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RFO UPF

versão impressa ISSN 1413-4012

RFO UPF vol.18 no.3 Passo Fundo Set./Dez. 2013

 

 

Acesso da população idosa aos serviços de saúde bucal: uma revisão

 

Access of elderly people to oral health services: a review

 

 

Adriana Maria Fuzer Grael TinósI;Sílvia Helena de Carvalho Sales-PeresII;Luciane Cristine Ribeiro RodriguesIII

IDoutoranda do Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva, Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo (USP), Bauru, SP, Brasil
IIProfessora doutora associada do Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva, Faculdade de Odontologia de Bauru, USP, Bauru, SP, Brasil
IIIOrientadora de TCC da Unifesp São Paulo, Enfermeira, Doutoranda do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Botucatu, SP, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


 

RESUMO

A transição demográfica, no Brasil, implicou em substancial mudança no desenho da pirâmide etária, resultante do aumento da expectativa de vida, devendo os serviços de saúde estar preparados para absorver essa nova demanda. Com relação à saúde bucal da população idosa brasileira, sua condição, assim como em diversos países, é precária. Objetivo: este estudo objetivou conhecer, por meio de revisão bibliográfica, os fatores que interferem no acesso da população idosa aos serviços de saúde bucal. Materiais e método: foi realizada pesquisa nas bases de dados BVS, LILACS, SciELO e BBO, utilizando os descritores: acesso aos serviços de saúde; saúde bucal; idoso. Os critérios de inclusão para seleção dos artigos consistiram na presença do texto completo nas bases de dados, nas publicações que apresentaram como limite de assunto o termo idoso e nos artigos publicados no período compreendido entre os anos de 2001 e 2012. Resultados: o acesso dos idosos aos serviços odontológicos não ocorre de forma regular. Baixo nível de escolaridade, baixa renda, edentulismo, baixa oferta de serviço público odontológico, falta de informação sobre saúde bucal e residir na zona rural podem interferir de forma negativa no acesso dessa população aos serviços de saúde bucal. Considerações finais: limitações relacionadas aos aspectos socioeconômicos constituem-se na principal barreira no acesso de idosos aos serviços odontológicos.

Palavras-chave: Acesso aos serviços de saúde. Assistência odontológica para idosos. Desigualdades em saúde. Idoso. Saúde bucal.


 

ABSTRACT

Demographic transition in Brazil has implied in a substantial change in the design of the age pyramid, resulting from the increased life expectancy, since health services should be prepared to absorb this new demand. Regarding oral health of the Brazilian elderly population, its condition, as well as in several countries, is precarious. Objective: this study aimed to identify, through a literature review, the factors interfering in the access of elderly people to oral health services. Materials and method: the research was conducted on BVS, LILACS, SciELO, and BBO databases using the keywords: access to health services; oral health; elderly. The inclusion criteria for the selection of articles included the presence of the full text in databases, publications that presented the term elderly as subject threshold, and articles published between 2001 and 2012. Results: the access of the elderly to oral health services does not occur in a regular manner. Low educational level, low income, edentulism, low supply of public dental services, lack of information about oral health, and residing in rural areas may have a negative impact on the access of the elderly to oral health services. Final considerations: limitations related to the socioeconomics aspects represent the main barrier to the access of the elderly to oral health services.

Keywords: Health services access. Dental care for the elderly. Health inequalities. Elderly. Oral health.


 

 

Introdução

O termo acesso pode ser definido como o ato de ingressar1. Segundo Jesus e Assis2 (2010), ao estabelecer uma relação dessa definição com os serviços de saúde, o acesso pode ser entendido como a "porta de entrada", o local de acolhimento do usuário no momento de expressão de sua necessidade e, de certa forma, os caminhos percorridos por ele no sistema em busca da resolução dessa necessidade. No Brasil, com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), o acesso à saúde de forma universal, integral e equitativa passou a ser um direito estendido a todos os segmentos da população, cuja estrutura tem apresentado importantes alterações em consequência da transição demográfica, a qual implicou em substancial mudança no desenho da pirâmide etária em razão do aumento da expectativa de vida3.

A população idosa acima de 65 anos cresceu 45,9% entre os anos de 1980 e 20003 e, segundo as projeções populacionais com base no Censo Demográfico 2010, recentemente divulgadas pelo IBGE, esse crescimento tende a continuar, uma vez que, em 2060, o percentual dessa população será de 26,8%, enquanto em 2013 é de 7,4%4.

A transição demográfica vem acompanhada da transição epidemiológica, caracterizada pela mudança do perfil de morbidade e de mortalidade de uma população, com diminuição progressiva das mortes por doenças infectocontagiosas e elevação das mortes por doenças crônicas3. No Brasil, particularmente, essa transição ocorre de forma atípica, decorrente não só da reemergência e "permanência" de doenças infecciosas e parasitárias como também das chamadas causas externas, expressão da violência social em suas mais diversas formas, modelo que é conhecido como "mosaico epidemiológico"5.

Enquanto nos países desenvolvidos a transição epidemiológica transcorreu em um período longo, nos países em desenvolvimento ocorre de maneira rápida, acarretando profundas necessidades de adaptação dos serviços de saúde às novas realidades3. Porém, até o final de 2002, o idoso brasileiro não contava, e ao longo da vida não contou, com um sistema de atenção voltado para a promoção de um envelhecimento bem-sucedido. Diante dessa realidade, fazia-se necessário reforçar os princípios do SUS – universalidade, integralidade, equidade – e destacar sua importância, já que, na época, 73% dos idosos brasileiros dependiam exclusivamente do sistema público de saúde6.

Com relação à saúde bucal da população idosa brasileira, sua condição, como em diversos países, é precária7,8, possivelmente em decorrência do caráter excludente da atenção odontológica pública vigente no passado9. De acordo com os resultados do último levantamento das condições de saúde bucal do brasileiro, realizado no ano de 2010 pelo Ministério da Saúde – SB Brasil 2010 –, o CPOD médio na faixa etária de 65 a 74 anos foi de 27,53, sendo o componente perdido responsável por cerca de 90% do índice. O mesmo levantamento constatou, também nessa faixa etária, que 14,7% nunca consultaram um dentista ao longo da vida, que a prevalência de necessidade de tratamento dentário era de 46,6% e que apenas 7,3% não necessitavam de prótese dentária10.

Diante da atual situação epidemiológica dos idosos brasileiros e do fato de a proporção dessa população estar aumentando em ritmo bastante acelerado, seria importante conhecer o padrão do acesso dessa parcela populacional aos serviços de saúde bucal, o que possibilitaria não somente verificar a qualidade desse acesso como também disponibilizar aos gestores dados para a realização de planejamento estratégico da oferta desses serviços, corroborando para melhorias na qualidade de vida dos idosos brasileiros. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi conhecer, por meio de uma revisão bibliográfica, os fatores que interferem no acesso da população idosa aos serviços de saúde bucal.

 

Materiais e método

O presente estudo, do tipo revisão bibliográfica, utilizou como método a busca ativa de informações, sob a forma de artigos científicos selecionados mediante consulta às bases de dados BVS, LILACS, SciELO e BBO, realizada no mês de agosto de 2012. Considerando o tema central deste trabalho – acesso da população idosa aos serviços de saúde bucal –, empregou-se, na pesquisa, os seguintes descritores, no idioma português, obtidos junto ao DeCS/MeSH: acesso aos serviços de saúde; saúde bucal; idoso.

Para a seleção dos artigos, foram estabelecidos alguns critérios de inclusão, aplicados nesta sequência: i) presença do texto completo nas bases de dados; ii) publicações que apresentaram como limite de assunto o termo idoso; iii) artigos publicados entre os anos de 2001 e 2012. Tal período foi selecionado pelo fato de poder abranger publicações relevantes sobre o tema, uma vez que foram realizados, pelo Ministério da Saúde, dois importantes levantamentos das condições de saúde bucal – SB 2000 e SB Brasil 2010 –, os quais revelaram a preocupante realidade epidemiológica dessa população. Além disso, a partir de 2001, passaram a ser implantadas as Equipes de Saúde Bucal no Programa Saúde da Família (PSF), com a proposta de reorganização do modelo de atenção em saúde bucal. Acrescente-se, ainda, nesse período, o surgimento da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, que dispôs sobre o Estatuto do Idoso; o lançamento, também em 2003, da Política Nacional de Saúde Bucal – Programa Brasil Sorridente, com vistas à reorganização da prática e à qualificação das ações e dos serviços de saúde bucal; bem como a publicação da Portaria nº 2.528, de 19 de outubro de 2006, que aprovou a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa.

O processo de seleção dos artigos ocorreu no período entre agosto e outubro de 2012. Durante a busca inicial, que contou com a participação de um dos autores (AMFGT), foram selecionados os artigos que obedeceram aos critérios acima descritos. A seguir, foi realizada por todos os autores uma leitura exploratória dos textos, iniciando-se pelos títulos e resumos, a fim de confirmar se os materiais selecionados tratavam realmente do objeto a ser explorado. Nos casos em que o objetivo da pesquisa não era apresentado de forma clara no resumo, houve a necessidade da leitura do artigo completo. Nessa etapa, excluiu-se os que se apresentavam em duplicata, assim como aqueles cujo link "texto completo", informado nas bases de dados, se encontrava indisponível. Foram desconsideradas, ainda, as publicações em forma de editorial, resumo de anais e relato de experiência, em razão das limitações dos dados. Em seguida, procedeu-se à leitura seletiva dos artigos no intuito de eleger apenas aqueles que abordavam, especificamente, a proposição deste estudo. Dada a escassez de artigos envolvendo exclusivamente a população idosa, convencionou-se não descartar aqueles que abrangiam, além dos idosos, outras faixas etárias. Ressalta-se que divergências, por parte dos autores, com relação à elegibilidade dos artigos foram resolvidas por consenso.

Definidos os trabalhos que seriam utilizados na realização da pesquisa, estes foram impressos, lidos na íntegra e analisados segundo as variáveis que seguem: ano, país e revista de publicação; objetivo do estudo; metodologia utilizada – delineamento/tipo de estudo, tipo de fonte de dados (primária/secundária), fonte dos dados e forma de coleta, faixa etária da população de estudo –; e resultados/conclusões.

 

Resultados

A utilização dos descritores, acima mencionados, nas bases de dados permitiu a localização de 321 artigos, sendo 301 na BVS, 14 na LILACS, 5 na BBO e 1 na biblioteca virtual SciELO. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão referidos anteriormente, foram selecionados 11 trabalhos na literatura científica para a realização deste estudo. A Figura 1 mostra o processo de seleção dos artigos a partir de sua localização nas bases de dados.

 

 

 

A seleção permitiu identificar estudos publicados a partir do ano de 2005, sendo quatro11-14 de 2008 e dois15,16 de 2010. Os demais estudos17-21 apresentaram distribuição uniforme, com uma publicação/ ano. Quanto ao país de realização do estudo, nove eram do Brasil11-17,19,21, um da Suécia20 e um da Nova Zelândia18. Maior frequência de publicações (n = 4)11-13,19 foi observada no periódico Cadernos de Saúde Pública.

Dos onze artigos, seis avaliaram o acesso11,13,14,16,19,20, dois a utilização15,21 e um o uso de serviços odontológicos12. Apenas dois17,18 não objetivaram estudar, de forma direta, os temas anteriores. Foi possível identificar alguns fatores que podem interferir de modo negativo no acesso aos serviços de saúde bucal: baixo nível de escolaridade11-15,17,19-21; baixa renda11-13,19,20; edentulismo15,21; baixa oferta de serviço público odontológico19; falta de informação sobre saúde bucal21 e residir na zona rural12. A Tabela 1 mostra a distribuição dos artigos segundo o ano, país em que foi realizado o estudo, revista de publicação, objetivo e principais resultados.

 

 

 

Com relação à metodologia utilizada pelos autores, do total de estudos analisados, sete eram artigos de análise de dados secundários11,12,15,17,19-21 (dois utilizaram o SB2000) e quatro utilizaram dados primários, sendo três quantitativos13,14,16 – do tipo transversal – e um qualitativo18. Quanto à faixa etária da população de estudo, sete artigos abordaram especificamente a população idosa12,14,16,17-19,21. Os resultados referentes à metodologia utilizada nos estudos selecionados encontram-se dispostos na Tabela 2.

 

 

 

Discussão

A população brasileira envelhece de forma rápida e intensa22, e, atualmente, as políticas públicas de saúde, com o objetivo de garantir atenção a todos os cidadãos, têm dado visibilidade à parcela idosa que a compõe. É possível que essa nova postura do sistema tenha contribuído para o aumento do interesse da comunidade científica na produção de estudos que envolvam essa população.

Tal suposição converge com os resultados encontrados neste estudo quanto ao ano de publicação dos artigos selecionados, uma vez que a quase totalidade destes foi publicada a partir de 2006, com predomínio do ano de 2008. Ressalta-se que em 2006 foi divulgado o Pacto pela Saúde, que surgiu como uma estratégia para viabilizar a equidade em saúde no Brasil23. Em uma de suas dimensões – o Pacto pela Vida –, foram elencadas prioridades que apresentam impacto sobre a situação de saúde da população brasileira, sendo uma delas a Saúde do Idoso, cujo objetivo, ainda em 2006, era implantar a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, buscando a atenção integral a essa parcela da população24. Dentre as ações estratégicas que envolvem a saúde da pessoa idosa, preconizada no referido Pacto, destaca-se a reorganização do processo de acolhimento nas Unidades de Saúde, como forma de enfrentamento das dificuldades atuais de acesso.

Três artigos mencionaram a existência de iniquidade no acesso da população idosa aos serviços de saúde bucal12,20,21. Costa et al.14 (2008) observaram que 97,6% dos pesquisados já tinham ido alguma vez ao cirurgião-dentista, porém, destes, 69,4% referiram um período de mais de três anos desde a última visita. Neste estudo, a maioria correspondeu a usuários do serviço público (56,5%), divergindo dos resultados encontrados por Alcarde et al.16 (2010) e Alcântara et al.17 (2011), em que 41% e 28% da população de estudo utilizaram os serviços públicos, respectivamente.

De acordo com o trabalho de Rocha e Góes13 (2008), 67,5% dos idosos não tiveram acesso aos serviços públicos de saúde bucal nos últimos dois anos, não existindo diferença no acesso entre os residentes em áreas cobertas e não cobertas pela ESF. Os mesmos autores relataram, ainda, que, com o avançar da idade, ocorre uma redução do acesso aos serviços de saúde bucal, diferentemente do encontrado no estudo sueco desenvolvido por Wamala et al.20 (2006), no qual a pouca idade foi associada à não procura por tratamento odontológico.

Já o estudo qualitativo de Gregory et al.18 (2012), realizado na Nova Zelândia, identificou dificuldades conflitantes no acesso de idosos aos serviços de saúde bucal, onde a superação de um obstáculo poderia trazer outras limitações. Participantes deste estudo relataram que atendimento odontológico mais barato, necessário para os idosos com baixos rendimentos, poderia ser acessado através da Faculdade de Odontologia, porém o fato de esse serviço exigir um maior número de deslocamentos, em decorrência de tratamentos prolongados, com elevado número de sessões, tornava essa alternativa frustrantemente difícil, considerando, nesse caso, os idosos que dependem de amigos ou parentes para transportá-los.

Moreira et al.19 (2005) definiram, em seu trabalho, quatro categorias onde foram agrupados aspectos que podem influenciar o acesso e a utilização dos serviços de saúde pela população idosa brasileira: aspectos sociodemográficos; aspectos indicadores de saúde geral em idosos; aspectos comportamentais/culturais; organização e planejamento das ações de saúde. Optou-se, por questões didáticas, por proceder à discussão dos resultados encontrados neste estudo separando-os de acordo com as categorias propostas pelos autores. Tais resultados são passíveis enquadramento em três das quatro categorias supracitadas:

1. Aspectos sociodemográficos

De acordo com Ayres et al.25 (2006), a vulnerabilidade social é caracterizada por aspectos culturais, sociais e econômicos que determinam as oportunidades de acesso a bens e serviços. Considerando essa afirmativa, é possível assegurar que a população idosa encontra-se em situação de grande vulnerabilidade social. Segundo dados do IBGE, a proporção de idosos sem instrução e com menos de um ano de estudo, em 2009, era de 30,7% no conjunto do país26.

A baixa escolaridade aparece como um dos principais fatores limitadores do acesso de idosos aos serviços odontológicos, sendo tal aspecto fácil de ser entendido, ao considerar-se que, à medida que o indivíduo acumula anos de estudo, adquire maior conhecimento sobre saúde bucal e passa a entender a importância do uso dos serviços de saúde de forma preventiva27. Essa afirmação pode estar relacionada aos resultados encontrados por Martins et al.21 (2007), em que a menor prevalência de uso de serviços odontológicos foi observada entre os idosos que, além de apresentarem baixa escolaridade, relataram não ter recebido informações sobre saúde bucal. Os mesmos autores consideram esse último achado como indicativo da necessidade de melhorar, entre essa população, a qualidade dos serviços preventivos – oferecendo orientações sobre o autoexame bucal para a identificação precoce dos problemas bucais – e educativos, com a difusão de informações relacionadas à saúde bucal.

Outro aspecto relacionado que pode influenciar, de forma negativa, o acesso aos serviços de saúde é a baixa renda. Segundo Viana et al.28 (2010), populações idosas economicamente desfavorecidas, cuja renda muitas vezes está comprometida com outros membros da família, podem estar limitadas em utilizar serviços odontológicos. É importante salientar que a escolaridade e a renda são aspectos que podem estar profundamente imbricados19. Neri e Soares29 (2002) também observaram em seu estudo que o aumento das chances de procurar serviços de saúde estaria diretamente relacionado a grupos sociais mais privilegiados, ou seja, de maior escolaridade e com acesso aos serviços públicos (água, luz, esgoto, coleta de lixo) e a plano de saúde.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada em 2008, revelou que o percentual de pessoas com 65 anos ou mais de idade cobertas por plano de saúde, seja de empresas privadas ou de assistência ao servidor público, era de 29,7%. Porém tal cobertura estava positivamente relacionada ao rendimento mensal domiciliar per capita30. No Brasil, uma das características marcantes da população que envelhece é a pobreza31.Em 2009, 32% dos idosos possuíam rendimento mensal domiciliar per capita na classe de ½ a 1 salário mínimo, enquanto em 11,2% esse rendimento se apresentava inferior a ½ salário mínimo, caracterizando situação de pobreza26.

De acordo com Rodrigues e Neri32 (2012), quanto mais velho e mais pobre o indivíduo, menor a frequência de visitas ao dentista e pior a qualidade da sua saúde bucal, que também se nutre dos déficits em cuidados acumulados ao longo da vida. Dessa forma, diante da atual realidade, no que se refere ao perfil socioeconômico da população idosa e à baixa oferta de serviços públicos odontológicos, faz-se necessário uma reformulação do setor com vistas a ampliar o acesso desse segmento a esses serviços.

2. Aspectos comportamentais/culturais

Menor prevalência de uso dos serviços odontológicos também foi observada entre os idosos edentados, o que pode estar relacionado ao fato de estes acreditarem que visitar o dentista regularmente é importante apenas para quem tem dentes.

O modelo excludente e o padrão mutilador da prática odontológica dirigida a esse grupo no passado tornaram o edentulismo uma condição frequente no Brasil. Ao considerar a importância de consultar um cirurgião-dentista, tanto para avaliar a necessidade de utilização ou substituição de próteses dentárias como para diagnosticar precocemente lesões potencialmente cancerígenas33, fica evidente a necessidade de conhecer as crenças sobre a utilização dos serviços odontológicos nessa população específica12,21. Viana et al.28 (2010) indicam a questão dos "valores" como possível ponto de entrave para o desejo de cuidados odontológicos, porque, culturalmente, nesse momento da vida, a atenção à saúde muitas vezes está dirigida aos serviços médicos. Dados da PNAD 200830 reforçam essa afirmação, pois apontam que cerca de 80% da população de 65 ou mais anos consultou um médico nos últimos 12 meses, enquanto algo em torno de 64% desse mesmo segmento consultou um dentista pela última vez há três anos ou mais.

Cabe destacar que o edentulismo constitui-se num quadro irreversível entre os atingidos, com impacto direto na qualidade de vida. Segundo Colussi e Freitas7 (2002), além de medidas educativas e preventivas, deve-se pensar em medidas reabilitadoras, nesses casos especificamente. Os mesmos autores defendem, ainda, que a implementação de um serviço de prótese dentária no setor público é uma medida viável e que deveria ser encarada como profilática, uma vez que a falta de dentes acarreta outros problemas de saúde, agravando os já existentes e piorando a qualidade de vida da população idosa brasileira.

3. Organização e planejamento das ações de saúde

A escassa oferta de serviços públicos de atenção à saúde bucal também foi relatada por Moreira et al.19 (2005) como uma das principais barreiras no acesso aos serviços odontológicos. Levando em conta o perfil socioeconômico dos idosos brasileiros, percebe-se que boa parte dessa população tende a depender diretamente dos serviços públicos de saúde. Porém, resultado preocupante da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD 2008), em seu Suplemento de Saúde30, mostra que um número expressivo de idosos (32,5%) não tinha seu domicílio cadastrado no PSF nem tinha plano de saúde particular. Os resultados encontrados por Alcarde et al.16 (2010) e Alcântara et al.17 (2011) confirmam esse aspecto, já que menos da metade dos idosos participantes desses estudos (41% e 28%, respectivamente) utilizou os serviços públicos no último ano ao da realização da pesquisa.

Há que se considerar, ainda, a qualidade do acolhimento dessa população nas Unidades de Saúde, a qual pode interferir na busca pelo atendimento. Ressalta-se que o acolhimento constitui-se num dos dispositivos de operacionalização da Política Nacional de Humanização (PNH)34, daí seu caráter solidário. De um modo geral, acolher bem implica a tolerância à diferença, a inclusão social e a escuta qualificada, responsável e comprometida35.

Segundo Santos et al.35 (2002), a falta de compromisso dos trabalhadores de saúde com o sofrimento dos usuários, a baixa capacidade resolutiva das ações de saúde, a intensa desigualdade no atendimento dos diferentes estratos econômico-sociais e a vantagem dos cidadãos que podem pagar altos preços pelos serviços, no acesso ao melhor que se tem no setor, demonstram a desumanização do serviço na área da saúde. Com relação ao idoso, atitudes como o estabelecimento de uma relação respeitosa, acreditar que o idoso é capaz de compreender as perguntas que lhe são feitas ou as orientações que lhe são fornecidas, chamá-lo por seu nome e manter contato visual, bem como utilizar uma linguagem clara34, podem fazer a diferença no atendimento, favorecendo o acesso e até mesmo uma melhor adesão ao tratamento proposto.

Em adição, para a efetivação do acolhimento da pessoa idosa, os profissionais de saúde devem compreender as especificidades dessa população e a própria legislação brasileira vigente34. O Estatuto do Idoso36, em seu Capítulo IV, Art. 18, prevê que as instituições de saúde devem atender aos critérios mínimos para o atendimento às necessidades do idoso, promovendo o treinamento e a capacitação dos profissionais. Logo, é importante que os profissionais de saúde que lidam com pacientes idosos conheçam o conjunto de alterações fisiológicas do envelhecimento, denominado de "senescência", sabendo diferenciá-las das alterações do envelhecimento patológico ou senilidade37, garantindo, assim, um bom acolhimento dessa população.

Idosos participantes da pesquisa qualitativa desenvolvida por Nery et al.38 (2010) elencaram algumas dificuldades existentes no acesso à atenção odontológica: marcação de consultas, disponibilidade de vagas, tempo de espera, barreiras no atendimento às emergências, entre outros. No trabalho de Ramos e Lima39 (2003), foram apresentados alguns fatores que poderiam interferir no acesso aos serviços de saúde, dentre os quais a distância entre a unidade de saúde e o local de moradia do indivíduo, além do tempo e dos meios utilizados para o deslocamento.

Os aspectos citados anteriormente, em ambos os trabalhos, referem-se à acessibilidade. Travassos e Martins40 (2004) citam o trabalho de Penchansky e Thomas (1981)1, os quais identificam várias dimensões que compõem o conceito de acesso, dentre elas a acessibilidade, caracterizada pela adequação entre a distribuição geográfica dos serviços e dos pacientes. Starfield (2002)41 destaca acessibilidade como um dos elementos estruturais relevantes à atenção primária, a qual envolve a localização do estabelecimento próximo da população que atende, os horários e dias em que está aberto para atender, o grau de tolerância para consultas não agendadas e o quanto a população percebe a conveniência desses aspectos da acessibilidade. Segundo a mesma autora, a "acessibilidade" possibilita que as pessoas cheguem aos serviços.

Esses aspectos podem explicar os resultados encontrados por Martins et al.12 (2008), de acordo com os quais os idosos residentes na zona rural utilizaram menos os serviços odontológicos. Esse quadro tende a se agravar no caso dos idosos que necessitam de várias sessões para concluir seus tratamentos e que dependem de amigos ou parentes para transportá-los, conforme relatado no trabalho de Gregory et al.18 (2012).

Diante do exposto, percebe-se que o serviço público necessita de uma reformulação, direcionando ações específicas aos problemas da terceira idade7. Os resultados do SB Brasil 2010 mostram que o perfil epidemiológico da saúde bucal dessa população, em nível de Brasil, é crítico. O acúmulo de cárie e doença periodontal não tratada e, principalmente, o elevado edentulismo – que demanda por reabilitação protética – requerem maior interesse em modificar o quadro de desatenção para com a saúde bucal do idoso brasileiro19.

 

Considerações finais

Os resultados encontrados no presente estudo permitem concluir que os idosos não têm acesso regular aos serviços odontológicos. Os baixos níveis de escolaridade e a consequente limitação do conhecimento sobre a importância dos cuidados com a saúde, comumente atrelados às condições desfavoráveis de renda e moradia – esta última, muitas vezes, distante dos serviços de saúde –, constituem-se nas principais barreiras do acesso dessa população a esses serviços.

É preciso ampliar o conhecimento do idoso sobre saúde bucal, com vistas a conscientizar e motivar esse segmento com relação ao uso dos serviços odontológicos de forma preventiva e regular, desfazendo a crença de que a utilização dos serviços odontológicos somente é possível em caso de dor ou desconforto na cavidade bucal, prática que caracterizava a odontologia excludente realizada no passado. Além disso, cabe aos serviços de saúde garantir e viabilizar o acesso, ampliando a oferta de serviços, melhorando o acolhimento e favorecendo a acessibilidade dos idosos, na medida em que se trata de um grupo prioritário, possuidor de seu próprio Estatuto, o qual deve ser respeitado.

A Estratégia Saúde da Família pode atuar como um fator facilitador desse acesso, uma vez que permite a propagação, pela equipe, de informações sobre saúde no âmbito domiciliar. Pode promover, ainda, a busca ativa de idosos, o que possibilita identificar necessidades de tratamento e diagnosticar precocemente as doenças bucais, favorecendo a manutenção dos dentes naturais nessa população. Na perspectiva de suprir a demanda dos idosos, faz-se necessária, também, a ampliação da oferta de serviços de atenção secundária e de reabilitação protética, corroborando, assim, para o cumprimento dos princípios éticos do SUS – Universalidade, Integralidade e Equidade – e a consequente promoção da qualidade de vida dos idosos brasileiros.

 

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Endereço para correspondência:
Sílvia Helena de Carvalho Sales-Peres
Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva
Faculdade de Odontologia de Bauru
Universidade de São Paulo (USP)
Al. Dr. Octávio Pinheiro Brisola, 9-75
17012-901 Bauru – SP

e-mail:
shcperes@usp.br

 

Recebido: 15/07/2013
Aceito: 18/12/2013