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RPG. Revista de Pós-Graduação

versão impressa ISSN 0104-5695

RPG, Rev. pós-grad. vol.18 no.2 São Paulo Abr./Jun. 2011

 

ARTIGO ORIGINAL

 

Avaliação clínica do uso de dois novos cremes dentais no tratamento da hipersensibilidade dentinária

 

Clinical evaluation of the use of two new toothpastes in the treatment of dentin hypersensitivity

 

 

Cláudia Jorge GodinhoI; Marcela Fellet GrippiI; Leonardo César CostaII

IAcadêmica da Graduação da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) – Juiz de Fora/MG.
IIDoutor em Dentística pela Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) – Bauru/SP; Professor adjunto do Departamento de Odontologia Restauradora da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) – Juiz de Fora/MG.

Endereço para correspondência

 

 


 

ABSTRACT

The aim of this study was to clinically evaluate the effectiveness of two new toothpastes to treat symptoms caused by dentin hypersensitivity. Eighty-six teeth with non carious cervical lesions in 29 patients of both sexes were evaluated. Patients were divided into two groups: G1 - (n = 42) Colgate® Sensitive Pro-Relief; G2 - (n = 44) Sensodyne® Rapid Relief. The assessment method used to quantify the sensitivity was the evaporative test using the triple syringe and the pain scores were recorded by visual analogue scale (VAS) before and immediately after topical toothpaste application. The data were analyzed using paired and independent Student's t-test. The results were significant (p < 0.001) in mean pain reduction after the toothpaste application in both groups. There were no statistically significant differences between G1 and G2. It can be concluded from this study that the two new toothpastes evaluated promoted an instant relief of dentin hypersensitivity and may be indicated for the treatment of this condition.

Descriptors: Dentin sensitivity. Toothpastes. Therapeutics.


 

RESUMO

O objetivo desse estudo foi avaliar clinicamente a eficácia de dois novos cremes dentais no tratamento dos sintomas causados pela hipersensibilidade dentinária. Foram avaliados 86 dentes com lesões cervicais não cariosas em 29 pacientes de ambos os sexos. Os pacientes foram divididos em dois grupos: G1 - (n = 42) Colgate® Sensitive Pro-Alívio; G2 - (n = 44) Sensodyne® Rápido Alívio. O método de avaliação utilizado para quantificar a sensibilidade foi o teste evaporativo utilizando-se a seringa tríplice, e os escores de dor foram registrados pela escala visual analógica (VAS) antes e imediatamente após a aplicação tópica do dentifrício. Os dados obtidos foram analisados utilizando os teste t pareado e t independente de Student. Os resultados foram significativos (p < 0,001) na média de redução da dor após a aplicação dos cremes dentais nos dois grupos. Não houve diferenças estatisticamente significativas entre G1 e G2. Concluiu-se com esse estudo que os dois novos cremes dentais avaliados promoveram um alívio imediato da hipersensibilidade dentinária, podendo ser indicados para o tratamento dessa condição.

Descritores: Sensibilidade da dentina. Cremes dentais. Terapêutica.


 

 

INTRODUÇÃO

A hipersensibilidade dentinária é uma condição clínica odontológica relativamente comum e dolorosa da dentição permanente, manifestando-se de maneira desconfortável para o paciente3,9,24,26. É causada por uma exposição da dentina ao meio bucal, como consequência da perda do esmalte e/ou do cemento. Essa perda da estrutura dentária na região cervical pode se dar por um processo de cárie, abrasão, erosão, abfração ou, o que é mais comum, pela associação de dois ou mais fatores9.

É definida como uma dor penetrante, aguda e de curta duração, a qual se origina da dentina exposta, em resposta a estímulos químicos, térmicos, táteis ou osmóticos, que não podem ter sua origem explicada por outras formas de defeito dentário ou outras patologias1,3,6,16,19,20,24.

Várias teorias têm sido propostas para explicar o mecanismo da hipersensibilidade dentinária, incluindo a teoria da transdução odontoblástica, a teoria dos receptores dentinários e a teoria hidrodinâmica5. A teoria mais aceita atualmente é a teoria hidrodinâmica, proposta por Brännström. De acordo com essa teoria, a exposição dos túbulos dentinários ao meio bucal permitiria, sob determinados estímulos, que o fluido dentinário se deslocasse no interior dos túbulos dentinários, estimulando indiretamente as extremidades dos nervos pulpares e provocando a sensação de dor9,16,20,24.

A dificuldade encontrada no tratamento da hipersensibilidade dentinária é expressa pelo número enorme de técnicas e alternativas terapêuticas para aliviá-la, incluindo tanto o tratamento em consultório quanto o tratamento doméstico20,26. Numerosos agentes dessensibilizantes têm sido testados clinicamente através de décadas numa tentativa de aliviar o desconforto causado pela hipersensibilidade dentinária cervical3,6. Esses podem ser classificados em diversos grupos: bloqueadores de estímulos nervosos, drogas anti-inflamatórias, precipitantes de proteínas, agentes que promovem a oclusão e selamento dos túbulos dentinários e lasers7. Entretanto, nenhum deles tem se mostrado consistentemente eficiente7. Podem ser encontrados na forma de géis, dentifrícios, enxaguantes bucais ou agentes de uso tópico, como vernizes, resina composta, cimento de ionômero de vidro, adesivos dentinários e membranas periodontais.

Embora os procedimentos de tratamento e produtos químicos utilizados possam variar, o principal objetivo no tratamento da hipersensibilidade dentinária é produzir uma barreira entre o estímulo externo e a polpa15.

Os cremes dentais são os veículos mais comuns para agentes dessensibilizantes. São amplamente indicados, particularmente devido ao seu baixo custo, facilidade de uso e aplicação caseira20. Eles apresentam fórmulas complexas, com vários ingredientes, entre eles agentes dessensibilizantes, como o cloreto de estrôncio, nitrato de potássio, fluoreto de sódio, monofluorfosfato e fluoreto estanoso. Vários cremes dentais contêm abrasivos (carbonato de cálcio, alumínio, fosfato de cálcio, silicato, etc.), que também podem causar a obliteração dos túbulos por ação abrasiva ou indiretamente pela formação de uma smear layer durante a escovação20.

Os dentifrícios mais comumente usados são aqueles contendo sais de potássio. Os íons de potássio parecem ter um efeito despolarizante na condução elétrica do nervo, tornando as fibras nervosas menos excitáveis aos estímulos, reduzindo a sensação de dor do paciente5,11.

Os sais de estrôncio, como o cloreto e acetato de estrôncio, são utilizados em alguns cremes dentais dessensibilizantes e seu mecanismo é dado pela precipitação orgânica e desnaturação odontoblástica, formando uma película de vedação que impede a circulação de líquidos no interior dos túbulos dentinários, tendo também uma ação oclusiva20.

A arginina é um aminoácido que tem sido identificado como um ingrediente com potencial de benefícios para a saúde oral. Estudos demonstraram que uma combinação de bicarbonato de arginina e carbonato de cálcio é capaz de ser depositada em superfícies de dentina exposta para bloquear fisicamente e selar os túbulos dentinários abertos5,11,24.

 

MATERIAL E MÉTODO

 

Indivíduos

O protocolo de pesquisa foi inicialmente submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de Juiz de Fora, Brasil. Os pacientes que concordaram com o estudo e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido foram orientados quanto aos critérios de exclusão e inclusão, e examinados anteriormente à entrada na pesquisa. Para se tornarem aptos para o estudo, os indivíduos deveriam ter idade entre 18 e 70 anos, um bom estado de saúde geral e pelo menos um dente com superfície radicular exposta causada por abrasão, abfração, erosão ou recessão gengival, a partir da qual uma resposta dolorosa foi suscitada por um jato de ar. Dentes com evidência de pulpite, lesões de cárie, restaurações defeituosas e doença periodontal severa ativa foram excluídos. Pacientes fazendo uso diário de medicação analgésica ou qualquer outra medicação que pudesse mascarar a sintomatologia dolorosa e em uso de creme dental ou qualquer agente dessensibilizante foram excluídos. Mulheres grávidas ou lactantes não fizeram parte do estudo.

Após o exame clínico, 29 pacientes foram selecionados. Todas as lesões eram localizadas na região cervical da superfície vestibular dos dentes.

 

Protocolo de avaliação

A sensibilidade de um dente para um estímulo de jato de ar foi determinada utilizando-se uma escala visual analógica de dor (VAS). A escala VAS consiste de uma linha horizontal, de 10 cm de comprimento, ancorada na extremidade esquerda pelo descritor ";sem dor";, que corresponde à dor igual a zero, e na extremidade direita por ";pior dor imaginável";, que corresponde a um escore dez de dor. Os pacientes foram solicitados a avaliar sua dor de acordo com a escala, a fim de marcar a gravidade de sua hipersensibilidade. A distância desse ponto, em milímetros, a partir da extremidade esquerda da escala foi gravada e usada como resultado da VAS. A resposta de cada indivíduo foi considerada como uma linha de base de avaliação de acordo com a escala. Cada paciente foi orientado a medir seu desconforto após a aplicação de um jato de ar com uma seringa dentária tríplice, durante três segundos, com pressão de 45 a 60 psi, em posição perpendicular e distando dois milímetros da superfície vestibular da raiz exposta do dente. Os dentes vizinhos foram isolados durante o teste pelos dedos do operador.

 

Aplicação do dentifrício

Logo após a avaliação inicial, os pacientes receberam tratamento tópico nos dentes hipersensíveis de acordo com as instruções dos fabricantes (Tabela 1). Os pacientes foram divididos em dois grupos de acordo com o creme dental utilizado. Nos pacientes do Grupo 1 (14 pacientes, 42 dentes), foi testado o novo creme dental dessensibilizante Colgate® Sensitive Pro-Alívio (Colgate-Palmolive Company, São Paulo, SP, Brasil), e no Grupo 2 (15 pacientes, 44 dentes), o creme dental Sensodyne® Rápido Alívio (GlaxoSmithKline Ltda., Brasil). O creme dental foi aplicado na superfície exposta, durante um minuto, em quantidade compatível com o tamanho da lesão, com o dedo do operador. Imediatamente após a aplicação do creme dental, o jato de ar era aplicado como descrito anteriormente e os pacientes realizavam uma nova avaliação de seu desconforto utilizando a escala VAS.

 

Análise estatística

Para a comparação dos níveis de dor antes e depois da aplicação dos cremes dentais, foi utilizado o teste t pareado de Student, e para a comparação entre os dois grupos avaliados, foi utilizado o teste t Independente. Todos os cálculos foram realizados utilizando-se o programa SPSS® (Statistical Package for the Social Sciences Inc.,16.0. Chicago, IL, USA).

 

RESULTADOS

Um total de 29 indivíduos participou da avaliação clínica. A idade média dos participantes foi de 42,6 anos, sendo que 24 indivíduos eram do sexo feminino e apenas 5 do sexo masculino (Tabela 2). Ao todo, 86 dentes foram avaliados, dos quais 54,65% pré-molares, 11,63% caninos, 10,47% incisivos e 23,25% molares (Gráfico 1).

As Tabelas 3 e 4 mostram a média dos escores de dor dos participantes dos Grupos 1 e 2, respectivamente, antes e depois da aplicação do creme dental. Para o Grupo 1, a média de dor inicial foi de 4,92 e a final, de 2,61. Já para o Grupo 2, a média de dor inicial foi de 5,47 e final, de 2,63.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

As Tabelas 5 e 6 mostram as médias dos níveis de redução da dor dos Grupos 1 e 2, respectivamente. No Grupo 1, houve uma redução dos níveis de dor de aproximadamente 2,3. No Grupo 2, essa redução foi de 2,84. Portanto, ambos os grupos exibiram uma redução estatisticamente significativa (p < 0,05) após a aplicação do creme dental.

Comparando a eficácia dos dois cremes dentais no tratamento da hipersensibilidade dentinária, as Tabelas 7 e 8 mostram que não houve uma diferença estatisticamente significativa quando foram comparadas as médias de redução da dor dos dois grupos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DISCUSSÃO

Várias teorias foram apresentadas para explicar o mecanismo da transmissão da dor através da dentina, mas, atualmente, a teoria mais aceita para a hipersensibilidade dentinária é a teoria hidrodinâmica, proposta por Brännström em 1963. De acordo com essa teoria, na presença de uma das lesões cervicais, quando ocorre a perda do esmalte e/ou do cemento, e consequente abertura dos túbulos dentinários ao meio bucal, permitir-se-ia, sob determinados estímulos, que o fluido dentinário se deslocasse no interior dos túbulos dentinários, estimulando indiretamente as extremidades dos nervos pulpares e provocando a sensação de dor1,5,6,8,9,16,20,21,23,27,28,30.

Existe na literatura uma grande variedade de tratamentos para a hipersensibilidade dentinária. Em 1953, Grossman relacionou alguns requisitos de um tratamento ideal para a hipersensibilidade dentinária, ainda hoje aplicados. O tratamento deve agir rapidamente, ser efetivo por longos períodos, ser de fácil aplicação, não ser irritante à polpa, não causar dor, não manchar os dentes e ser constantemente efetivo7,9,20. Os tratamentos podem ser classificados de acordo com o seu modo de aplicação: autoaplicáveis pelo paciente em casa ou aplicados por um profissional no consultório6,16. Os objetivos terapêuticos de ambos os tratamentos de uso profissional ou doméstico são interromper a atividade nervosa pela difusão iônica direta, aumentando a concentração de íons potássio que atuam sobre a atividade sensorial da polpa, ou bloquear o mecanismo de sensibilidade pela oclusão dos túbulos dentinários6,7,20.

Inúmeros agentes dessensibilizantes têm sido utilizados para aliviar a dor causada pela hipersensibilidade dentinária. Estes podem ser classificados em vários grupos principais: bloqueadores do estímulo neural, anti-inflamatórios, precipitadores de proteínas, agentes de oclusão e selamento dos túbulos e lasers7,8,21. Podem ser encontrados na forma de géis, dentifrícios, enxaguantes bucais ou agentes de aplicação tópica, como vernizes, resinas compostas, cimento de inômero de vidro, adesivos dentinários ou membranas periodontais19.

Os cremes dentais são os veículos mais comuns para agentes dessensibilizantes, principalmente porque são não invasivos, facilmente encontrados, de baixo custo e fácil aplicação20-22. O mecanismo de ação dos cremes dentais é baseado na obliteração dos túbulos dentinários pela precipitação de fosfato de cálcio na superfície dentinária, e o cálcio é um dos componentes mais frequentemente encontrados em cremes dentais. Vários dentifrícios também contêm abrasivos (carbonato de cálcio, fosfato de cálcio, sílica, etc.), que podem causar a obliteração dos túbulos pelos agentes abrasivos ou indiretamente pela formação de uma smear layer durante a escovação2,20. Estudos encontrados na literatura relatam a eficácia dos cremes dentais em promover uma dessensibilização através da oclusão dos túbulos dentinários.

Wang et al.29 em seu estudo in vitro comparando a eficácia de três cremes dentais, tendo como ingredientes ativos o fosfosilicato de cálcio, nitrato de potássio e citrato de potássio, verificou que a aplicação das três pastas resultou na oclusão efetiva dos túbulos dentinários. West, Hughes e Addy31 em seu estudo in vitro também provaram que os cremes dentais, principalmente aqueles contendo silica artificial, foram capazes de promover a oclusão dos túbulos dentinários. Arrais et al.3 também afirma em seu estudo que dentifrícios à base de nitrato de potássio, cloreto de estrôncio e monofluorfosfato de sódio são capazes de promover uma ação dessensibilizante pela oclusão dos túbulos dentinários. A mesma eficácia em reduzir a hipersensibilidade dentinária foi relatada por outros autores10,20,25,27.

Entretanto, para alguns autores, os cremes dentais contendo agentes dessensibilizantes não são significativamente mais efetivos que os cremes dentais normais em reduzir a hipersensibilidade dentinária15,18.

Embora alguns dos métodos tradicionais de tratamento da hipersensibilidade dentinária tenham sido clinicamente avaliados, com resultados positivos que proporcionaram alívio aos pacientes, os profissionais de Odontologia continuam a procurar tratamentos mais eficazes, mais rápidos e mais duradouros visto que os tratamentos domésticos e de consultório nem sempre atingem o resultado final esperado.

Esse estudo avaliou a eficácia de dois novos cremes dentais em promover um alívio imediato da hipersensibilidade dentinária mediante a aplicação tópica, embora não haja evidências de que a aplicação por fricção com os dedos aumente sua eficácia16,20. Entretanto, um estudo recente revelou que a aplicação tópica com os dedos e com um cotonete de um novo creme dental dessensibilizante foi capaz de promover uma redução significativa da hipersensibilidade dentinária25.

Petrou et al.17 relatou o desenvolvimento de uma nova tecnologia dessensibilizante baseada em sua compreensão do papel que a saliva desempenha na redução natural da hipersensibilidade dentinária. Os componentes essenciais dessa nova tecnologia são a arginina, um aminoácido que apresenta um pH fisiológico, ou seja, um pH entre 6,5–7,5, bicarbonato e carbonato de cálcio. Essa tecnologia, chamada Pro-Argin, tem mostrado que fisicamente promove a obliteração e a formação de um plugue nos túbulos dentinários expostos e é capaz de aliviar a hipersensibilidade dentinária.

Essa nova tecnologia fornece benefícios clinicamente comprovados em relação a um alívio rápido e duradouro da hipersensbilidade dentinária, e demonstra que a arginina e o carbonato de cálcio trabalham em conjunto para acelerar os mecanismos naturais de oclusão dos túbulos e formar uma camada protetora na superfície dentinária17. Achados clínicos comprovam que cremes dentais contendo arginina e carbonato de cálcio proporciona um alívio significativo da hipersensibilidade dentinária5,11.

Estudos recentes afirmam que a pasta contendo arginina 8% e carbonato de cálcio proporciona uma redução estatisticamente significativa na hipersensibilidade dentinária imediatamente após uma única aplicação do produto, e que essa redução é mantida pela escovação diária14,24,25.

Neste estudo, o creme dental contendo arginina e carbonato de cálcio demonstrou uma redução instantânea3 dos níveis de dor após a aplicação tópica, indo ao encontro dos achados da literatura.

Dentifrícios contendo estrôncio também têm sido estudados por quase meio século na literatura. O mecanismo associado à utilização de estrôncio é sua afinidade com a dentina e sua possível ação na oclusão dos túbulos dentinários22.

Apesar de West et al.30 relatar em seu estudo que um creme dental à base de acetato de estrôncio não difere de um creme dental placebo, não promovendo a redução da hipersensibilidade dentinária, estudos clínicos recentes como o de Mason et al.13, utilizando um novo creme dental à base de acetato de estrôncio 8% e fluoreto de sódio, têm demonstrado a eficácia imediata e duradoura desse dentifrício em promover um alívio da hipersensibilidade dentinária. O que também pôde ser observado nesse estudo é que o creme dental contendo acetato de estrôncio a 8% e carbonato de cálcio foi capaz de promover imediatamente a redução da dor2,8.

Hughes et al.12 corroboram com os resultados deste estudo em relação à eficácia dos cremes dentais à base de arginina 8% e acetato de estrôncio 8% quando relatam que ambos promoveram reduções significativas na hipersensibilidade dentinária, não havendo, entretanto, diferenças significativas entre eles.

Os resultados clínicos relatados no presente estudo, com os resultados encontrados na literatura, confirmam a eficácia dos dois cremes dentais no tratamento da hipersensibilidade dentinária.

 

CONCLUSÕES

A partir da metodologia empregada nesse estudo, foi possível concluir que os cremes dentais Colgate® Sensitive Pro-Alívio e Sensodyne® Rápido Alívio foram capazes de promover uma redução imediata significativa da hipersensibilidade dentinária quando aplicados de forma tópica na superfície radicular exposta. Assim, acredita-se que ambos os cremes dentais podem ser utilizados com eficácia no tratamento da hipersensibilidade dentinária.

 

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Endereço para correspondência:
Cláudia Jorge Godinho
Rua Doutor Romualdo, 236/201 – São Mateus
CEP 36016-380 – Juiz de Fora/MG
Fone: (32) 3211-5283

e-mail:
claudiajgodinho@yahoo.com.br

Trabalho realizado na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) – Juiz de Fora/MG.

Received in: 4/1/11
Accepted in: 8/3/11