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Stomatos

versão impressa ISSN 1519-4442

Stomatos vol.16 no.30 Canoas Jan./Jun. 2010

 

ARTIGOS CIENTÍFICOS

 

Perfil dos cirurgiões-dentistas integrantes do Programa Saúde da Família em um município do sul do Brasil

 

Profile of the dentists members of the Family Health Program in a City South of Brazil

 

 

Tathiane Larissa LenziI; Rachel de Oliveira RochaII; Patricia Pasquali DottoIII

IAluna de mestrado do curso de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas – Associação UFSM/UFGRS, Santa Maria
IIProfessora adjunta da disciplina de Saúde Coletiva, Departamento de Estomatologia, Universidade Federal de Santa Maria
IIIProfessora adjunta do Centro Universitário Franciscano – UNIFRA, Santa Maria

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O objetivo deste estudo foi analisar o perfil dos cirurgiões-dentistas integrantes do Programa Saúde da Família de um município no sul do Brasil. Para a realização da pesquisa, utilizou-se uma abordagem metodológica quantitativa e qualitativa, através da aplicação de um questionário aos cirurgiões-dentistas integrantes do Programa Saúde da Família na cidade de Santa Maria-RS, no mês de agosto de 2008. O questionário continha questões fechadas, abertas e semiabertas. Os dados obtidos foram analisados pela estatística descritiva e percentual.A maioria dos entrevistados são mulheres e a faixa etária está compreendida entre 28 e 45 anos. O período de formação dos profissionais variou entre 3 e 24 anos. Oitenta por cento dos profissionais já desenvolveram atividades em PSFs de outras cidades, durante um período que variou de 1 a 3 anos. Os cirurgiões-dentistas ingressaram no PSF através de contrato temporário, desempenham uma jornada de trabalho de 40 horas semanais e recebem de 8 a 10 salários mínimos mensalmente. Todos os entrevistados são especialistas em Saúde Coletiva, trabalham em equipe e estão satisfeitos com o trabalho realizado no PSF. Acreditam que a formação acadêmica não forneceu a base necessária para atuar no Programa Saúde da Família. Atividades preventivas/educativas e clínicas são desempenhadas pelos entrevistados. A avaliação do perfil dos cirurgiões-dentistas que integram o Programa Saúde da Família é importante para a elaboração de estratégias no sentido de melhorar a qualificação dos profissionais e assegurar a concretização das políticas de saúde bucal integradas ao Programa Saúde da Família.

Palavras-chave: Dentista. Saúde bucal. Saúde da família.


ABSTRACT

The objective of this study was to assess the profile of the dentists members of the Family Health Program in a city south of Brazil. To conduct the study using a quantitative and qualitative methodological approach, by applying a questionnaire to dentists members of the Family Health Program in the city of Santa Maria-RS, in the month of August 2008. The questionnaire contained closed, open and semi-open questions. The data were analyzed by descriptive statistics and percentages. Most interviewed are female and age is between 28 and 45 years. The period of formation of dentists ranged between 3 and 24 years. Eighty percent of professionals have already developed activities in PSFs from other cities for a period ranging from 1 to 3 years. The dentists joined the PSF with temporary contract, play a day of work 40 hours weekly and receive 8 to 10 minimum wages monthly. All interviewees are specialists in Public Health, working in teams and are satisfied with the work done in the PSF. Believe that academic training did not provide the necessary basis to act in the Family Health Program. Preventive activities / education and clinics are performed by the interviewees. The evaluation of the profile of the dentists members of the Family Health Program is important for developing strategies to improve the skills of professionals and ensure the implementation of integrated policies for oral health to the Family Health Program.

Keywords: Dentist. Oral health. Family health.


 

 

INTRODUÇÃO

O setor da saúde no Brasil tem sofrido rápidas e significativas transformações nos últimos anos. Tendo em vista a redução da disparidade existente entre os direitos sociais garantidos em lei e a capacidade concreta de oferta de ações de serviços públicosà população brasileira, foram definidas as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro: a universalização, a equidade, a integralidade, a descentralização e a participação da comunidade (Araújo, Dimenstein, 2006). Estas foram consagradas com promulgação da Constituição Federal de 1988.

O SUS sofreu inúmeras alterações, até o Ministério da Saúde (MS), em 1994, institucionalizar o Programa de Saúde da família (PSF), com o objetivo de reorientar o modelo de atenção básica à saúde vigente, buscando melhorar a saúde da população, por meio de um modelo de assistência voltado à família e à comunidade, que inclua desde a proteção e promoção de saúde até a identificação precoce e o tratamento das doenças. Porém, até 1997 o cirurgião-dentista ainda não estava inserido nessa nova proposta (Brasil, 1997).

O Ministério da Saúde, através da Portaria nº 267, de 06 de março de 2001, regulamentou a Portaria nº 1.444/GM, que cria o incentivo de saúde bucal para a inclusão das ações de saúde bucal na estratégia do PSF, como forma de reorganização desta área no âmbito da Atenção Básica à Saúde (Rodrigues, 2001).

Esta estratégia se constitui atualmente numa fonte de emprego em expansão para o cirurgião-dentista no Brasil. Entretanto, o cirurgião-dentista que trabalha no PSF vê-se frequentemente diante de muitos desafios, sentindo-se, em alguns momentos, despreparado para exercer as suas atividades. Isso se deve a uma formação acadêmica voltada para as questões biológicas, ações curativas e técnicas, com pouca ênfase para os fatores socioeconômicos e psicológicos no processo saúde-doença e para o desenvolvimento de atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde (Araújo, Dimenstein, 2006; Brasil, 2004).

A formação acadêmica dos cirurgiões-dentistas centrada no paradigma científico e no trabalho individual em consultório está sendo revista de modo a resgatar o caráter coletivo da prática odontológica para uma atuação conforme o preconizado pelo SUS (Volschan et al., 2002).

A expansão e o fortalecimento do PSF, tem exercido influência sobre as universidades, que passam a reconhecer um novo espaço de trabalho e iniciam movimentos no sentido de se dirigir, pelo menos em alguns aspectos da formação, para este campo de atuação (Souza, 2000). Entretanto, o maior problema está situado no cenário da organização dos serviços de saúde, entre uma adaptação imediata do profissional existente no mercado e a preparação mais consistente dos mesmos (Tristão, 2002).

O PSF requer profissionais capacitados, dotados de uma visão ampliada de saúde, onde através de uma ação multi e interdisciplinar, os profissionais que fazem parte de tal modelo de atenção à saúde, sejam capazes de estabelecer conexões entre conhecimentos específicos de cada profissão a fim de propor novas práticas.

O objetivo deste estudo foi avaliar do perfil dos cirurgiões-dentistas inseridos no Programa Saúde da Família, no município de Santa Maria – RS.

 

METODOLOGIA

Para a realização da pesquisa utilizou-se uma abordagem metodológica quantitativa e qualitativa, através da aplicação de um questionário aos cirurgiões-dentistas integrantes do Programa Saúde da Família na cidade de Santa Maria-RS, no mês de agosto de 2008. No município de Santa Maria existem 14 unidades básicas que desenvolvem atividades integradas ao Programa Saúde da Família. No entanto, em apenas 5 delas a equipe de saúde bucal é integrada a estratégia. Todos os indivíduos da amostra responderam ao questionário, não ocorrendo nenhuma recusa em participar do estudo.

O questionário continha questões fechadas, abertas e semiabertas e foi aprovado pelo comitê de ética do Centro Universitário Franciscano (protocolo número 1246/2008). Os dados obtidos foram analisados pela estatística descritiva e percentual.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A inclusão das ações de saúde bucal ao Programa Saúde da Família ocorreu através da Portaria nº 1.444/GM em 2001. No entanto, parece que a incorporação da equipe de saúde bucal tem ocorrido lentamente no município, o que justifica o número reduzido de cirurgiões-dentistas.

O questionário aplicado aos cirurgiões-dentistas utilizou uma abordagem quantitativa e qualitativa. Na pesquisa qualitativa o tamanho da amostra não é determinado por um cálculo amostral, tampouco é rígido (Victora, 2000). No entanto, o número pequeno de cirurgiões-dentistas integrantes do PSF no município em estudo permitiu a realização da pesquisa com o total de participantes.

Após a análise dos dados obtidos a partir do questionário pode-se chegar aos seguintes resultados: dos cirurgiões-dentistas entrevistados, 80% são mulheres e 20% homens, com faixa etária compreendida entre 28 e 45 anos. Os resultados corroboram com os achados de um estudo elaborado pelo INBRAPE, realizado em 2003, no qual se encontrou que 57,5% dos dentistas no Brasil eram do sexo feminino.

O período de formação dos profissionais variou entre 3 e 24 anos. Entretanto, a maioria dos dentistas é formada há pouco tempo, e têm o PSF como única opção de emprego. Os profissionais foram graduados por duas universidades: Universidade Federal de Santa Maria (80%) e Universidade Federal de Pelotas (20%).

Os cirurgiões-dentistas ingressaram na estratégia através de contrato temporário desde julho de 2008. No entanto, um dos cirurgiões-dentistas atua no PSF da cidade há 4 anos. Oitenta por cento dos profissionais já desenvolveram atividades em PSFs de outras cidades, durante um período que variou de 1 a 3 anos.

A forma de inserção ao PSF é importante, visto que é um dos elementos que caracteriza o conhecimento e o envolvimento do profissional com esta nova proposta de atuação em saúde. Quando os cirurgiões-dentistas são inseridos sem o preparo adequado, sem terem participado das discussões, que culminaram na decisão de adotar este novo modelo de atenção à saúde, eles iniciam o trabalho de forma alienada, podendo comprometer a obtenção de resultados positivos com a estratégia (Palú, 2004).

O ingresso através de contratos temporários, por vezes, coloca a perspectiva do futuro profissional no PSF atrelada às mudanças políticas.

Todos os participantes desempenham uma jornada de trabalho de 40 horas semanais. Ainda, 40% dos dentistas exercem alguma atividade complementar à atividade desenvolvida no PSF.

Segundo o Ministério da Saúde, o estabelecimento da carga horária de 40 horas para os profissionais das equipes de saúde sustenta-se na ideia de que esta é uma condição necessária para a criação de vínculos entre os membros da equipe e entre estes e a população. E, também, para melhor desenvolvimento do processo de trabalho das equipes, tanto do ponto de vista organizacional e gerencial, quanto assistencial.

Quando questionados sobre a remuneração, os profissionais informaram que recebem de 8 a 10 salários mínimos. Para 40% dos cirurgiões-dentistas, a remuneração é considerada regular, 40% boa e para 20% dos entrevistados, o salário é ótimo.

Todos os profissionais possuem especialização em Saúde Coletiva, um cirurgião-dentista é também especialista em Odontologia do Trabalho e outro está cursando Dentística Restauradora. Os dados obtidos mostram que os profissionais apresentam uma visão diferenciada daqueles cirurgiões-dentistas que possuem apenas graduação.

Os cursos de Saúde Coletiva credenciados pelo CFO permitem turmas de cirurgiões-dentistas, enfermeiros, médicos e outros profissionais. No PSF ou em qualquer outro trabalho no campo da saúde pública, devemos saber trabalhar em conjunto com outros profissionais e essa talvez seja a parte mais difícil de aprender. Portanto, acho que um curso de saúde coletiva é fundamental. (Cirurgião-dentista 4)

Todos os profissionais também informaram que a formação acadêmica não forneceu a base necessária para atuar no Programa Saúde da Família, apesar de que as "Diretrizes Curriculares de Odontologia" propõem como perfil do profissional a ser formado: "profissional generalista, com sólida formação humanística, técnico-científica, e ética, orientada para a promoção de saúde, com ênfase na prevenção de doenças bucais prevalentes", formando profissionais que possam se adequar à realidade em que atuarão, capacitados nas dimensões profissionais e de cidadania (Rosenthal, 2001).

Na minha época o PSF estava apenas se materializando. (Cirurgião-dentista 2)

Quando fiz a minha graduação o ensino era mais voltado para os atendimentos clínicos, mas acredito que hoje em dia o ensino já deva estar voltado também para a saúde pública. (Cirurgião-dentista 3)

Porque não aprendi nada sobre PSF (nem sabia o que era) e não aprendi quase nada de saúde pública – SUS, princípios, diretrizes. (Cirurgião-dentista 4)

Visão curativa. (Cirurgião-dentista 5)

A atenção individual sempre predominou no sistema de ensino odontológico. Com a incorporação da saúde bucal ao Programa Saúde da Família, os cursos de graduação em Odontologia têm repensado suas diretrizes curriculares, ampliando a visão e dimensão para grupos coletivos, em associação com a formação tecnicista.

Essa mudança, porém, ocorre lentamente. Cabe aos cursos de pós-graduação em Saúde Coletiva, reorientar as práticas de saúde voltadas a promoção e prevenção, atenção à saúde da família e atuação multiprofissional.

Todos os cirurgiões-dentistas afirmaram conhecer as normas e diretrizes atribuídas às equipes de saúde pelo Ministério da Saúde. Os entrevistados participaram de um curso de capacitação que forneceu informações acerca das diretrizes e prerrogativas do PSF econsequentemente do Sistema Único de Saúde.

Este estudo revelou que algumas das atribuições destinadas aos cirurgiões-dentistas não estão sendo desenvolvidas integralmente pelos profissionais entrevistados. Todos os cirurgiões-dentistas afirmaram realizar trabalho clínico e preventivo. Entretanto, apenas um profissional apontou a realização de capacitação de profissional auxiliar e supervisão de atividades preventivas/educativas. Isso mostra que as ações de dimensão coletiva não estão sendo executadas plenamente, seja pela alta demanda clínica, recursos escassos para o desenvolvimento de atividades educativas e mesmo despreparo dos profissionais.

Todos os cirurgiões-dentistas trabalham em equipe e estão satisfeitos com o trabalho realizado no Programa Saúde da Família.

É ótimo trabalhar em equipe porque podemos realizar trabalhos voltados para a prevenção. (Cirurgião-dentista 1)

Acho tranquilo trabalhar em equipe, porém o trabalho em equipe requer um pouco de jogo de cintura e flexibilidade. No entanto, não devemos faltar o respeito mútuo. (Cirurgião-dentista 2)

Sinto-me satisfeita porque trabalho em equipe multiprofissional. É possível compartilhar diferentes opiniões e ideias. No PSF realizo um trabalho preventivo/ educativo em escolas, grupos na comunidade, grupos de gestantes, grupos de hipertensos e diabéticos; não ficando limitada a trabalhos simplesmente curativos. (Cirurgião-dentista 3)

Trabalho com PSF desde 2003 e estou acostumada a trabalhar em equipe. Com certeza nem sempre é uma tarefa fácil, porém geralmente gratificante. Estou satisfeita com o trabalho realizado no PSF porque podemos ter um acompanhamento de perto do paciente e trabalhando com as famílias e a ESF conseguimos entender a realidade das pessoas e tratá-las sempre de um modo diferenciado. (Cirurgião-dentista 4)

Gosto de saúde pública. É gratificante poder amenizar o problema dos outros. (Cirurgião-dentista 5)

O trabalho realizado pelos cirurgiões-dentistas no Programa Saúde da Família pressupõe uma forma diferente de encarar o usuário e a comunidade, buscando proporcionar uma atenção humanizada e integral. Visão esta observada nos depoimentos dos profissionais entrevistados.

 

CONCLUSÃO

A avaliação do perfil dos cirurgiões-dentistas que integram o Programa Saúde da Família é necessária para que haja uma avaliação e elaboração de estratégias no sentido de melhorar a qualificação dos profissionais e com isso, fornecer dados que possam contribuir para que estratégias sejam elaboradas no processo de seleção, capacitação e inserção destes profissionais no programa.

A mudança de perfil do cirurgião-dentista decorrente da transição gradativa dos moldes curriculares centrados no paradigma técnico-científico para uma visão integral e voltada para o coletivo é sem dúvida, fundamental para a concretização das políticas de saúde bucal integradas ao Programa Saúde da Família.

 

REFERÊNCIAS

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Victora CG. Pesquisa qualitativa em saúde. Porto Alegre: Tomo Editorial Ltda., 2000.         [ Links ]

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Endereço para correspondência:
Tathiane Larissa Lenzi
Rua Dos Andradas, 925
CEP: 97010-031 - Santa Maria/RS
E-mail: tathilenzi@terra.com.br

Recebido em: 02/12/2009
Aprovado em: 09/06/2010