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Revista da Associacao Paulista de Cirurgioes Dentistas

versão impressa ISSN 0004-5276

Rev. Assoc. Paul. Cir. Dent. vol.70 no.3 Sao Paulo Jul./Set. 2016

 

Editorial

 

O panorama atual das resinas bulk-fill

 

 

A Odontologia restauradora direta vem progressivamente se tornando mais estética, com redução da utilização do amálgama de prata. As resinas compostas são atualmente o material de escolha para restaurações de dentes posteriores, principalmente pela semelhança de cor com as estruturas dentárias. Vários trabalhos estudam a longevidade deste material em comparação com o amálgama de prata, porém sem um posicionamento final sobre a superioridade de qualquer um deles.

Apesar de as resinas serem esteticamente favoráveis, há limitações de técnica. Dentre os principais problemas, tem-se a contração de polimerização, inerente às resinas compostas, e como consequência um protocolo de utilização minucioso, sensível e que demanda tempo. A técnica de inserção incremental oblíqua, com objetivo de reduzir os problemas da contração de polimerização, além de ser dispendiosa em relação ao tempo, ainda pode estar associada a problemas relacionados com inserção e polimerização inadequada dos incrementos, levando a criação de bolhas e fendas, e como consequência sobrevida reduzida da restauração.

Na tentativa de se simplificar esta técnica sensível, surgiram as resinas bulk-fill, ou resinas de preenchimento único. Inicialmente estas resinas apresentavam consistência fluida, com necessidade de recobrimento com uma resina de resistência mecânica adequada. Posteriormente, surgiram as resinas bulk-fill de consistência regular, simplificando ainda mais a técnica, sem necessidade do referido recobrimento. A técnica é simplificada, pois podem ser empregados incrementos horizontais de resina com quatro ou até cinco milímetros, sem preocupação no número de paredes cavitárias unidas. Esta característica parece favorecer muito os aspectos relacionados principalmente com a restauração de cavidades proximais profundas. Esta característica clínica é fundamentada em diversos mecanismos que propiciam menor contração de polimerização, sendo estes mecanismos quase que exclusivos de cada fabricante.

Por se tratar de um tema novo, ainda sem protocolo definitivo e sem definição de qual material se comportaria melhor, este número traz a opinião de experts nacionais e internacionais da área, traz a descrição de um caso clínico, objetivando ilustrar a técnica de utilização destes materiais, e ainda uma revisão geral das informações presentes na literatura. O objetivo principal deste número é situar o leitor sobre a disponibilidade deste material no mercado brasileiro, como o mesmo é utilizado na área de ensino, pesquisa e clínica, além de uma revisão com os principais resultados científicos destes materiais.

Esperamos auxiliar os clínicos na decisão sobre a utilização ou não desta classe de materiais, alertando que o acompanhamento da evolução dos mesmos, por meio de estudos científicos futuros, deve ser sempre realizado.

 

Boa leitura!

Eduardo Bresciani
Membro do Corpo Editorial da Revista da APCD