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RPG. Revista de Pós-Graduação

versão impressa ISSN 0104-5695

RPG, Rev. pós-grad. vol.17 no.4 São Paulo Out./Dez. 2010

 

RESUMOS ABSTRACTS

 

X Jornada Odontológica do Centro de Atendimento a Pacientes Especiais (X JOCAPE)

 

 

Comissão Organizadora:

Presidente: Karem Lopes Ortega

Marina Gallottini Magalhães, Ana Claudia Luiz,
Fabiana Martins e Martins, Karin Sá Fernandes,
Marcio Augusto de Oliveira, Nathalie Pepe Medeiros de Rezende e Paulo Sergio Silva Santos.

Data: 17 de novembro de 2010

Local: Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.

 

 

Fissura pré-forame incisivo completa: reabilitação estética e funcional

 

Maria da Conceição Andrade de Freitas, Débora Laís Ribeiro e Ribeiro, Thiara Guimarães Macedo, Polliana Nascimento Dias, Jean Thiago Silva Araújo

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) – Jequié (BA), Brasil

 

RESUMO: A fissura pré-forame incisivo completa segmenta o arco alveolar na região do incisivo lateral, quase sempre ausente ou hipoplásico. As cirurgias plásticas primárias, a queiloplastia e a palatoplastia, realizadas nos primeiros meses e anos de vida, respectivamente, reparam o defeito no tecido mole, lábio e palato, deixando uma fissura alveolar residual. O enxerto ósseo secundário prima por garantir suporte periodontal para irrupção e preservação dos dentes adjacentes à fissura. A condição para antecipação do enxerto é a presença do incisivo lateral no segmento fissurado, com morfologia que justifique o preparo do leito alveolar para sua irrupção. Este trabalho reveste-se por sua característica ímpar ao vislumbrar, através da descrição de um caso clínico a possibilidade de inclusão do incisivo lateral hipoplásico na área do enxerto ósseo alveolar.
RELATOS DE CASOS: A paciente C.I.S., 7 anos de idade, portadora de fissura pré-forame incisivo completa lado esquerdo, foi tratada no Centro de Anomalias Craniofaciais das Obras Sociais Irmã Dulce. Realizou-se o enxerto ósseo alveolar secundário durante a formação do incisivo lateral hipoplásico, propiciando a sua irrupção e a do canino permanente, bem como o posicionamento final dos dentes anteriores na área enxertada. Atualmente, a paciente encontra-se, na dentadura permanente, com função e estética satisfatórias, realizando cirurgias plásticas secundárias da face.

 


 

Avaliação das expectativas e sentimentos dos alunos de Odontologia frente ao atendimento de pacientes especiais

 

Cristhiane Olívia Ferreira do Amaral, Ana Paula do Carmo Aquotte, Letícia do Carmo Aquotte

Universidade do Oeste Paulista (Unoeste) - Presidente Prudente (SP), Brasil

 

INTRODUÇÃO: A experiência em se trabalhar e entrar em contato com os pacientes especiais é importante para a formação do futuro cirurgião-dentista, contribuindo com excelência para o crescimento interior e experiência de vida como ser humano.
OBJETIVOS: Avaliar o que os alunos de Odontologia sentem ao atenderem os pacientes especiais; analisar o comportamento do aluno frente a essas pessoas; e determinar o que poderia ser feito para minimizar as situações negativas no atendimento desses pacientes.
METODOLOGIA: Para a realização desse trabalho foi utilizado um questionário específico, que analisou o tipo de sentimento e as expectativas em relação ao contato com pessoas especiais; foram avaliados 100 graduandos do 4º ao 7º termo da Faculdade de Odontologia da Unoeste, que já tiveram contato com pacientes especiais. Os alunos não precisavam se identificar. Após a coleta dos questionários, os dados foram organizados e processados em porcentagem.
RESULTADOS: Os sentimentos negativos mais comuns foram a insegurança (35%) e a angustia (34%), e os positivos, necessidade de cuidar com amor (57%) e responsabilidade (55%). As reações comportamentais negativas foram o medo e a tristeza, e a positiva foi o carinho. Para 62% dos alunos, atender estes pacientes é vocação.
CONCLUSÕES: Os sentimentos dos alunos se apresentaram ambivalentes, mas a maioria (66%), positivos. Para minimizar as situações negativas no atendimento dos pacientes especiais é aconselhável que, além da disciplina na Universidade, existam estágios de vivência e atuação clínica externos, para ganhar maior experiência, habilidade e familiarização, diminuindo a insegurança durante o atendimento.

 


 

Drogas psicotrópicas em pacientes com necessidades especiais: introdução

 

Elisangela Fernandez Previtali, Maria Teresa Botti Rodrigues dos Santos

Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul) – São Paulo (SP), Brasil

 

INTRODUÇÃO: As drogas psicotrópicas alteram o comportamento do indivíduo. Em Odontologia essas drogas são representadas principalmente pelos tranquilizantes, podendo ou não levar o indivíduo à sedação, devido a sua atividade ansiolítica.
OBJETIVO: Avaliar quantos pacientes que procuraram o atendimento na disciplina de Odontologia para pacientes com necessidades especiais (OPE) na graduação da Unicsul de 2001 a 2008 faziam uso continuo de drogas psicotrópicas por indicação médica.
MATERIAIS E MÉTODOS: Após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (016/2009) foram avaliados 628 prontuários da disciplina de OPE. A variável estudada foi o uso contínuo de drogas psicotrópicas por prescrição médica, em relação à classificação Sabbagh-Haddad e Magalhães (2007). Foram consideradas as condições incapacitantes que obtiveram 35 indivíduos. A estatística foi descritiva e os testes utilizados foram do qui-quadrado e exato de Fisher, com nível de significância fixado 5%.
RESULTADOS: Em relação às condições incapacitantes obtivemos os percentis em ordem decrescente quanto ao uso contínuo de drogas psicotrópicas: distúrbios psiquiátricos (88,6%); transtornos convulsivos (87,5%); deficiência mental (61,8%); paralisia cerebral (51,6%); síndromes malformativas (21,4%); cardiopatias congênitas (14,8%); hipertensão arterial sistêmica (12,5%) e diabetes melito (6,9%).
CONCLUSÕES: O uso contínuo de drogas psicotrópicas em indivíduos com distúrbios psiquiátricos, transtornos convulsivos, deficiência mental e paralisia cerebral é fator de risco durante o tratamento odontológico devido às possíveis interações medicamentosas, quer por sinergismo ou antagonismo, requerendo atenção do profissional da área.

 


 

Manifestações bucofaciais da síndrome de Proteus: relato de caso clínico

 

Cyrene Piazera Silva Costa, Raquel Coelho Netto da Costa, Karlinne Maria Martins Duarte, Fernanda Ferreira Lopes, Maria Carmen Fontoura Nogueira da Cruz

Universidade Federal do Maranhão; Hospital Infantil Dr. Juvêncio Mattos – São Luís (MA), Brasil

 

A síndrome de Proteus possui etiologia desconhecida e variadas formas de apresentação e evolução fenotípica. Clinicamente caracteriza-se por anomalias do crânio (assimetria e/ou macrocefalia), hemi-ipertrofia, gigantismo parcial das mãos e/ou dos pés, tumores subcutâneos (lipomas, hemangiomas e linfemangiomas), nevus epidermicus e espessamento da pele. Os seus casos são raros, com incidência de 1 a cada 10.000 nascidos vivos e a relação de sexo masculino:feminino é de 1,9:1. Portanto, o objetivo deste trabalho é descrever, por meio de um relato de caso clínico, as manifestações bucofacias de tal síndrome. Paciente leucoderma, do sexo feminino, seis anos de idade, saudável e portadora de um retardo neuropsicomotor. Ao exame físico, ela apresentou gigantismo e malformações no esqueleto, além de macrodactilia dos dedos das mãos, assim como deformidades nas plantas dos pés. Já ao exame extrabucal foi observado o fenótipo facial (dolicocefalia, rosto alargado, ponte nasal fundida, narinas chatas e boca aberta em repouso), como também nevos epidérmicos, hiperostoses craniais e estrabismo. E por fim, ao exame intrabucal, foi observada a presença de palato ogival, mau posicionamento dos dentes, maloclusão, hipoplasia dental e aumento gengival, bem como erupção acelerada dos dentes permanentes. Logo, os cirurgiões-dentistas devem estar conscientes desta condição com o fim de contribuir para um melhor diagnóstico e conduta frente a mesma.

 


 

Alterações morfológicas promovidas pelo diabetes mellitus de curto e longo prazo em glândulas salivares de ratos

 

Mariana Marin Monteiro, Talyta Thereza Soares D'Epiro, Marcelo Lazzaron Lamers, José Nicolau, Marinilce Fagundes dos Santos

Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) – São Paulo (SP), Brasil

 

INTRODUÇÃO: O diabetes mellitus (DM) promove alterações orais como xerostomia, infecções oportunistas, cáries e problemas periodontais. Estas alterações são secundárias à diminuição do fluxo salivar e alterações qualitativas na saliva.
OBJETIVO: Avaliar alterações morfológicas em glândulas parótida e submandibular (GSM) de ratos com DM de 1 e 6 meses.
MATERIAIS E MÉTODOS: Estreptozotocina foi utilizada para indução do DM. A glicemia foi avaliada após 48 h e no sacrifício; foram considerados diabéticos os ratos com glicemia > 300 mg/dL. Foram avalidos peso corporal, ingestão, glicosúria e volume urinário. As glândulas e rins foram removidos, processados e submetidos à coloração por hematoxilina-eosina e reação imuno-histoquímica para laminina e colágeno III. Também foi realizada morfometria das GSM.
RESULTADOS: Na parótida foram observadas vacuolizações em células acinares e na GSM observou-se redução de ductos granulosos (DG) em animais com glicemia acima de 600 mg/dL. A análise morfométrica revelou que os animais com 30 dias de diabetes tiveram aumento de 11% da área ocupada por ácinos e redução de 27% na área ocupada por DG. O mesmo foi observado após 180 dias, sem agravamento. Houve aumento da deposição de laminina e colágeno III. Os rins foram utilizados para comparação e apresentaram um aumento progressivo de laminina ao longo do tempo, contribuindo para falência do órgão.
CONCLUSÃO:
A parótida é mais suscetível ao DM que a GSM. Os efeitos agudos do DM são mais acentuados que os crônicos, sugerindo a existência de mecanismos adaptativos em glândulas salivares; estes mecanismos não estão presentes nos rins, que sofrem progressivamente ao longo da doença. FAPESP e CNPq.

 


 

Manifestações clínicas da síndrome Cornelia de Lange: relato de caso

 

Luana Vital Pessoa, Stella Maria P. A. C. Vieira, Adriana Lira Ortega, Ana Lidia Ciamponi

Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP) – São Paulo (SP), Brasil

 

A síndrome de Cornélia de Lange (SCL) é doença multissistêmica cuja evidência causal provável é a trissomia parcial ou duplicação do cromossomo 3 e herança autossômica dominante. O diagnóstico fundamenta-se nas características clínicas, como retardo no crescimento ponderal, anomalias de extremidades, microbraquicefalia, perímetro encefálico reduzido, sobrancelhas unidas e espessas, estrabismo, cílios longos e curvados, ptose e nistagmo, nariz pequeno e narinas antevertidas, filtro nasal pouco evidente ou ausente, micrognatia, macroglossia, sínfises proeminentes, lábio superior fino, cianose perioral, palato ogival, microdontia, atraso na erupção dos dentes, anodontia parcial, fenda palatina e refluxo gastroesofágico. E.P.F., 13 anos, gênero masculino apresentou fenótipo facial compatível para SCL como sobrancelhas unidas e espessas, cílios longos e curvados, anomalias oculares, nariz pequeno e narinas antevertidas, filtro nasal ausente e lábio superior fino, além de outras manifestações clínicas como retardo no crescimento em peso e altura, alterações morfológicas das mãos e pés e inabilidade para falar e andar. Ao exame bucal revelou dentição mista cronologicamente retardada, sem doença cárie. Os dentes 51 e 61 foram radiografados e extraídos, a ulectomia foi realizada para que os correspondentes permanentes irrompessem na cavidade bucal. O bruxismo diurno e noturno foi evidenciado por desgaste oclusal importante e o uso de placa miorrelaxante se fez necessário para integridade estrutural dentária. O diagnóstico da SCL é dificultado pela variabilidade fenotípica e pela não existência de marcador biológico definitivo. Os achados físicos, faciais e bucais apresentados no presente relato são coincidentes às manifestações da SCL encontradas na literatura.

 


 

Efeitos da radioterapia no complexo dentomaxilofacial

 

Otávio Pagin, Bruna Stuchi Centurion, Elen de Souza Tolentino, Paulo Sérgio da Silva Santos

Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (USP) – Bauru (SP), Brasil

 

INTRODUÇÃO: A radioterapia interfere na mitose celular impossibilitando as células de se reproduzirem, pois quanto maior o poder de diferenciação de uma célula, maior será sua radiossensibilidade. Assim, os efeitos da radioterapia em crianças acabam interferindo no desenvolvimento tanto ósseo quanto dentário, visto que essas células estão em grande atividade mitótica.
RELATO DE CASO: Paciente gênero masculino, diagnosticado com tumor de assoalho de boca e base de língua aos 3 anos e 10 meses de idade, com resultado anatomopatológico de neoplasia maligna indiferenciada de pequenas células, sendo submetido à radioterapia por 37 dias com dose total de 4500 cGy e quimioterapia durante 1 ano e 3 meses. Foi encaminhado somente aos 16 anos para avaliação odontológica e durante exame clínico foi constatada uma fístula intraoral na região anteroinferior, falhas na odontogênese e hipodesenvolvimento mandibular. Foram realizadas radiografia panorâmica e tomografia computadorizada de feixe cônico, evidenciando um encurtamento radicular, não havendo praticamente inserção óssea e algumas lesões periodontais e periapicais. Devido à precária condição bucal, dentes com mobilidade, acúmulo de placa e inflamação gengival, planejou-se cautelosa terapia periodontal e extração dos dentes mais afetados com técnica cirúrgica o mais atraumática possível e antibioticoterapia. Até o momento os procedimentos executados foram bem sucedidos, com boa reparação tecidual, sem sinais de osteorradionecrose.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: O cirurgião-dentista deve ter conhecimento dos efeitos bucais imediatos e tardios da radioterapia, procurando reduzir e/ou prevenir as suas complicações, as quais podem comprometer a qualidade de vida dos pacientes.

 


 

Reabilitação gradativa com prótese ocular expansora em criança com perda de globo ocular por acidente

 

Patricia Tiemy Hirono Hotta, Reinaldo Brito e Dias, Cleusa Aparecida Campanini Geraldini, Luis Pablo Herrera Tinajero

Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP) – São Paulo (SP), Brasil

 

INTRODUÇÃO: Os olhos são peças fundamentais para compor um rosto uniforme e equilibrado. A perda pode desencadear problemas familiares, psíquicos e sociais. A maioria das perdas do globo ocular em crianças de 0 a 11 anos é por trauma. Para algumas crianças há um transtorno emocional, evitando até o convívio social.
RELATO DE CASO: Paciente masculino, 8 anos, perda do globo ocular direito por trauma, indicado para reabilitação com prótese ocular. No entanto, a cavidade era pequena necessitando de prótese ocular expansora para aumento gradativo até o tamanho ideal. A moldagem da cavidade foi realizada com alginato e seringa plástica. O molde foi incluído em mufla para posterior ceroplastia. Após a prova do modelo em cera, a acrilização foi realizada com resina incolor. A prótese possuía o mesmo volume e tamanho da cavidade, movimentos de adução e abdução foram avaliados. Após duas semanas, o paciente retornou apresentando uma cavidade mais elástica e com a prótese pequena. Houve reembasamento com cera rosa 7 recobrindo toda a área anterior da prótese, para promover um aumento uniforme de toda cavidade favorecendo maior abertura vertical e horizontal das pálpebras. A prótese expansora foi instalada e o paciente não relatou dor ou incômodo. A prótese continuará sendo reembasada em resina incolor até alcançar um volume favorável à instalação de uma prótese ocular propriamente dita.
CONCLUSÃO: Não somente a estética é restaurada, a autoestima, autoconfiança e conforto psicossocial também. O profissional necessita, além do conhecimento na área, da consciência de que seu trabalho é um fator importante para o bom crescimento e desenvolvimento dessas crianças.

 


 

Avaliação da importância da transdisciplinaridade na Odontologia para pessoas com deficiência

 

Carla Paes Gomes De Matos, Sandra Regina de Freitas Batista, Camila Teixeira Hardt, Mônica Fernandes Gomes

Faculdade de Odontologia de São José dos Campos da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp) – São José dos Campos (SP), Brasil

 

INTRODUÇÃO: O Programa de Formação em Odontologia para Pessoas com Deficiência, da FOSJC/Unesp, forma e capacita odontólogos da rede pública do Estado de São Paulo, de instituições não governamentais e docentes de universidades públicas e privadas para promoção de saúde e reabilitação do complexo bucocraniofacial de pacientes com disfunção neuropsicomotora, utilizando como ferramenta a transdisciplinaridade.
OBJETIVO: Avaliar a atuação transdisciplinar durante os procedimentos clínico-odontológicos da pessoa com deficiência.
MATERIAIS E MÉTODOS: Vinte e nove alunos preencheram individualmente um questionário de conduta clínica. Os dados foram submetidos à análise descritiva simples por meio de porcentagem.
RESULTADOS: Embora 62% dos odontólogos não relatarem quaisquer experiências de atuação profissional transdisciplinar, 100% a consideraram imprescindível após seu ingresso no Programa. Dentre os procedimentos que podem ser realizados pelos fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e/ou psicólogos, foram identificados: adequação postural na cadeira odontológica (89,65%); minimização dos reflexos orais e melhora da abertura de boca (31%); o esclarecimento e apoio às famílias (31%); identificação e compreensão do diagnóstico (17,2%); o gerenciamento comportamental (27,6%); técnicas de transferência para a cadeira odontológica (13,8%); contenção física e mecânica (13,8%); estratégias de comunicação alternativa (6,9%) e adaptações dirigidas à higienização oral (3,4%).
CONCLUSÃO: A transdisciplinaridade deve ser aplicada na Odontologia para pessoas com deficiência, viabilizando um atendimento ambulatorial seguro e eficaz, tanto para o paciente quanto para o profissional, e norteando a implementação de novos protocolos na conduta clínica e na política pública para a saúde bucal.

 


 

Manifestações bucais da neurofibromatose tipo I

 

Thaís Sumie Nozu Imada, Kellen Cristine Tjioe, José Humberto Damante, Eduardo Sanches Gonçales, Cléverson Teixeira Soares

Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (USP) – Bauru (SP), Brasil

 

INTRODUÇÃO: A neurofibromatose tipo I é uma doença autossômica dominante, com ocorrência de 1 a cada 3.000 nascimentos. Tem expressividade variável, de manchas café com leite à neurofibromas, além de glioma ótico e os nódulos de Linsch. A manifestação oral mais comum é o aumento das papilas fungiformes, sendo raros os neurofibromas intraorais verdadeiros.
RELATO DE CASO: Um homem de 57 anos, leucoderma, queixou-se de crescimento na boca. Tratava-se de uma massa nodular pedunculada eritematosa, com cerca de 4,5 cm no rebordo alveolar e associado ao dente 11. Evoluia há dois meses sendo indolor. Ao exame físico geral, o paciente apresentava deficiência na marcha por má formação do pé esquerdo, nódulos moles na face, tórax e membros superiores e manchas café com leite em tórax e perna. Relatou remoção cirúrgica de nódulos cutâneos e plastia no lábio com diagnóstico anatomopatológico de neurofibroma. No palato, havia massa resiliente que se estendia até rebordo alveolar, lado direito. Radiografia panorâmica e TCFC revelaram grande reabsorção óssea horizontal na maxila e alargamento dos processos estilo-hióideos. A biópsia do nódulo resultou em lesão periférica de células gigantes e a do palato, em neurofibroma plexiforme, sendo que esse material foi submetido a exame imuno-histoquímico. O diagnóstico da neurofibromatose impõe aconselhamento genético para todos, já que 50% dos casos são hereditários. A complicação mais temida é a transformação maligna que ocorre em cerca de 5% dos casos e possui prognóstico sombrio. Assim, é importante a contribuição do cirurgião dentista para o diagnóstico e tratamento da doença.

 


 

Primeiras manifestações da síndrome de Gardner

 

Kellen Cristine Tjioe, Bruna Stuchi Centurion, Thaís Sumie Nozu Imada, José Humberto Damante

Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (USP) – Bauru (SP), Brasil

 

INTRODUÇÃO: A síndrome de Gardner (SG) é um raro distúrbio genético caracterizado por polipose intestinal, múltiplos osteomas e cistos dermoides. O risco de transformação maligna dos pólipos intestinais é de 100%, sendo importante o diagnóstico precoce para melhor prognóstico do paciente. O osteoma é uma lesão óssea benigna, cujo aparecimento precede as manifestações intestinais, tornando-se um marcador biológico da doença. O tratamento inclui intervenção cirúrgica profilática no intestino (colectomia), acompanhamento e aconselhamento genético.
RELATO DE CASO: Paciente do gênero feminino, 12 anos de idade, queixava-se de "caroço no rosto". O exame clínico revelou lesão de consistência endurecida, imóvel e indolor, 4 cm de diâmetro, presente na base da mandíbula, lado esquerdo, há 3 meses e recoberta por pele normal. A paciente negou trauma na região ou qualquer fato relacionado. Radiografia panorâmica revelou imagem radiopaca, com densidade compatível com osso e continuidade com a base da mandíbula. O diagnóstico presuntivo foi de osteoma e, diante da suspeita de associação com condição sindrômica, levantou-se a história médica familial. O pai havia sido submetido à colectomia total por múltiplos pólipos intestinais e adenocarcinoma de cólon. O avô falecera pelo mesmo motivo. Continuando a investigação imaginológica do crânio, realizou-se a tomografia computadorizada por feixe cônico. Além da descrita lesão, havia outro pequeno nódulo sugestivo de osteoma no osso frontal. Os achados clínicos e imaginológicos permitiram o diagnóstico final de SG. A paciente está em observação e será submetida à colonoscopia e remoção do osteoma em uma única sessão aos 15 anos, idade na qual geralmente aparecem os primeiros pólipos.

 


 

Avaliação de fluxo salivar estimulado e não estimulado em pacientes HIV+

 

Fernando Watanuki, Catalina Riera Costa, Cláudia Pereira Barbosa, José Henrique Rosseto, Karem López Ortega

Centro de Atendimento a Pacientes Especiais da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (CAPE-FOUSP) – São Paulo (SP), Brasil

 

INTRODUÇÃO: Os pacientes HIV+ possuem alterações em glândulas salivares que podem resultar em xerostomia e/ou aumento volumétrico das mesmas. O aumento das glândulas salivares está associado com linfadenopatia, presença de cistos linfoepiteliais e uma linfocitose de células CD8, alterando o funcionamento da glândula. A hipossalivação é diagnosticada através da medição do fluxo salivar estimulado ou não estimulado. O fluxo salivar não estimulado é resultado principalmente da secreção das glândulas submandibular e sublingual. Sob estimulo mastigatório, a contribuição é, principalmente, das glândulas parótidas.
OBJETIVO: Avaliar a presença de hipossalivação em pacientes HIV+ sem uso de medicação antirretroviral e correlacioná-la com CD4, CD8 e carga viral.
MATERIAIS E MÉTODOS: Os fluxos salivares estimulado (FSE) e não estimulado (FSNE) foram aferidos em 100 pacientes imunodeprimidos pelo HIV. Foram considerados hipossalivação valores menores que 0,1mL/min para o FSNE e menores que 0,7 mL/min para o FSE. Também foram colhidos dados de CD4, CD8 e carga viral (CV). A análise estatística (teste exato de Fisher) foi executada para verificar a existência de correlação entre o fluxo salivar e os valores de CD4, CD8 e CV.
RESULTADOS: Dos 100 pacientes, 18 apresentaram hipossalivação através do FSNE e 48 através do FSE. A análise estatística apontou correlação entre o FSE e níveis altos de CD8 (p < 0,05).
CONCLUSÕES: A hipossalivação foi frequente no grupo avaliado, mesmo sem a utilização de antirretrovirais. A relação entre o FSE e altos níveis de CD8 pode indicar que existe uma infiltração de linfócitos CD8, principalmente nas parótidas, interferindo no funcionamento desta glândula e resultando em hipossalivação.

 


 

Fibromatose hialina juvenil

 

Cristina Lima Leite Carvalhaes, Fernanda Silva, Marina Helena Gallottini de Magalhães, Nathalie Pepe Medeiros De Rezende, Karem López Ortega

Centro de Atendimento a Pacientes Especiais da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (CAPE-FOUSP) – São Paulo (SP), Brasil

 

INTRODUÇÃO: A fibromatose hialina juvenil (FHJ) é uma doença autossômica recessiva rara com comprometimento sistêmico e início dos sinais clínicos na infância. Existem aproximadamente 70 casos relatados pela literatura. É caracterizada por aumento anormal de tecido fibroso hialinizado levando ao desenvolvimento de lesões na pele (nódulos, tumores e pápulas peroladas) de crescimento lento que podem ser isoladas ou localizadas em grupos, principalmente em região de cabeça, costas e extremidades. Comumente estes pacientes apresentam contraturas ligamentares, hiperplasia gengival, lesões ósseas osteolíticas e crescimento atrofiado. Os achados histológicos representam diferentes graus de fibroblastos e substância hialina amorfa nos espaços extracelulares da derme e tecidos moles.
RELATO DE CASO: Dois irmãos com diagnóstico de FHJ, de 10 e 8 anos de idade compareceram ao CAPE para tratamento de lesões intraorais. Apresentavam redução importante de movimentos, lesões nodulares em tronco, cabeça, pescoço, face e extremidades e deformação de membros e dígitos. Ao exame clínico foram identificadas lesões nodulares em gengiva, microstomia e redução da mobilidade e da elasticidade da mucosa jugal. Foram executadas cirurgias para a remoção dos nódulos gengivais e o material colhido foi enviado ao laboratório de Patologia Cirúrgica da Disciplina de Patologia Bucal da FOUSP. O tratamento da FHJ é feito através da remoção cirúrgica dos nódulos, porém, a recidiva local é bastante comum. A regressão espontânea raramente pode ocorrer. A FHJ é uma doença estigmatizante, incapacitante e que pode apresentar distúrbios fatais pela falta de tratamento da doença.

 


 

Parâmetros clínicos periodontais e expressão genética de interferon alfa em indivíduos com síndrome de down com doença periodontal

 

Marcia Hiromi Tanaka, Lícia Bezerra Cavalcante, Juliana Rico Pires, Elisa Maria Aparecido Giro, Raquel Mantuaneli Scarel-Caminaga

Faculdade de Odontologia de Araraquara da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp), Araraquara (SP), Brasil

 

INTRODUÇÃO: A doença periodontal (DP) em indivíduos com síndrome de down (SD) se desenvolve precocemente, de modo rápido e generalizado em comparação com indivíduos não-sindrômicos.
OBJETIVO: Este estudo investigou as diferenças nos parâmetros clínicos periodontais e níveis de expressão dos genes Interferon alfa (IFNA), Interferon alfa receptor 1 (IFNAR1) e Interferon alfa receptor 2 (IFNAR2) em indivíduos com SD que apresentam ou não DP e em indivíduos cromossomicamente normais.
MATERIAIS E MÉTODOS: Participaram deste estudo 80 indivíduos subdivididos em 4 grupos: SD com DP (A); indivíduos com SD sem DP (B); indivíduos não-sindrômicos (Controle) com DP (C) e indivíduos Controle sem DP (D). Fragmentos de gengiva foram obtidos para investigar a expressão gênica por quantificação relativa em tempo real.
RESULTADOS: Considerando os parâmetros clínicos, não foram encontradas diferenças na periodontite crônica entre indivíduos com SD e Controle. Na análise genética, indivíduos com SD (A+B-C+D) mostraram uma expressão consideravelmente menor (RQ = 0,46) que os indivíduos cromossomicamente normais com DP (C-D) (RQ = 1,06), indicando uma imunodeficiência em um importante mecanismo de controle da inflamação. Indivíduos com SD apresentaram expressão significativamente maior do gene IFNAR1, o qual reside no cromossomo 21.
CONCLUSÃO: Portanto, a SD provavelmente pode interferir na via de sinalização do IFNA contribuindo para uma menor eficiência do sistema imune frente à DP. Este trabalho teve apoio financeiro da Fapesp com as bolsas de TT-III (05/03175-1 e 06/04936-7) e auxílio pesquisa 05/00588-1.

 


 

Manejo de lesão factícia em paciente com paralisia cerebral: relato de caso

 

Erica Fernanda Patricio da Silva, Alessandra Rodrigues de Camargo, Andréa Lusvarghi Witzel, Celso Augusto Lemos-Júnior, Norberto Nobuo Sugaya

Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP) – São Paulo (SP), Brasil

 

A paralisia cerebral (PC) é atribuída a perturbações não progressivas ocorridas durante o desenvolvimento cerebral fetal ou infantil (2:1.000 nascidos vivos), causando distúrbio permanente dos movimentos e da postura. A autoinjúria, ou injúria factícia, constitui ocorrência comum nesses pacientes. Paciente do sexo feminino, 20 anos de idade, apresentou dificuldade de alimentação e perda de peso devido a ulceração em mucosa jugal esquerda com 1 mês de evolução. A cuidadora referiu que a paciente desenvolvera hábito de mordiscar a mucosa acompanhado de sucção e bruxismo. O exame físico intraoral revelou úlcera infiltrativa de bordas elevadas, recoberta por pseudomembrana amarela/brancacenta, medindo 2,5 cm de diâmetro e evidente indentação. O diagnóstico de úlcera factícia indicou debridamento da lesão e instituição de terapia à base de anestésico tópico e higiene local. Após uma semana sem melhora optou-se pela confecção de placa em silicone para afastamento do trauma local associada a higiene da área com solução de clorexidina 0,12%. Em sete dias houve significativa regressão da lesão e retorno da paciente à alimentação normal. Duas semanas após a instalação da placa a lesão havia regredido a cerca de 0,5 cm. A paciente foi encaminhada a clínica especializada para tratamento e controle integrados. Diversas estratégias e dispositivos podem ser aplicados na prevenção e tratamento da injúria factícia, selecionados de acordo com as características do paciente e da lesão. Em nossa paciente optamos por placa espessa em silicone que pudesse impedir o trauma local e permitir a cicatrização da lesão. A paciente se ajustou ao uso da placa e controles periódicos atestaram a resolução da lesão factícia.

 


 

Avaliação das estratégias de comunicação utilizadas por cirurgiões-dentistas no atendimento odontológico de pacientes surdos

 

Claudia Barbosa Pereira, Maria Luiza Veloso de Almeida, Fernando Watanuki, Marina H.C.G. Magalhães, Karem López Ortega

Centro de Atendimento a Pacientes Especiais da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (CAPE-FOUSP) – São Paulo (SP), Brasil

 

INTRODUÇÃO: A comunicação sempre foi considerada uma ferramenta importante para os profissionais de saúde no gerenciamento do diagnóstico e no desenvolvimento de um relacionamento paciente-profissional. A perda auditiva é considerada o déficit sensorial mais comum e resulta na restrição das habilidades de se comunicar pela linguagem oral. De acordo com a legislação brasileira a língua de sinais foi oficializada como a língua natural de comunicação e expressão de pessoas surdas e o decreto 5.626 de 22/12/02 estabelece a obrigatoriedade da capacitação em língua de sinais por profissionais da área da saúde no setor público para o atendimento a pessoas surdas no Brasil.
OBJETIVO: Avaliar as estratégias de comunicação utilizadas pelos cirurgiões-denstistas do CAPE (FOUSP) com pacientes surdos.
MATERIAIS E MÉTODOS: Foram aplicados 50 questionários aos cirurgiões-dentistas (CD) do CAPE (FOUSP) com a finalidade de verificar quais as estratégias de comunicação utilizadas com pacientes surdos.
RESULTADOS: Os CDs declaravam-se inseguros e pouco preparados, necessitando, na maioria das vezes, do auxílio de um interlocutor. Somente 6,0% dos profissionais utilizam a língua de sinais no atendimento odontológico de pacientes surdos.
CONCLUSÃO: O conhecimento adequado das estratégias de comunicação deveria ser oferecido aos pacientes surdos para contribuir na educação de saúde bucal e proporcionar experiências odontológicas mais positivas.

 


 

Anomalias dentárias em pacientes com glicogenose

 

Raquel Ribeiro Gomes, Jéssica Araújo Viana, Heliana Dantas Mestrinho, Lílian Marly de Paula, Paulo Márcio Yamaguti

Universidade de Brasília (UnB) – Brasília (DF), Brasil

 

INTRODUÇÃO: Glicogenose (doenças do armazenamento do glicogênio) são desordens hereditárias que afetam o metabolismo do glicogênio. O glicogênio apresenta-se alterado em quantidade ou qualidade devido a alterações nas enzimas responsáveis por sua síntese e degradação. Fígado e músculos são os órgãos mais comuns e seriamente afetados, mas também há relatos de anomalias dentárias. A frequência de todas as formas de glicogenose é de aproximadamente 1 em 20.000-25.000 nascidos vivos.
OBJETIVO: Descrever as anomalias dentárias observadas em pacientes com glicogenose atendidos na Divisão de Odontologia do HUB.
MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo descritivo de casos procedentes do Distrito Federal (DF) e entorno. Os pacientes foram submetidos a exame clínico e radiográfico após assinatura do termo de consentimento. Foram identificadas anomalias dentárias de forma, número e erupção.
RESULTADOS: Foram atendidos quatro pacientes encaminhados de hospitais da Secretaria de Saúde do DF com diagnóstico de Glicogenose hepática. Todos apresentaram anomalias de forma radicular, principalmente taurodontia e dentes com raízes curtas. Além disso, observou-se agenesia dentária, dente supranumerário e alteração no eixo de erupção de caninos.
CONCLUSÕES: (1) Os achados deste estudo indicam uma possível associação entre distúrbios do metabolismo do glicogênio e a presença de anomalias dentárias de forma e de número. Entretanto, são necessários estudos com um grupo maior de pacientes com glicogenose para confirmar estes achados. (2) A identificação da associação entre as anomalias dentárias e a glicogenose pode auxiliar na compreensão dos mecanismos relacionados ao metabolismo do glicogênio e a odontogênese, assim como no diagnóstico precoce, tratamento e acompanhamento apropriado das anomalias dentárias nesses pacientes.

 


 

Reabilitação protética facial em paciente com dismorfologia importante

 

Ronald Vargas Orellana, Kaue Campos Pavanello, Bruno Frignani Sylvestre, Reinaldo Brito e Dias, Marina Helena Cury Gallottini de Magalhaes

Patologia Bucal – Centro de Atendimento a Pacientes Especiais da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (CAPE-FOUSP) – São Paulo (SP), Brasil

 

Paciente gênero masculino, 25 anos de idade, previamente diagnosticado como portador de síndrome de Beare Stevenson, embora não traga as características típicas desta síndrome, realiza tratamento no CAPE há cerca de 6 anos. O paciente apresenta importante dismorfismo geral e facial, que inclui cutis gyrata, caracterizada por pele grossa e de padrão cerebriforme, hipertricose, acanthosis nigricans, aplasia de osso nasal, ausência de pálpebras, lábio e de nariz. Realizou reabilitação oral com expansão maxilar cirúrgica e ortodontia. No momento, a queixa principal do paciente era a falta de estética facial. O tratamento proposto foi a confecção de prótese nasal. Após a moldagem de estudo realizou-se a confecção de moldeira individual, moldagem com silicone leve, execução da escultura em cera e massa modelina, confecção das muflas, injeção do silicone, instalação, ajuste periférico e controles. A prótese nasal exibiu boa estabilidade, permeabilidade na respiração. Após a instalação, o paciente mostrou-se satisfeito com o resultado estético e sentiu-se motivado em relação à sua imagem.

 


 

Parâmetros cardiovasculares em pacientes HIV positivos com periodontite crônica

 

Ronald Vargas Orellana, Andrea Mantesso, Andrea Moreira Monteiro, Magnus Gidlund, Karem Lopez Ortega

Patologia Bucal - ICV-IV – Centro de Atendimento a Pacientes Especiais da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (CAPE-FOUSP) – São Paulo (SP), Brasil

 

INTRODUÇÃO: Recentemente, alguns estudos apontam a saúde bucal, principalmente a doença periodontal a fatores de risco relacionados à aterosclerose, entretanto poucos estudos têm associado à doença periodontal em pacientes HIV positivos. Assim, o objetivo desse trabalho é investigar a associação entre periodontite crônica e marcadores de risco para aterosclerose em pacientes HIV positivos.
MATERIAIS E MÉTODOS: Foram selecionados 20 pacientes com periodontite crônica e 20 pacientes sem doença periodontal, ambos os grupos HIV positivo. Analisou-se: colesterol total, lipoproteína de alta densidade (HDL), lipoproteína de baixa densidade (LDL), triglicérides, interleucina-1 e 10, contagem total e diferencial de células sanguíneas.
RESULTADOS: Os níveis de colesterol total, triglicérides, HDL-C e LDL-C foram similares em ambos os grupos (p = 0,5338; p = 0,7660; p = 0,2444 e p = 0,9461). Interleucina-1 e 10, número de leucócitos, linfócitos, neutrófilos não foram significantes nos pacientes com periodontite crônica (p = 0,7557; p = 0,1479; p = 0,3717; p = 0,6359 e p = 0,1805).
CONCLUSÃO: Nossos resultados sugerem não haver associação entre a periodontite e fatores de risco para aterosclerose em pacientes HIV positivo.

 


 

Síndrome de Freeman-Sheldon

 

Jairo Lessa Crepaldi, Margareth Torrecillas Lopez, Agda Maria de Moura, Marcos Antonio de Souza Rocha, Marcia André

Depto Cirurgia, Prótese e Traumatologia Maxilofaciais – Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP) – São Paulo (SP), Brasil

 

A síndrome de Freeman-Sheldon (FSS) também é conhecida como distrofia crânio-carpo-tarsal, artrogripose distal tipo 2, síndrome Windmill-Vane-Hand ou síndrome da "face do assobio". A FSS é uma rara miopatia congênita, caracterizada por uma tríade de sinais: expressão facial do assobio, desvio ulnar da mão e contratura dos dedos principalmente do polegar e deformidades dos pés. Apresentam múltiplas contraturas da face que estão associadas com microstomia, micrognatia e rigidez do pescoço, que lhes conferem um aspecto de "face do assobio". Mostram discreto hipertelorismo, fendas palpebrais estreitas e levemente antimongoloides, nariz pequeno em sela e palato ogival. Muitos pacientes desenvolvem nítida escoliose e deficiência estatural. R.A.S., 6 anos, sexo masculino, filho de pais clinicamente normais, procura a disciplina de PBMF da FOUSP, com diagnóstico da Síndrome de Freeman-Sheldon. Ao exame clínico observamos as manifestações sindrômicas referidas e adicionalmente grande dificuldade de abertura bucal, lesões cariosas e má oclusão dentária. Foi elaborado um plano de tratamento multidisciplinar, quando se priorizou a abordagem das alterações miofuncionais, o que levou a um trabalho fonoaudiológico prévio ao tratamento odontológico. Logo que se obteve resultados mioterápicos satisfatórios iniciou-se o tratamento odontológico restaurador, sem contudo interromper a fonoterapia. Posteriormente, estabeleceu-se a programação ortodôntica, que consistiu de expansão maxilar por meio de aparelhos removíveis, remoção de dentes e aparatologia fixa para o alinhamento dentário e obtenção de uma oclusão estável. Os resultados obtidos mostraram que a atuação interdisciplinar é necessária para se alcançar sucesso na reabilitação de pacientes sindrômicos.

 


 

Manifestações bucais em pacientes com imunodeficiência comum variável

 

Cintia de Paula Martins, Cristine Ayame Ivano, Karin Sá Fernandes, Cristina Maria Kokron, Marina Magalhães

Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP) – São Paulo (SP), Brasil

 

(Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP - Alergia e Imunologia Clínica) A imunodeficiência comum variável (ICV) é um tipo de imunodeficiência primária caracterizada por hipogamaglobulinemia, ou seja, ocorre uma alteração da imunidade humoral com baixos níveis séricos de anticorpos. Estes pacientes apresentam suscetibilidade aumentada a infecções bacterianas de repetição ou crônicas, principalmente do trato respiratório, doenças gastrointestinais infecciosas e inflamatórias, doenças autoimunes, doenças linfoproliferativas e granulomatosas. Ainda que a doença seja conhecida desde 1954, há poucos trabalhos na literatura sobre manifestações bucais nestes pacientes. O objetivo deste trabalho foi traçar o perfil odontológico dos pacientes com ICV, através da avaliação das manifestações e alterações bucais, correlacionando-as com o estado imunológico do paciente. Foi realizado exame clínico bucal, anamnese e compilação de exames laboratoriais recentes de 78 pacientes com ICV. As manifestações bucais mais frequentes nos pacientes ICV foram hipoplasia de esmalte, cárie, gengivite, periodontite, úlcera aftosa recorrente, língua geográfica e boca seca. Vinte e três pacientes apresentaram queixas de úlcera aftosa recorrente com frequência e 17 apresentaram queixa de episódios frequentes de herpes simples. Concluímos que os pacientes com ICV apresentam saúde bucal satisfatória, e que apesar da maioria dos pacientes apresentarem diminuição das imunoglobulinas do sangue, e alguns pacientes apresentarem uma diminuição de células da imunidade celular, não encontramos correlação entre a incidência das alterações bucais e a imunidade do paciente.

 


 

Estudo transversal da prevalência de maloclusões em pacientes com necessidades especiais

 

Patrícia Valéria Cunha Georgevich, Denise Sabbag-Haddad, Stella Maris Badino Abani Krahembuhl, Aida Sabbagh-Haddad

Associação Brasileira de Ensino Odontológico (ABENO) – São Paulo (SP), Brasil

 

Com objetivo de diagnosticar a prevalência de maloclusões e os tipos dessas, nos diversos grupos de PNE, realizamos um estudo transversal, randomizado, onde foram examinadas 385 fichas clínicas do Curso de Especialização em Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais, da ABENO/SP, entre os anos de 2004 a 2010. A metodologia foi a abordagem indutiva com procedimentos estatísticos e descritivos, sendo a técnica pesquisa quantitativa observacional. Os resultados mostraram 293 pacientes (76%) com maloclusões e 92 (24%) sem maloclusões. Dentre os pacientes com maloclusões 149 (51%) eram do gênero masculino e 144 (49%) feminino; nos diferentes grupos étnicos encontramos 144 pacientes do tipo feoderma (49%), leucoderma 123 (42%), melanoderma 24 (8%) e xantoderma 2 (1%); a deficiência mental isolada ou associada a outras condições esteve presente em 202 pacientes (69%), paralisia cerebral sem deficiência mental foi observada em 52 pacientes (18%) e outras alterações como doenças sistêmicas crônicas, psiquiátricas e infectocontagiosas em 39 pacientes (13%). Dos 293 pacientes com maloclusões encontramos: mordida aberta anterior em 59 pacientes (20%), sobremordida em 64 (22%), mordida cruzada anterior e ou posterior em 70 (24%), apinhamento dental em 100 (34%). Concluiu-se a alta prevalência de maloclusões dentárias do tipo apinhamento e mordida cruzada anterior e ou posterior entre os diversos grupos de PNE, principalmente aqueles com comprometimento cognitivo. Mostrando-se importante o tratamento ortodôntico e ortopédico funcional dos maxilares nesses indivíduos, com o objetivo de um atendimento odontológico mais qualitativo visando a uma melhor qualidade de vida do PNE.

 


 

Modelo animal para estudo da influência dos bisfosfonatos sobre a osseointegração de implantes de titânio: estudo piloto

 

Marcio A. Oliveira, Denise A. Asahi, Luiz A.P.A. Lima, Michael Glick, Marina. H. C. G. Magalhães

Universidade de São Paulo (USP)

 

INTRODUÇÃO: A terapia com bisfosfonatos (BPs) tem sido empregada no tratamento de doenças metabólicas do osso. A ocorrência de osteonecrose dos ossos maxilares, em pacientes expostos aos BPs nitrogenados foi descrita em 2003.
OBJETIVO: O objetivo deste estudo é propor um modelo animal para estudo histomorfométrico da influência dos bisfosfonatos nitrogenados endovenosos sobre a osseointegração de implantes em tíbia de ratos.
MATERIAIS E MÉTODOS: Foram utilizados ratos da raça Wistar divididos em 3 grupos iguais: grupo 1, recebendo BPs (3 doses semanais de ácido zoledrônico 7,5 µg/kg); grupo 2, recebendo BPs e corticosteroides (3 doses semanais de ácido zoledrônico e 21 doses diárias de dexametasona 1 mg/kg) e grupo 3 não recebendo drogas. Foram utilizados implantes com as dimensões apropriadas (4,1 mm de comprimento e 1,35 mm de diâmetro). Duas perfurações foram realizadas a 500 rotações por minuto usando broca cilíndrica de 0,9 mm de diâmetro e 2 implantes foram instalados. O sacrifício foi feito nos períodos de 1, 2 e 4 semanas (pós-operatório). As peças foram fixadas em formaldeído a 4%, glutaraldeído a 0,1% em tampão cacodilato de sódio 0,1 M pH 7,4. Os blocos foram desidratados em álcool e, em seguida, infiltradas e embebidas em resina em baixas temperaturas a 4°C. As tíbias foram cortadas longitudinalmente com micrótomo específico. Os cortes foram lixados e polidos até uma espessura final de 15 a 25 µm para análise histomorfométrica.
CONCLUSÃO: A administração de ácido zoledrônico em modelo animal precedendo a colocação de implantes permitiu a obtenção de espécimes histológicos úteis para o estudo da interface entre osso e implante.

 


 

Exodontias em pacientes senescentes em anticoagulação oral - estudo retrospectivo

 

Bruno Guardieiro, Katya Mara Blat Oliveira

Centro de Referência do Idoso da Zona Norte – ACSC – CRI-ZN – São Paulo (SP), Brasil, E-mail: brunoguardieiro@gmail.com

 

INTRODUÇÃO: Extrações dentárias são procedimentos comuns em pacientes em anticoagulação oral. No passado, discutia-se muito a respeito da interrupção ou redução da dose do anticoagulante oral previamente a cirurgias orais. A recomendação atual é de que estes procedimentos sejam realizados sem qualquer interrupção ou redução da anticoagulação com ênfase na eficácia da hemostasia local.
OBJETIVO: Avaliar a frequência de complicações hemorrágicas após procedimentos dentais invasivos em pacientes idosos em terapia de anticoagulação.
MATERIAIS E MÉTODOS: Revisão do prontuário médico e odontológico de 30 pacientes em terapia de anticoagulação. Foram coletados dados referentes ao histórico médico, quantidade e tipo de procedimentos realizados, visitas médicas eletivas ou de urgência, uso de medidas hemostáticas e complicações pós-operatórias.
RESULTADOS: Foram realizadas 64 extrações dentárias em 30 pacientes em anticoagulação oral com média de idade de 68 anos, no período de 2007 a 2010. A média da relação normatizada internacional (RNI) foi de 2,42. Não houve nenhum episódio de sangramento pós-operatório prolongado registrado, bem como visitas a centros médicos de urgência em decorrência a eventos hemorrágicos.
CONCLUSÃO: Os achados vão de encontro com as recomendações atuais, nas quais o risco tromboembólico causado pela alteração da medicação supera o risco hemorrágico de pacientes submetidos a cirurgia oral, sendo indicada, portanto, a manutenção da medicação anticoagulante.

 


 

Cuidados odontológicos em paciente com hemoglobinúria paroxística noturna e síndrome de Budd-Chiari

 

Maria Carolina Vilela, Ester Pereira da Costa, Laís Degani Guarenghi, Paulo Sérgio da Silva Santos

Centro de Atendimento a Pacientes Especiais da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (CAPE-FOUSP) – São Paulo (SP), Brasil

 

INTRODUÇÃO: Hemoglobinúria paroxística noturna (HPN) é uma anemia hemolítica crônica, causada por um defeito na membrana da hemácia, caracterizada por icterícia, esplenomegalia, insuficiência medular e trombose das veias sub-hepaticas, sendo fator etiológico da síndrome de Budd-Chiari (SBC). A SBC é caracterizada por hipertensão portal com hepatomegalia causada pela obstrução venosa do sistema de drenagem do fígado, desencadeando ascite, icterícia, edema de membros inferiores e disfunção hepática. O tratamento se baseia em anticoagulantes, transplante de medula óssea e transplante de fígado, respectivamente.
RELATO DE CASO: paciente do sexo masculino, 24 anos com história de HPN e SBC, em uso de Marevan 5 mg/dia, furosemida 120 mg/dia e aldactone 900 mg/dia. Condição laboratorial (bilirrubina total 1,6 mg/dL, albumina 3,1 g/dL, sódio 132 mEq/L, plaquetas 118 x10³/uL, linfócitos 590 uL e TP/INR 3.04). O paciente estava em preparo para transplante de fígado. Ao exame clínico observamos ressecamento da pele, icterícia e petéquias, e intraoral equimoses, hálito cetônico, cáries e boa condição periodontal. Radiograficamente visualizamos foco de infecção dental com reabsorção radicular, lesões cariosas extensas com comprometimento pulpar. Após a avaliação laboratorial realizamos exodontias utilizando técnicas atraumáticas e manobras locais de hemostasia com ácido tranexâmico e esponja de fibrina.
CONCLUSÕES: como o paciente apresenta uma boa condição oral, fizemos um tratamento conservador, mas não se esquecendo de priorizar a remoção de focos de infecção com análise criteriosa de exames laboratoriais, tendo assim um maior controle do sangramento e reparação.

 


 

Síndrome de Marfan - características clínicas e tratamento odontológico

 

Frederico Buhatem Medeiros, Ana Carolina Porrio de Andrade, Gabriela A. M. C. de Angelis, Valéria C. L. Souza Conrado, Lilia Timerman

Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia – São Paulo (SP), Brasil

 

INTRODUÇÃO: A síndrome de Marfan é uma doença hereditária do tecido conjuntivo, com característica autossômica dominante que afeta diversos sistemas do corpo humano. Resulta de um defeito na fibrina, uma proteína microfibrilar encontrada no tecido conectivo, frequentemente associada com elastina. O quadro clínico mais encontrado consiste em alta estatura, aracnodactilia, escoliose, e, ao exame oftalmológico, luxação do cristalino e miopia. Estas manifestações costumam surgir na infância ou adolescência. Em termos de achados cardiovasculares, o mais precoce geralmente é o de prolapso da válvula mitral. Têm-se descrito várias características faciais e orais. As mais importantes incluem crânio longo e estreito (dolicocefalia), retrognatismo e mandíbula hiplopásica, bossas e processos supraorbitais proeminentes e hipertelorismo. As manifestações orais incluem ainda flacidez dos ligamentos e da cápsula da articulação temporomandibular, provocando sérios problemas de disfunção da articulação, e presença de palato ogival e profundo, úvula bífida, lesões císticas, apinhamento dental e má-oclusão.
RELATO DE CASO: Descreveremos o relato de caso de dois pacientes, da mesma família (irmãos gêmeos), portadores de prótese valvar metálica em uso de anticoagulante oral, submetidos ao tratamento odontológico, dentre eles cirurgia de terceiro molar incluso localizado em corpo e ramo mandibular direito e raspagem periodontal com a manutenção da terapia anticoagulante. No manejo odontológico devemos levar em consideração os fatores sistêmicos envolvidos, assim como as limitações em função dos problemas de ATM, o risco de endocardite infecciosa e a tendência ao sangramento.

 


 

A importância da capacitação em Odontologia para a equipe de Enfermagem e cuidadores em hospital de cuidados paliativos

 

Monira Samaan Kallas, Victor Rogerio, Joyce Gomes, Samir Salman, Marina Helena Cury Gallottini de Magalhães

Grupo Mais, Hospital Premier – São Paulo (SP), Brasil

 

INTRODUÇÃO: A maioria dos pacientes em instituições de cuidados paliativos está sob os cuidados da assistência do corpo de enfermagem em todos os aspectos relativos à higiene pessoal. A promoção e a manutenção de saúde bucal desses pacientes dependem da formação de cirurgiões-dentistas capazes de entender as necessidades dessa população e de uma equipe bem informada sobre prevenção e reconhecimento dos principais problemas de saúde bucal que acometem essa população.
OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento da equipe de enfermagem de um hospital dedicado a cuidados paliativos. Trinta profissionais de enfermagem responderam a um questionário com 23 perguntas, para avaliar o conhecimento dos mesmos em relação à saúde e higiene bucal, sua relação com a saúde geral e sinais e sintomas mais comuns relacionados com alterações bucais.
RESULTADOS: Cem por cento dos entrevistados responderam que realizam a higiene bucal dos pacientes sem utilizar o fio dental; 100% acreditam que saúde bucal interfere na saúde geral; 14% não associam a saúde bucal com diabetes e 7% com pneumonia; 71% acreditam que têm conhecimento suficiente sobre a saúde bucal de pacientes crônicos; 100% acham que falta treinamento para realizar procedimentos de higiene bucal, uma vez que a limitação física dos pacientes é um fator que impede sua correta realização; 100% notaram a necessidade de ajuste de próteses periodicamente; 57% acham que boca seca é um processo normal do envelhecimento.
CONCLUSÃO: Nossos resultados ressaltam a necessidade de um programa de capacitação para esse corpo de enfermagem uma vez que há falhas de conceitos da relação entre saúde bucal e saúde geral e que a maioria dos profissionais acredita que seus pacientes se beneficiariam com um programa de aprimoramento em higiene bucal.

 


 

Prevalência dos carcinomas epidermoides orais em indivíduos abaixo dos 50 anos de idade

 

Suzana Fernandes, Fabiana Martins, Marina Magalhães

Patologia Bucal - Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP) – São Paulo (SP), Brasil

 

INTRODUÇÃO: O carcinoma epidermoide oral (CEO) representa um dos tumores mais frequentes na população brasileira, apresentando prevalência de 95% entre todas as neoplasias orais. Na maioria dos casos acomete pacientes do sexo masculino, com 60 anos, tabagistas e etilistas. Entretanto, a literatura atual tem observado o desenvolvimento destes tumores em pacientes não fumantes e abaixo desta faixa etária.
OBJETIVOS: Avaliar retrospectivamente a prevalência dos CEO em pacientes com idades abaixo dos 50 anos no serviço de patologia bucal da FOUSP durante o período de 9 anos, relacionando localização, sexo e hábitos como o tabagismo e etilismo.
MATERIAIS E MÉTODOS: O programa de computador laudo e imagem® foi utilizado para a aquisição dos dados, armazenados em uma tabela Excel® e então contabilizados.
RESULTADOS: Pacientes abaixo dos 50 anos representavam 18% de todos os casos de CEO; estes se dividiam em sua maioria por homens (n = 93), localizados na quarta década de vida (76%), sendo a borda lateral de língua o local de maior ocorrência das lesões. Hábitos como tabagismo e etilismo (n = 62) foram observados em 75 e 60% dos casos, respectivamente.
CONCLUSÃO: Esse levantamento contribuiu para traçar um perfil epidemiológico do CEO em pacientes jovens em um serviço de patologia bucal no período de 9 anos. Os resultados apresentados demonstraram dados similares aos estudos de CEO em pacientes mais velhos. No entanto, pacientes não usuários de álcool e fumo apresentaram porcentagem ligeiramente maior do que a encontrada nos estudos de população portadora de CEO em idades mais avançadas.

 


 

Avaliação craniofacial da síndrome de Rubinstein Taybi

 

Cybelle Mori Hiraoka, Adriana Lobo Pecoral, Karen Lopes Ortega, Nathalie Pepe Rezende, Marina Helena Cury G. Magalhães

Centro de Atendimento a Pacientes Especiais da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (CAPE-FOUSP) – São Paulo (SP), Brasil

 

A síndrome de Rubinstein-Taybi (SRT) é uma desordem autossômica dominante que afeta em média 1:125.000 nascimentos, causada pela microdeleção com quebra cromossômica e perda de material genético, na região 16p13. Leva a alterações craniofaciais, baixa estatura, polegares em baqueta e retardo mental. O objetivo deste estudo foi avaliar as características craniofaciais prevalentes na síndrome através de análise cefalométrica. Foram avaliados 8 indivíduos com SRT de 6 a 18 anos por meio de telerradiografias laterais e modelos de estudo. Esqueleticamente, encontrou-se a diminuição da base craniana SN (62,5%) e do comprimento do corpo da mandíbula (62,5%-GoC e 75% CoGn). No entanto, a relação da mandíbula com a base do crânio, medida através de SNB apresentou-se normal. O perfil de classe II foi prevalente (7 pacientes), e provavelmente esteja relacionado à diminuição do corpo e da altura do ramo da mandíbula. Todos os pacientes exibiram diminuição da proporção entre a altura facial posterior e a total. A atresia maxilar, frequentemente encontrada nos pacientes com SRT, representa um fator agravante para o estabelecimento e a manutenção do perfil classe II esquelético e dentário. De acordo com os dados encontrados, os tratamentos ortodônticos e ortopédicos são de fundamental importância para melhorar a relação dentária e maxilo-mandibular dos pacientes com a síndrome de Rubinstein Taybi.

 


 

Prevalência das anomalias dentárias em pacientes com necessidades especiais – introdução

 

Sergio T. Hamada, Denise Sabbagh-Haddad, Aida Sabbagh-Haddad, Patricia Gerogevich

Associação Brasileira de Ensino Odontológico (ABENO) – São Paulo (SP), Brasil

 

Introdução: As anomalias dentárias têm sido muito estudadas e mencionadas pela literatura odontológica, sendo diagnosticadas pelo exame clínico e por radiografias panorâmicas e/ou intrabucais.
OBJETIVO: Avaliar a frequência de anomalias dentárias de forma, número e erupção nos pacientes com necessidades especiais (PNE), por meio de radiografias panorâmicas.
MATERIAIS E MÉTODOS: A abordagem indutiva com procedimentos estatísticos e descritivos foi a metodologia empregada, sendo a técnica de pesquisa quantitativa observacional. Foram analisadas 112 radiografias panorâmicas de PNE de ambos os gêneros, sem distinção étnica, com faixa etária entre 5 e 55 anos, sendo divididos em 3 grupos: deficiência mental (38), paralisia cerebral (40) e síndrome de Down (34). Estas radiografias foram obtidas do prontuário dos pacientes atendidos no curso de especialização em Odontologia para PNE da ABENO/SP, entre julho de 2007 a julho de 2010.
RESULTADOS: Os resultados obtidos mostraram que as anomalias de forma mais frequente foram a microdontia (9,82%), macrodontia (5,36%), taurodontia (6,25%), dilaceração (2,68%), amelogênese imperfeita (1,79%), dente de Turner (0,89%) e pérola de esmalte (0,89%). Em relação às anomalias de número, destacaram-se como as mais prevalentes: as anodontias (34,82%) e os dentes supranumerários (2,68%). A única anomalia de erupção presente foi a transposição, correspondendo a 0,89% da amostra.
CONCLUSÃO: Concluímos que a síndrome de down apresentou maior prevalência de anomalias dentárias quando comparada à deficiência mental e à paralisia cerebral. Entretanto, foram estatisticamente significantes somente as anodontias.

 


 

Diabetes mellitus: complicações sistêmicas e orais em 467 pacientes do CAPE-FOUSP

 

Cristine Ayame Ivano, Cíntia de Paula Martins, Karin Sá Fernandes, Marina Gallottini Magalhães, Nathalie Pepe Medeiros de Rezende

Centro de Atendimento a Pacientes Especiais da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (CAPE-FOUSP) – São Paulo (SP), Brasil

 

INTRODUÇÃO: O diabetes mellitus (DM) é uma desordem metabólica dos carboidratos, lipídeos e proteínas, causada pela ausência de produção ou ação da insulina, resultando em hiperglicemia, com quadros de complicações agudas e crônicas
OBJETIVOS: Avaliar a incidência de complicações orais e sistêmicas nos pacientes portadores de DM do CAPE-FOUSP.
MATERIAIS E MÉTODOS: Foram revisados os prontuários de 467 pacientes do CAPE-FOUSP com diagnóstico principal de DM. Foram colhidos os seguintes dados: idade, sexo, tipo de diabetes, presença de alterações microvasculares (retinopatia, nefropatia, neuropatia), alterações macrovasculares (hipertensão arterial, doença cardiovascular, AVC), crises hipo e hiperglicêmicas, cetoacidose, hemoglobina glicada, manifestações bucais (cárie, doença periodontal, herpes recorrente, candidíase não especificada, candidíase pseudomembranosa, candidíase eritematosa, queilite angular e xerostomia) e outras complicações durante o tratamento odontológico.
RESULTADOS: Nos prontuários analisados: a idade variou entre 4 e 91 anos, 47,5% eram do sexo masculino e 52,5% do sexo feminino, a maioria dos pacientes apresentava diabetes do tipo 2 (74,7%). Entre as complicações microvasculares, a nefropatia foi a mais frequente (11,2%) e a hipertensão arterial a complicação macrovascular mais frequente (50%). A grande maioria dos pacientes apresentava cárie (80,6%) e doença periodontal (74,5%). A xerostomia atingiu 17,6% dos pacientes.
CONCLUSÃO: Uma vez que a maioria dos pacientes com diabetes apresenta alguma complicação bucal, o CD deve estar ciente de como manejar estas complicações, assim como as alterações sistêmicas presentes nestes pacientes.