado, com desenvolvimento de projetos terapêuticos singulares (PTS) e equipes de referência, bem como servir de modelo para o atendimento odontológico, aprimorando a formação e a assistência prestada aos usuários do SUS.8

O presente estudo teve como objetivo verificar o preenchimento do prontuário, avaliar a produtividade clínica e o perfil dos pacientes acolhidos pela CA do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá (DOD/ UEM), durante o ano de 2012, para que tais dados sirvam como base para discussão docente e como instrumento de reavaliação deste espaço conceitual recentemente implantado, que se destina tanto à melhoria do serviço de saúde quanto a um ensino de excelência, norteado pelas DCN e pela PNH.

 

MATERIAIS E MÉTODOS

Um docente, um pós-graduando e um acadêmico participante da CA do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá (DOD/UEM), após terem passado por calibração, avaliaram os prontuários acolhidos pelos alunos do quinto ano da graduação no ano de 2012 na Clínica Ampliada, por meio de uma ficha de avaliação que continham informações pertinentes ao perfil geral e socioeconômico do paciente, bem como a 19 campos de preenchimento do prontuário (Quadro 1). O levantamento foi realizado em clínica e segundo os números de prontuários anotados pelos professores no livro de avaliação diária. Foram adotados os seguintes critérios de exclusão: prontuários de pacientes que eram de outras clínicas, porém recebiam o tratamento na CA, e prontuários de pacientes que foram desligados. Os dados provenientes do levantamento foram processados com relação a sua frequência e apresentados em forma de gráficos e tabelas.

 

RESULTADOS

Os resultados obtidos quanto à frequência do correto preenchimento do prontuário, presença de assinaturas nos campos destinados, correto preenchimento de dados, acompanhamento dos pacientes acolhidos na CA e áreas mais desenvolvidas na CA, estão expostos respectivamente abaixo nos Gráficos 1, 2, 3 e 4. Os resultados referentes ao perfil do paciente, número de faltas e a realização de exames radiográficos constam nas Tabelas 1 e 2, respectivamente.

 

DISCUSSÃO

Este foi um dos primeiros estudos realizados para avaliar as atividades desenvolvidas em uma CA em uma faculdade de Odontologia. Os resultados encontrados demonstram que o preenchimento do prontuário encontra-se satisfatório, embora haja necessidade de reforçar a importância da elaboração dos planos de tratamento, já que apenas 34% dos prontuários examinados continha três opções. Apenas 11% dos pacientes receberam alta e as áreas mais desenvolvidas foram a Periodontia, Dentística, Endodontia e Cirurgia.

A consulta odontológica é o momento de encontro entre dois sujeitos singulares em que um deles procura o cuidado e a resolução de seus problemas de saúde, cabendo ao profissional identificá-los, lançando mão de alternativas para resolvê-los, para tanto existem quatro momentos cruciais:

 

 

 

anamnese, exame físico, formulação do diagnóstico e elaboração da terapêutica.4

Existem formas corretas para a anamnese ser aplicada, e é através dela que iniciará a formação do diagnóstico em base da doença/queixa. Segundo conceitos, a anamnese, quando bem conduzida, pode ser responsável por 85% do diagnóstico na clínica, liberando 10% para o exame físico (EF) e apenas 5% para exames complementares.9 De acordo com o presente estudo, a CA desempenhou satisfatoriamente a anamnese na maioria dos casos. A queixa de apenas 22 (17%) pacientes não foram identificadas/relatadas, sendo que 72% submeteram-se a exames radiográficos (90 periapicais; 16 interproximais e 4 panorâmicas).

Na pesquisa realizada em 2009, Barros e Botazzo2 optaram por não utilizar questões fechadas nem odontograma durante as consultas, para eles, o uso de roteiros e protocolos na anamnese é bastante útil na clínica, porém, pode representar uma armadilha para o profissional da saúde devido ao fato das perguntas fechadas restringirem de certa forma além de direcionarem as respostas dos usuários. Segundo estes autores2 o clínico pode incorporar esses algoritmos escutando e perguntando somente o que está contido nos roteiros, de maneira que tudo que não está representado como pergunta protocolar produza certa insegurança e o profissional de saúde comece a evitar os desvios necessários na investigação de uma história clínica, que se seria um dos fatores primordiais que difeririam uma CA de outras práticas, segundo o Ministério da Saúde.10

A possibilidade de desviar a abertura de olhos e ouvidos para a vida do outro, pode fazer com que questões como dependência química, violência doméstica e sexual, rendimento escolar e conflitos familiares resultem como demandas de consulta envolvendo conhecimentos em psicologia, sociologia e antropologia, para os quais ainda não existe a devida formação.11 No prontuário da clínica odontológica em que este estudo foi realizado, existe um item direto para

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

a questão social, todos os prontuários analisados continha estes espaços em branco. Apesar da dificuldade em se lidar com tais situações, caso ocorram queixas abusivas, em muitos casos a identificação dessas queixas pode refletir o motivo da atual situação de saúde do paciente. Para tanto, a clínica odontológica que foi espaço deste estudo conta com a ajuda de assistente social, que toma os devidos cuidados, e encaminhamentos para psicólogos, conselho tutelar, médicos, pastorais, programas sociais, entre outros. Sendo assim, seriam equívocos os aspectos sociais e uma conversa mais aberta com os pacientes, não serem adotadas. Deve haver uma adaptação de manejo na anamnese para que os acadêmicos consigam questionar de maneira correta e sem maiores receios.

Em um estudo com egressos da Faculdade de Medicina de Marília (Famema), Hafner et al., (2010)5 observaram que as discussões sobre a integração biopsicossocial durante o curso foram importantes, tanto que essa se tornou espontânea na sua rotina profissional, apesar das dificuldades encontradas, uma egressa, porém, aponta dificuldade de superar essa forma de abordar o paciente, devido à organização do sistema de saúde, o esforço de procurar "o máximo possível se policiar e tentar fazer as coisas como elas devem ser feitas, independente de estar no SUS ou não".5

Com relação ao preenchimento propriamente dito do prontuário, é imprescindível anotar de forma legível todos os procedimentos realizados, informando também a data e o horário da consulta. Esse histórico permitirá verificar o que foi feito, bem como a evolução do tratamento. Sob o aspecto legal, o paciente deve assinar ao lado de cada consulta realizada. Quando o paciente faltar à consulta, igualmente serão colocados a data e o horário, com a observação da falta e com a assinatura do profissional e seu assistente. Na consulta subsequente, o paciente deve rubricar, confirmando a ausência.12,13 Logo, a CA parece seguir o preconizado na maioria dos casos, mas, nas 33 faltas anotadas (entre comunicadas e não comunicadas), no prontuário da CA não apresentou a posterior rubrica do paciente, apenas do acadêmico e do docente, o que deve ser mudado.

A ordem proposta pela CA para execução dos procedimentos de um caso clínico multidisciplinar (Quadro 2) é a seguinte: fase I (etapa preparatória) são resolvidas as urgências, adequação do meio bucal, tratamentos periodontais, cirúrgicos e endodônticos; posteriormente, vem a fase II (etapa reabilitadora) onde serão realizados os procedimentos de dentística, ortodontia e prótese e, por último, a fase III (manutenção) onde ocorrerão consultas periódicas de acordo com a classificação de risco do paciente.8 Dentro deste contexto o acadêmico que acolhe o paciente deve planejar para o mesmo, três opções de tratamento, para que o mesmo tenha livre arbitro para escolha da que mais lhe agrada8,12,13, entretanto dentre os prontuários analisados, apenas 34% apresentaram-se com as três opções de plano de tratamento preenchidas, fato que deve ser explorado buscando melhorias no que diz a este respeito, dos 66% que não apresentaram, 46 (37%) prontuários apresentavam dois planos de tratamento, sendo que 71% dos planos de tratamento elaborados seguiam a ordem proposta pela CA e 63% apresentavam a assinatura de aprovação dos docentes. Levando em conta que 46 (37%) pacientes tiveram a opção de dois planos de tratamento, a CA não está muito aquém de seus objetivos, porém, estratégias que incentivem e estimulem os acadêmicos na formulação de alternativas de tratamento a serem propostas aos seus pacientes ainda tornam-se necessárias, bem como aprimorar a execução da ordem proposta.

No âmbito do SUS tem se fundamentado os objetivos de Clínica Ampliada em promover a interação e o vínculo do estudante com os sujeitos envolvidos (comunidade, equipe multiprofissional de saúde e academia) visando um cuidado integral, integrado e humanizado, com desenvolvimento de projetos terapêuticos singulares e equipes de referência, bem como servir de modelo para o atendimento odontológico, aprimorando a formação e a assistência prestada aos usuários do SUS.14 Através da discussão dos resultados aqui obtidos e das experiências obtidas ao longo deste processo de construção, pode-se inferir que, além de procurar atender aos objetivos supracitados, podem ser inseridos como objetivos específicos da CA:
• Examinar o paciente num contexto de interação sistêmica e social;
• Traçar e discutir com o paciente o plano de tratamento mais adequado às suas necessidades e realidade;
• Gerenciar a execução do plano de tratamento proposto;
• Criar entre aluno e paciente vínculo de maneira a propor e executar o PTS;
• Aplicar uma classificação de risco das principais necessidades do paciente e executar as urgências e adequação do meio bucal, para que o mesmo tenha restituído seu "bem-estar" enquanto aguarda a execução dos demais procedimentos (sendo esses menos urgentes) nas outras clínicas às quais será encaminhado;
• Otimizar e dar alta a pacientes menos complexos, que muitas vezes acabam prolongando a fila de espera por tratamento da instituição, desnecessariamente;
• Direcionar os pacientes, mapeando a sequência de disciplinas que devem ser executadas.

À luz desta reflexão faz-se necessário destacar que a recente implantação de um prontuário unificado8, desenvolvido ao longo do processo de construção da CA e atualmente adotado por todas as disciplinas clínicas da faculdade de Odontologia tem sido crucial para se alcançar os objetivos propostos e até mesmo por atuar como um instrumento de avaliação e pesquisa, sem o qual este estudo não teria sido possível.

Abrangendo os principais tratamentos executados na CA, estão as urgências e adequação (fase I). Para isso, cabe a professores de várias disciplinas um planejamento interdisciplinar enfatizando a execução do preparo de boca. A mão de obra é priorizada nas situações clínicas, segundo a classi-

 

 

 

ficação de risco (urgências e adequação de meio), para que os procedimentos que "podem esperar" sejam executados em outras disciplinas, formando assim um ciclo, evitando a falta de pacientes nessas especialidades, principalmente, prótese, em que o custo laboratorial costuma reduzir o número de pacientes disponíveis.15

O foco principal do trabalho na CA é proporcionar alta para pacientes menos complexos e servir de ponto de partida para pacientes complexos que devem trilhar uma série de encaminhamentos até ter seu caso concluído, segundo a ordem proposta pela CA. Devido a isso, o número de altas é relativamente baixo (11%) e não por uma ineficiência nesse sentido. No entanto, pretende-se enfatizar a importância da alta clínica de casos menos complexos, de modo a otimizar o fluxo de atendimento nas clínicas do curso de Odontologia.

Verificou-se ainda que 56% dos pacientes acolhidos foram encaminhados para outras clínicas da graduação ou especialização, entretanto, não se sabe quantos desses encaminhados já tiveram o tratamento concluído e se foram encaminhados para terapia de manutenção nas UBS mais próxima de sua residência. O ideal seria que a CA aprimorasse sua função de gerenciar os encaminhamentos, fortalecendo o vínculo com o paciente acolhido e otimizando o processo de alta clínica. Sob essa ótica, observa-se que nem sempre há vagas suficientes na pós-graduação ou em outros serviços para atender à demanda de pacientes oriundos da CA, e isso prorroga o tempo de espera e retarda a alta, muitas vezes agravando o quadro clínico do paciente. A solução para esse ponto crítico poderia ser baseada na definição clara por parte da CA de sua rede de referência e contrarreferência, bem como do número de vagas em cada serviço, além do fortalecimento da consciência dos acadêmicos em acompanhar o paciente durante todo o seu percurso pelas clínicas da faculdade. Esses fatores propostos parecem estar ao alcance da CA e devem ser encorajados, no entanto, a ampliação de vagas e oferta de serviços mais complexos não parece ser uma responsabilidade limitada à atuação intramuros.

 

CONCLUSÃO

Com um perfil predominantemente constituído de pacientes adultos, leucodermas, do gênero feminino, observa-se que a maioria dos prontuários da CA estava corretamente preenchida pelos acadêmicos, o que remete a um desempenho satisfatório, mas ainda com necessidade de se enfatizar a importância dessas anotações, principalmente no que se refere à elaboração das opções de plano de tratamento. Os principais pontos a serem aprimorados são a diminuição do tempo de espera para o início do tratamento; a priorização do aumento do número de altas, mesmo que isso implique em um maior tempo de permanência do paciente na CA; e, a otimização do controle dos encaminhamentos para outras clínicas quando o caso não puder ser resolvido na CA, contribuindo para o atendimento integral do paciente.

 

APLICAÇÃO CLÍNICA

- Embora a maioria dos prontuários estivesse corretamente preenchida ainda se faz necessário enfatizar junto aos acadêmicos a importância da elaboração do plano de tratamento;
- A ênfase num plano de tratamento bem elaborado, certamente resultará na redução do tempo de espera pelo atendimento e maior número de altas;
- A CA deve servir de espaço para a rápida conclusão e alta clínica de casos mais simplificados e como ponto de partida para o encaminhamento de casos mais complexos.

 

REFERÊNCIAS

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. HumanizaSUS: Política Nacional de Humanização: a humanização como eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS / Ministério da Saúde, Secretaria-Executiva, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. - Brasília: Ministério da Saúde, 2004.         [ Links ]

2. Barros R, Botazzo C. Subjetividade e clínica na atenção básica, narrativas histórias de vida e realidade social. Ciência & Saúde Coletiva. 2011; 16(11): 4337- 4348.

3. Almeida ANS, Feitosa RM, Lima DWC. Entre o pensar e o fazer: (RE) discutindo saberes na Clínica Ampliada .2010 [acesso em: 2013 jul 15] Disponível em: http://www.uece.br/ setesaberes/anais/pdfs/trabalhos/592-06082010-151122.pdf

4. Cunha GT. A construção da clínica ampliada na atenção básica [Dissertação de Mestrado]. Campinas. Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas; 2004.

5. Hafner M, Moraes M, Marvilo M, Braccialli L, Carvalho M, Gomes R. A formação médica e a clínica ampliada: resultados de uma experiência brasileira. Ciência & Saúde Coletiva. 2010; (15),(Supl. 1): 1715- 1724.

6. Hayacibara MF, Lolli LF, Terada RSS, Hidalgo MM, Bispo CGC, et al. Experiência de Clinica Ampliada em Odontologia na Universidade Estadual de Maringá. Ver Bras Educ Med. 2012; 36 (1) supl 2.

7. Campos GW. A clínica do Sujeito: por uma clínica reformulada e ampliada. 1997. DMPS-UNICAMP.

8. Terada R, Fujimaki M, Pascotto R. Instrutivo da clínica ampliada do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá. Maringá. 2012; 617.601, pg 34, 8.

9. Baptista Neto, C. Examinando o paciente: Anamnese. Espelho Clínico (São Caetano do Sul), São Caetano do Sul, v. IX, n.50, p. 10-11, 2005.

10. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. Clínica ampliada e Compartilhada / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009.

11. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saú- de. Núcleo técnico da Política Nacional de Humanização. Grupo de Trabalho de Humanização/ Ministério da Saú- de, Secretaria de Atenção à Saúde, Núcleo técnico da Polí- tica Nacional de Humanização. — 2. ed. — Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2008.

12. Brasil. Código de ética odontológica. Aprovado pela Resolução CFO-118/2012. [acesso em: 2013 jul 05] Disponível em: http://cfo.org.br/wpcontent/uploads/2009/09/codigo_ etica.pdf

13. Medeiros U. Odontologia legal e legislação odontológica. [acesso em 2013 jul 20] Disponível em:http://saudebucalcoletivauerj.files.wordpress.com/2011/02/odontologia-legal-e-legislac3a7c3a3o-odontolc3b3gica2.pdf

14. Brasil. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CEES 1.133/2001, de 07 de Agosto de 2001. Diretrizes curriculares nacionais dos cursos de graduação em enfermagem, medicina e nutrição. Diário Oficial da União 2001; 3 out.

15. Takeshita W M, Padilha LS, Porto CP, Pintinha M, Hidalgo M M. Processo de implantação do Acolhimento com classificação de risco no Setor de Urgências da Clínica de Odontologia da UEM. In: 47 Reunião da Associação Brasileira de Ensino Odontológico - ABENO, 2012, Campinas. Revista da ABENO. Londrina: Abeno, 2012. v. 12. p. 129-130.

 

 

Autor para correspondência:
Carla Thais Rosada
Peruchi Avenida Silvio Alves, 967
Jardim Pioneiro - Paiçandu - PR
87140-000
Brasil

e-mail:
carlaperuchi@gmail.com

 

Recebido: abr/2015
Aceito: mai/2015