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Odontologia Clínico-Científica (Online)

versão On-line ISSN 1677-3888

Odontol. Clín.-Cient. (Online) vol.10 no.3 Recife Jul./Set. 2011

 

ARTIGO ORIGINAL / REVIEW ARTICLE

 

Consumo infantil de bebidas lácteas: sólidos solúveis totais (Brix) e pH

 

Child's consumption of drinks milk: total soluble solids (Brix) and pH

 

 

Helena Maria Reinaldo LimaI; Luciana Reinaldo LimaII; Fábio Freitas de Sousa Passos GalvãoIII

I Professora da Disciplina de Bioquímica da Faculdade Integral Diferencial (FACID), Teresina
II Professora da Disciplina de Odontologia Preventiva Social da Faculdade NOVAFAPI
III Mestrando em Implantodontia (S.L. Mandic/ Campinas)

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O objetivo deste estudo foi o de avaliar a quantidade de Sólidos Solúveis Totais (SST) e o valor do pH em bebidas lácteas (iogurtes e achocolatados), comercializadas em Teresina e consumidas por crianças. Foram avaliadas 20 bebidas lácteas por meio do experimento casualizado com 3 repetições para cada amostra. As leituras do grau Brix foram feitas por refratometria, utilizando-se o refratômetro de Abbé, e o pH foi avaliado por potenciometria. O teor médio de SST variou de 11,0 Brix a 22,0 Brix. Com relação ao pH, os valores médios mínimo e máximo para as bebidas lácteas foram 3,79 e 6,71, respectivamente. Por meio dos resultados obtidos, pôde-se concluir que a elevada concentração de SST, verificada nas bebidas lácteas, associada a um baixo pH, pode contribuir para o desenvolvimento de lesões de cárie e erosão dental, caso esses alimentos sejam consumidos, em excesso, pelas crianças.

Descritores: Açúcares na dieta; Cárie dentária; Iogurte; Concentrado de íons de hidrogênio; Alimentos e bebidas; Refritometria; Potenciometria; Erosão dentária.


ABSTRACT

The main objective of this study is to proceed an evaluation of the amount of total soluble solids (TSS) and the pH value in lactic drinks (yogurt and chocolate milk) commercialized in Teresina and consumed by children. Twenty lactic drinks were evaluated in this experiment with 3 repetitions of study case in each sample. The Brix degrees measurement was made by refractometry using an Abbé refractometer and the pH was evaluated using potentiometry. The medium content of TSS was in a range between 11,0 ºBrix and 22,0 ºBrix. Meanwhile the minimum maximum pH the medium values were 3,79 and 6,71. From this results what can be concluded is that a high concentration of TSS can be verified in lactic drinks, associated with a low pH may contribute to the development of cavity lesions and dental erosion in case of the excess consumption of this products by children.

Keywords: Dietary Aerose; ; Dental Caries; Yogurt; Tooth Erosion; Hydrogen-Ion Concentration Food and Beveroges; Refractometry; Potentiometry.


 

 

INTRODUÇÃO

A cárie dentária é uma das doenças mais prevalentes das que afligem a humanidade. A sua etiologia está relacionada com a interação da flora microbiana, hospedeiro susceptível, um padrão dietético rico em carboidratos fermentáveis e com os fatores interferentes, como higiene bucal, utilização de fluoretos, sexo, idade, variáveis socioeconômicas e variáveis culturais1,2.

Dentre os fatores etiológicos citados, este estudo limita-se a abordar o surgimento da doença cárie e erosão, baseando- se na da relação com fatores determinantes, a exposição ao açúcar e ingestão de alimentos com pH ácido.

É sabido que a dieta desempenha importante papel no desenvolvimento da cárie dentária, sendo que o estabelecimento de hábitos alimentares saudáveis tem grande importância na sua prevenção.

De acordo com Aquino e Philippi3, as práticas de alimentação são importantes determinantes das condições de saúde na infância e estão fortemente condicionadas ao poder aquisitivo das famílias, do qual dependem a disponibilidade, a quantidade e a qualidade dos alimentos consumidos. O consumo de alimentos adoçados é influenciado por uma variedade de fatores biológicos, psicológicos, sociais e ambientais.

A diversidade e o aumento da oferta de alimentos industrializados podem influenciar os padrões alimentares da população, principalmente a infantil, uma vez que os primeiros anos de vida se destacam como um período muito importante para o estabelecimento de hábitos4.

A ingestão de líquidos na dieta tem sido cada vez mais recomendada, e isso se acentua nos países tropicais5. Destacam- se, entre as bebidas mais consumidas pelas crianças, os sucos de frutas industrializados ou in natura, os refrigerantes e as bebidas lácteas.

A bebida láctea é o produto obtido do leite ou leite reconstituído e/ou derivados do leite, reconstituídos ou não, com ou sem adição de outros ingredientes, em que a base láctea represente, pelo menos, 51% (cinquenta e um por cento) massa/massa (m/m) do total de ingredientes do produto. As bebidas lácteas podem ser classificadas em fermentadas, não fermentadas e tratadas termicamente após fermentação6.

Dentre as bebidas lácteas, o iogurte é um produto amplamente recomendado pelas suas características sensoriais, probióticas e nutricionais, pois, além de ser elaborado com leite contendo alto teor de sólidos, cultura láctica e açúcar, pode ainda ser enriquecido com leite em pó, proteínas, vitaminas e minerais e ser produzido com baixo teor ou isento de gordura7,8.

Dados de pesquisa9 mostram que iogurtes têm um elevado potencial erosivo e que, na presença de açúcares, pode contribuir para a erosão dentária e o desenvolvimento de lesões de cárie, se esses alimentos forem consumidos com muita frequência pelas crianças.

O elevado consumo de açúcar em muitos cereais, bebidas e lanches e os sofisticados programas de propaganda para a venda desses produtos suportam a hipótese de que a atividade da indústria dos alimentos tenha forçado o consumo de açúcar e, bem possivelmente, aumentado a incidência de cárie dentária nas populações10. Segundo a American Academy of Pediatrics11, a venda desses produtos nas escolas contribui para o aumento do consumo.

A dieta desempenha um papel importante no desenvolvimento da cárie dental, e o estabelecimento de hábitos alimentares saudáveis tem grande importância na sua prevenção12. Para Nabut e Ursi13, a importância da dieta na etiologia da cárie é facilmente reconhecida tanto pelos cirurgiões-dentistas como pelos leigos nesse campo. Entretanto, o controle da ingestão de alimentos cariogênicos é negligenciado assim como o aconselhamento dietético por parte dos cirurgiões-dentistas.

Segundo Mateos14, as bebidas fermentáveis saudáveis para o organismo, tais como iogurtes e aquelas que contêm Lactobacilus acidophylus, em função da sua acidez, podem causar desmineralização da estrutura dentária. Tal afirmativa foi respaldada pelos resultados obtidos por Cavalcanti et al.15 em que os iogurtes e o Yakult apresentaram pH ácido.

De acordo com Buratto et al.16, a erosão dental é uma dissolução química dos tecidos dentais mineralizados, por um processo químico, sem o envolvimento bacteriano. Fushida e Cury17 ainda sustentam que a lesão erosiva é o resultado físico de uma perda de tecido duro da superfície dental provocada por ácido e/ou quelantes.

O consumo frequente de bebidas ácidas, em especial, aquelas que contêm ácido cítrico, as quais apresentam pH para desmineralização do esmalte abaixo do crítico < 5,5, favorece a diminuição do pH da saliva, resultando na diminuição de sua capacidade tamponante, responsável pela proteção dos dentes contra a desmineralização do esmalte18-20.

Ácidos cítricos e outros ácidos de sucos de frutas e outras bebidas doces causam erosão do esmalte dentário pelo contato de longa duração, podendo predispor à cárie, mas certamente o perigo principal a tais produtos é o conteúdo de açúcar13.

Sobral et al.5 estudaram a importância do pH da dieta líquida na etiologia e prevenção das lesões de erosão dental e determinaram o pH de algumas bebidas e sucos. As bebidas e os sucos analisados mostraram valores abaixo do pH crítico de dissolução da estrutura dental, sugerindo a possibilidade de favorecerem a desmineralização. A orientação quanto à dieta ácida parece ser um fator importante no tratamento e na prevenção das lesões de erosão dental.

Os carboidratos representam o grupo de alimentos mais danosos aos dentes, particularmente a sacarose, embora outros tipos de carboidratos possam apresentar potencial cariogênico, dependendo da forma com que são veiculados e da frequência de ingestão12.

A medida de índice de refração pode ser usada para determinar a concentração de uma solução, pois o índice de refração dela varia com a concentração19. Portanto, a refratometria na escala Brix se constitui em um método físico para medir a quantidade de sólidos solúveis presentes em uma amostra.

A escala Brix é calibrada pelo número de gramas de açúcar contidos em 100g de solução. Quando se mede o índice de refração de uma solução de açúcar, a leitura em percentagem de Brix deve combinar com a concentração real de açúcar na solução. As escalas em percentagem de Brix apresentam as concentrações percentuais dos sólidos solúveis contidos em uma amostra (solução com água)19. Os sólidos solúveis contidos é o total de todos os sólidos dissolvidos na água, constituindo-se, basicamente, de açúcares (sacarose, frutose e glicose), e, por isso, o Brix é considerado basicamente como a percentagem de açúcar presente na dieta líquida20.

A importância da dieta na etiologia da cárie é facilmente reconhecida pelos Cirurgiões-Dentistas. Entretanto, o controle da ingestão de alimentos cariogênicos é negligenciado assim como o aconselhamento dietético por parte dos profissionais de saúde bucal. Diante do exposto, é importante que os Cirurgiões- Dentistas tenham o papel de orientar os pais e cuidadores acerca dos danosos efeitos que esses alimentos podem vir a exercer sobre a dentição.

Baseando-se na literatura estudada, buscou-se a relação entre a concentração de Sólidos Solúveis Totais (SST) e o pH com o desenvolvimento de lesões de cárie e erosão provocadas por bebidas lácteas, caso esses alimentos sejam consumidos em excesso pelas crianças.

Tendo por base a ingestão acentuada de bebidas lácteas prontas para o consumo por pacientes infantis, este trabalho objetivou avaliar a quantidade de SST (oBrix) e o valor do pH desses alimentos comercializados em Teresina.

 

METODOLOGIA

Realizou-se um estudo experimental in vitro. Foram avaliados vinte tipos de bebidas lácteas – sendo dez iogurtes e dez achocolatados prontos para o consumo, descritos no Quadro 1.

 

 

 

Dentre os iogurtes analisados, sete são fabricados e comercializados no Estado do Piauí (Brisa morango; Delta Gurte cajá; Delta Gurte morango; Longá banana, maçã e cereal; Longá salada de frutas; Longá morango; Junkinho morango).

As análises das bebidas lácteas foram realizadas no Laboratório de Bioquímica da Faculdade Integral Diferencial – FACID.

As frutas adicionadas aos iogurtes, utilizadas individualmente ou combinadas em duas ou três, foram: morango, banana, maçã, mamão, cajá, amora e framboesa.

Como fatores limitantes na aquisição das amostras de iogurte, considerou-se o prazo de validade e as condições adequadas de refrigeração nos supermercados. As amostras foram transportadas em caixas isotérmicas até o Laboratório de Bioquímica para análises.

O delineamento experimental utilizado foi o casualizado com 3 repetições para cada amostra. A unidade experimental considerada foi 10ml do produto.

Foram realizadas as seguintes avaliações, de acordo com o protocolo de Cavalcanti et al.9

1) pH por potenciometria: as medidas de pH foram realizadas após a abertura das embalagens, a uma temperatura de 20ºC. Entre cada avaliação, foi dado um intervalo de vinte minutos para cada mensuração. Foi utilizado o potenciômetro da marca Quimis, modelo Q400A de bancada, calibrado de acordo com as instruções do fabricante por meio do uso de substâncias com pH = 4,01 e pH = 6,86.
2) Sólidos solúveis totais (ºBrix): as leituras do grau Brix foram feitas por refratometria, utilizando o refratômetro de Abbé da marca INSTRUTHERM BRIX/ATC, modelo RT-30 AE, escala de 0 a 32% corrigido para 20ºC. O aparelho foi calibrado à temperatura ambiente, com água destilada. Procedeu-se às leituras das amostras. Entre as avaliações, estabeleceu-se um intervalo de 20 minutos.

Os dados obtidos foram submetidos à análise estatística das médias dos tratamentos (pH e sólidos solúveis totais ºBrix) e comparadas entre si, ao nível de 0,1% de significância, por meio do programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences).

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Diferentes estudos têm demonstrado o importante papel da dieta no aparecimento da cárie, destacando o potencial erosivo de certos alimentos na desmineralização da estrutura dentária5-13,14.

A produção mundial e o consumo de iogurtes cresceram durante os últimos anos, com a introdução dos iogurtes aromatizados com frutas. A adição de frutas aumenta a aceitação do produto, pois nem todos os consumidores preferem o iogurte na sua forma natural21. Entretanto, o consumo de leite diminuiu consideravelmente, à medida que as bebidas industrializadas se tornaram favoritas das crianças11.

Os alimentos doces são preferidos pelas crianças em detrimento de alimentos sem açúcar ou com baixa quantidade de açúcar22.

A análise da quantidade de Sólidos Solúveis Totais (SST), por meio da refratometria na escala Brix, se constitui em um método aceito pela comunidade acadêmica. Portanto, conforme descrito por Moraes19, a leitura em percentagem de ºBrix deve ser semelhante à concentração real de açúcar existente nas soluções analisadas.

As médias dos SST para cada amostra de iogurte e achocolatado, analisados neste trabalho, podem ser vistas na Tabela 1.

Com relação às bebidas lácteas, foi possível observar, com base na análise comparativa entre os iogurtes, que o Vigor Frutas Vermelhas e o Longá apresentaram a menor média 11,0 °Brix, enquanto o Delta Gurte Morango e o Delta Gurte Cajá tiveram a maior média, 18,0 °Brix, evidenciando menor e maior teores de SST, respectivamente. Para os achocolatados, o Pão de Açúcar e o Boa Vida mostraram a menor média 15,0 °Brix e o Shake Chocolate a maior 22,0 °Brix, os quais diferiram dos iogurtes com relação aos teores de SST, conforme dados observados na Tabela 1.

Pôde-se observar que as médias dos SST (ºBrix) das bebidas lácteas diferiram entre si, apresentando-se maior para os achocolatados em relação aos iogurtes, demonstrando, assim, maior potencial para gerar lesões de cárie dentária9.

Atualmente, a erosão dentária é considerada um problema clínico significativo para a saúde bucal de escolares e adolescentes23. O consumo excessivo de sucos e bebidas adocicadas, particularmente nas refeições, deve ser visto com atenção, uma vez que podem contribuir significativamente para o aumento do potencial erosivo da dieta líquida infantil. Com o consumo de sucos, refrigerantes, iogurtes e lactobacilos fermentáveis nas refeições como fatores de risco para o desenvolvimento da erosão dentária e de lesões de cárie dentária9,15,24.

Uma diminuição do pH dos líquidos que banham os elementos dentais pode ser causada diretamente pelo consumo de frutas ácidas e bebidas5. Portanto, o valor do pH é um dos importantes fatores a ser considerado na dieta líquida.

 

 

 

Na Tabela 2, foram apresentadas as médias do pH para cada bebida estudada. Com relação aos iogurtes, o Delta Gurte Cajá apresentou a menor média 3,79, enquanto o Vigor Morango teve a maior média 4,21. Para os achocolatados, o Baldaracci mostrou a menor média 5,61, e o Embarezinho, a maior média 6,71. De acordo com os dados obtidos, observados na Tabela 2, os valores de pH de todos os iogurtes analisados encontram-se abaixo do pH considerado crítico do esmalte dentário (pH 5,5). Assim sendo, esses alimentos poderão causar erosão, particularmente se o ataque for de longa duração e repetir-se frequentemente25. O baixo pH, o tipo de ácido e outros produtos químicos presentes nas bebidas são fatores que contribuem para a dissolução dos tecidos dentais duros16. Entretanto, os valores de pH dos achocolatados estão acima do referido pH, porém a maioria dessas bebidas apresentaram pH inferiores ao pH crítico da dentina que é 6,5.

Com relação ao pH, os valores médios mínimos obtidos neste experimento para os iogurtes e achocolatados foram 3,79 e 5,61, respectivamente. Os resultados encontrados foram semelhantes aos de Cavalcanti et al.9 que determinaram o pH de bebidas lácteas e observaram que esses alimentos são potenciais indutores de desmineralização da estrutura dental, visto que os iogurtes e achocolatados analisados apresentaram valores de pH de 3,58 e 4,08, respectivamente.

Foi demonstrado por Rodas et al.21 que iogurtes com frutas apresentaram pouca variação no pH, sendo 3,89 o menor valor e 4,08 o maior valor. De acordo com os autores, todas as marcas encontravam-se dentro do limite de pH, no qual o crescimento de bactérias lácticas desenvolve-se normalmente e sem prejuízo, ou seja, entre 3,6 a 4,6.

O comportamento alimentar da criança é determinado pela interação da criança com o alimento, pelo desenvolvimento anatomofisiológico e por fatores emocionais, socioeconômicos e culturais26. Entretanto, a influência mais marcante na formação dos hábitos alimentares é o produto da interação da criança com a própria mãe ou com a pessoa mais ligada à sua alimentação27.

Assim, frente à realidade brasileira, a orientação da dieta ainda desempenha um papel importante no controle da cárie, principalmente quando se considera a tendência atual da Odontologia de promoção de saúde de direcionar sua atenção para os primeiros anos de vida da criança, fase em que são estabelecidos os padrões alimentares28.

O presente estudo mostrou que os iogurtes têm elevado potencial erosivo, uma vez que os valores de pH encontram-se abaixo do pH crítico de dissolução da estrutura dental. Esse fato, associado à presença de açúcares, pode contribuir para a erosão dentária e o desenvolvimento de lesões de cárie, se esses alimentos forem consumidos em excesso pelas crianças.

Apesar dos resultados obtidos, não se deve desprezar os benefícios das bebidas lácteas no fornecimento de nutrientes necessários à saúde de nossas crianças.

Portanto, a orientação aos pais e às crianças a respeito da importância de uma alimentação saudável é papel dos profissionais de saúde bucal.

 

 

 

CONCLUSÃO

A partir dos resultados encontrados nesta pesquisa e considerando as condições experimentais em que esta foi realizada, pôde-se concluir que:

• a elevada concentração de SST verificada nas bebidas lácteas associada a um baixo pH podem contribuir para o desenvolvimento de lesões de cárie e/ou erosão, se esses alimentos forem consumidos, de forma excessiva ou por períodos prolongados, pelas crianças;
• todos os iogurtes analisados apresentaram valores de pH abaixo do considerado crítico para o esmalte dentário (5,5), sendo capazes de induzir à desmineralização dental;
• a maioria dos achocolatados mostraram valores de pH ácido, no entanto abaixo de 6,5, sendo capazes de causar a desmineralização da dentina, quando exposta ao meio oral;
• sobre a importância da análise dietética das crianças na busca de possíveis hábitos que possam levar ao desenvolvimento de erosão dental e lesões de cárie.

 

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Endereço para correspondência:
Helena Maria Reinaldo Lima
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Recebido para publicação: 21/01/11
Aceito para publicação: 15/04/11