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Odontologia Clínico-Científica (Online)

versão On-line ISSN 1677-3888

Odontol. Clín.-Cient. (Online) vol.12 no.3 Recife Jul./Set. 2013

 

Artigo Original / Original Article

 

Avaliação dos conhecimentos relacionados à saúde bucal das gestantes atendidas pelo SUS no município de Cascavel - PR

 

Evaluation of knowledge related to oral health in pregnant patients assisted by SUS in Cascavel-PR

 

 

Tais Stoffel I; Valdimara Barbosa Fagundes I; Cristina Sayuri Nishimura Miura II; Daniela de Cássia Faglioni Boleta-Ceranto III

I Acadêmicas de Odontologia - UNIPAR
II Mestre em Microbiologia, Professora do curso de Especialização em Implantodontia da UNIPAR
III Mestre e Doutora em Odontologia, área de Concentração Fisiologia Oral pela Unicamp, Professora adjunta das disciplinas de Anatomo-Fisiologia e Diagnóstico Bucal da Universidade Paranaense

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Manter a saúde bucal durante a gestação é muito importante. Entretanto, grande parte da população não tem acesso às informações relacionadas às alterações bucais características desse período. O estudo avaliou o conhecimento das gestantes atendidas pelo SUS no município de Cascavel - PR em relação à saúde bucal. Foram utilizados questionários com perguntas objetivas para a coleta de dados. Os resultados foram apresentados de forma descritiva. Durante o período da pesquisa, havia 402 gestantes inscritas no pré-natal do SUS, e a amostra foi composta de 85 gestantes. Das participantes, 17,65% tinham menos de 19 anos; 49,41% estavam na faixa etária de 20 a 30 anos de idade e 32,94% tinham mais de 30 anos. Do total da amostra, 51,76% escovam os dentes três vezes ao dia, e 78,72% usam o fio dental; 41,18% são de opinião que gestantes não podem ser submetidas à anestesia nos procedimentos odontológicos, e 76,47% não foram orientadas pelo médico para procurar um dentista. O mito de que a mãe perde cálcio dos dentes para a formação dos dentes e ossos do bebê ainda não foi desmistificado (30,59%). A maioria (77,65%) sabe que o uso prolongado dos hábitos não nutritivos pode ser deletério para a criança. Conclui-se que as gestantes se preocupam com a saúde bucal do bebê, mas faltam orientações sobre o atendimento odontológico durante a gestação.

Descritores: Gestantes; Saúde bucal; Conhecimento.


ABSTRACT

Maintaining oral health during pregnancy is very important. Frequently, people do not have access to information about possible oral diseases and complication commonly seen in this period. This study evaluated the oral health knowledge in pregnant women attended by SUS in Cascavel-PR. Questionnaires were used for data collection. Results were descriptively presented. During the study period, 402 pregnant women enrolled SUS prenatal services, 85 pregnant women participated in the sample. 17.65% of the participants were under 19; 49.41% were 20-30 and 32.94% were over 30 years old. Of the total sample, 51.76% brush their teeth three times a day, and 78.72% use dental floss. Based on their opinion 41.18% believed that anesthesia could not be used in dental procedures during pregnancy and 76.47% were not oriented by the doctor to visit a dentist. The myth that the mother loses calcium from the teeth during baby's teeth and bones formation is still in use (30.59%). The majority (77.65%) knows that prolonged use of non-nutritive habits can be harmful to the child. In conclusion, pregnant women are concerned about baby's oral health, but the orientation about dental care during pregnancy is not enough.

Keywords: Pregnant women; Oral health; Knowledge.


 

 

INTRODUÇÃO

A gestação é a fase ideal para se implantarem bons hábitos, informações e orientações. As futuras mães estão mais receptivas para adquirir novos conhecimentos. Esse é o melhor momento para desmistificar alguns mitos e crenças referentes à saúde bucal1,2, como, por exemplo, o fato de algumas gestantes acreditarem que ocorre a perda do cálcio dos dentes para a formação dos ossos e dentes do filho, o que está mais que comprovado na literatura que advém da dieta ingerida pela mãe durante o primeiro e o segundo trimestre de gestação3,4,5.

Em relação ao período da gestação para atendimento odontológico, o período mais seguro é o segundo trimestre, desde que sejam tomados alguns cuidados, como: evitar consultas matinais, posição da cadeira adequada, fazer sessões curtas para não ocorrer hipotensão supina e hipóxia5,6. Podem ser realizados procedimentos simples e de urgência quando há dor envolvida, utilizando-se anestésico local lidocaína 2% com adrenalina 1:100.000, com limite de dois tubetes de anestésico, o que é o mais seguro para gestantes7. Procedimentos estéticos e reabilitações orais devem ser adotados pós-parto4. Radiografias devem ser realizadas somente se necessário, mesmo se sabendo que, para ocorrer uma má-formação ou aborto espontâneo, é necessária uma exposição de 5 rads, sendo que uma tomada radiográfica é menor que a radiação cósmica adquirida diariamente8. Deve-se também atentar para o tipo de medicação prescrita, inclusive não se indica medicação fluoretada para as gestantes, pois não trazem nenhum benefício que justifique o seu uso4.

A partir da década de 80, recomendou-se que a primeira visita ao dentista não deveria ultrapassar os doze meses de idade9,10. A primeira consulta odontológica deve ser feita o mais precoce possível, pois há uma alta prevalência de problemas bucais na primeira infância. Essa consulta deveria ser indicada pelo médico pediatra, por ser ele o profissional da saúde que tem mais contato com a criança nesse período. Esse profissional possui nível de conhecimento relativo a tais doenças que não é igual ao dos dentistas, podendo diagnosticá-las e tratá-las facilmente11.

A Organização Mundial da Saúde recomenda que o aleitamento materno seja exclusivo até os 6 meses de idade e complementado até os dois anos ou mais12. A amamentação natural deve ser estimulada. Quando o bebê está mamando, ele respira pelo nariz, realizando um intenso trabalho muscular, que direciona o crescimento e o desenvolvimento de estruturas importantes para a respiração e fonação, impedindo alterações do sistema estomatognático, evitando, também, maloclusões, como: mordida aberta anterior e mordida cruzada posterior13. O leite oferece proteção contra diversas infecções; também fornece nutrientes, como ferro, evitando, assim, a anemia e até reduz as chances de mortalidade infantil oriundas de doenças. Essa proteção só ocorre, se a amamentação se estender a um ano de idade14. Crianças com menor tempo de amamentação natural tendem a desenvolver hábitos deletérios, e as que são aleitadas por mamadeiras por mais de um ano apresentam chances quase dez vezes maior de iniciarem hábitos bucais viciosos15.

A manutenção dos decíduos é importante, pois as perdas múltiplas destes podem resultar em mordida cruzada, apinhamento dental anterior, erupção ectópica, impactacão dentária, sobremordida, desvio da linha média e diminuição do comprimento do arco16,17.

Durante a gestação, aumentam os níveis de hormônios, como o estrógeno e a progesterona, capazes de produzir alterações gengivais e modificar a microbiota da cavidade oral. É comum que, durante a gestação, as mulheres relaxem com os cuidados da higiene oral, acrescentando-se o aumento da frequência da ingesta de alimentos. No início da gravidez, as náuseas e os vômitos, comuns nessa fase, dificultam a higienização. Como o feto cresce e pressiona o estômago, faz a gestante se alimentar em quantidades menores várias vezes ao dia, sem realizar a correta higienização todas as vezes que se alimenta, aumentando o risco à cárie. Os níveis de hormônios alterados também predispõem à gengivite, que, se não for tratada, pode evoluir para uma periodontite, por causa da exacerbação da resposta inflamatória relacionada às alterações hormonais18,19. Em vista de a mãe apresentar a doença e ser portadora de seus agentes etiológicos, ela pode transmiti-los ao bebê, como ocorre com os Streptococcus mutans, bactérias cariogênicas, transmitidos verticalmente, da mãe para o filho20,21.

Problemas bucais da gestante podem levar ao nascimento de bebês prematuros com baixo peso em que, entre os fatores de risco, estão: idade (menor de 18 anos e mais de 30), condição socioeconômica baixa, drogas, álcool, tabagismo, estresse, e também infecções periodontais. Alguns pesquisadores levantaram a hipótese de que micro-organismos ou toxinas entram na cavidade uterina durante a gravidez, por via hematológica ou ascendente; as bactérias e seus produtos interagem nos tecidos uterinos e nas membranas, levando à produção de prostaglandinas ou à contração uterina direta, além da dilatação cervical, que induz à entrada de mais micro-organismos no útero, o que estabelece um feedback positivo, podendo resultar em parto prematuro22.

Dessa forma, é fundamental identificar o grau de conhecimento das gestantes sobre a saúde bucal e sua importância no desenvolvimento de uma gestação saudável bem como sua influência na vida do futuro bebê, o que objetivamos avaliar no presente estudo.

 

MATERIAIS E MÉTODOS

O protocolo do projeto foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética (protocolo 22692/2011). O estudo foi realizado no período correspondente de abril a maio de 2012, com as gestantes inscritas no sistema pré-natal do Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade de Cascavel, município situado no Oeste do Estado do Paraná. Como instrumentos de pesquisa, foram utilizados questionários com perguntas objetivas para a coleta de dados. A estrutura dos questionários corresponde a uma adaptação do método utilizado em trabalhos que avaliaram o mesmo assunto em outras regiões do Brasil3,9,23,24,25.

O questionário foi composto por 23 questões objetivas para avaliar o conhecimento das gestantes sobre saúde bucal. Considerando os dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Censo e Estimativa, no ano de 2011, 3.382 gestantes realizaram o pré-natal pelo SUS em Cascavel. Já em 2012, do dia 01 de janeiro a 18 de e maio de 2012, 1.318 gestantes fizeram o pré-natal pelo SUS, e, do dia 10 de abril a 18 de maio, tempo que foi realizado a pesquisa, havia 402 inscritas no pré-natal pelo SUS do município de Cascavel-PR. Os questionários foram aplicados em 85 gestantes cadastradas no pré-natal do SUS que estiveram presentes durante os exames de ecografias e os atendimentos dos médicos obstetras/ginecologistas. As perguntas foram feitas diretamente àquelas que aceitaram participar por duas pesquisadoras que ficaram à disposição para fornecer instruções sobre saúde bucal e responder as dúvidas frequentes.

Durante a pesquisa, foi solicitado que as gestantes registrassem, nos questionários, o seu endereço para poder comparar se haveria diferenças referentes à região sobre as informações colhidas. Entretanto, avaliando-se os resultados, as diferenças de região não foram significativas para serem inclusas no trabalho.

Os resultados foram colocados em uma tabela no Excel, sendo divididos por idade e região da cidade, calculando-se, em seguida, a porcentagem. O projeto foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética (Protocolo 22692/2011).

 

RESULTADOS

Dentre as 402 gestantes que estavam cadastradas no sistema de pré-natal do SUS no município de Cascavel-PR, no período de abril a maio de 2012, foram entregues 92 questionários, mas apenas em 85 deles o termo de consentimento livre e esclarecido foi preenchido corretamente, para que fossem incluídos na pesquisa.

Da amostra total da pesquisa em relação à idade, 15 gestantes tinham menos de 19 anos (17,65%), 42 gestantes de 20 a 30 anos de idade (49,41%), e 28 delas estavam com mais de 30 anos (32,94%), conforme descrito na Tabela 1. A tabela 2 apresenta a distribuição das gestantes, segundo o trimestre de gestação.

 

 

 

 

 

Em relação à frequência de escovação, 44 gestantes (51,76%) relataram que escovam os dentes três vezes ao dia; apenas 3 gestantes escovam uma vez por dia (3,53%), e somente 5 (5,88%) gestantes escovam os dentes cinco vezes ou mais por dia. Além da escovação, como método de higiene bucal, 67 (78,82%) gestantes usam o fio dental, e 26 (30,59%) utilizam palito e bochecho como complemento.

Referente à pergunta sobre se a gestação pode causar problemas bucais e alteração gengival, 51 gestantes (60%) responderam acreditar que podem ocorrer problemas bucais durante a gravidez. Podem ser verificados, na tabela 3, os resultados dos problemas que as gestantes relataram que, possivelmente, ocorrem durante a gestação e também as alterações gengivais que elas perceberam durante o período.

 

 

 

Quando questionadas sobre o uso da chupeta, 84,71% (n=72) acreditam que o seu uso bem como o da mamadeira podem comprometer o desenvolvimento da face, da formação da arcada dentária e alterar a mordida. Referente à higienização bucal do bebê, 77,65% (n=66) sabem que devem escovar os dentes e limpar os rebordos gengivais do bebê após o uso da mamadeira e, ainda, que não se pode deixar a criança dormir mamando, pois há o risco de desenvolvimento de cárie de mamadeira naquelas que já possuem dentes decíduos. Quanto ao aleitamento, 96,47% (n=82) responderam que o leite materno serve como fonte de prevenção às doenças, sendo importante para o desenvolvimento da criança. Apenas 31,76% (n=27) acreditam que o leite materno é cariogênico, se não for realizada a escovação após o aleitamento e a mesma porcentagem não acredita nesta possibilidade.

Das voluntárias, 30,59% (n=26) acreditam no mito sobre a perda do cálcio dos dentes da mãe para a formação dos dentes e ossos do filho, ao passo que 54,12% (n= 46) não acreditam. Sobre a transmissão de microrganismos da mãe para o filho, 65,88% (n= 56) das participantes estão cientes dessa possibilidade.

Em relação aos dentes decíduos, para 87,06% (n=74) das gestantes, estes são importantes, e 90,59% (n=77) se preocupam em saber higienizar e ter os cuidados necessários com os dentes do futuro filho. Quando questionadas sobre o momento ideal de procurar o dentista, 63,53% (n=54) responderam que se deve levar a criança quando começarem a irromper os dentes de leite. Acrescentaram, também, que se deve iniciar o uso da escova dental e dentifrício após a erupção do primeiro dente de leite.

Das participantes, 54,12% (n=46) acreditam que os problemas bucais da gestante podem interferir na saúde bucal do bebê, ao passo que 44,71% (n=38) responderam que não. Em relação ao atendimento odontológico durante a gestação, para 41,18% (n=35), ele pode ser realizado, porém, sem anestesia. Para 31,76% (n=27), a intervenção odontológica não pode ser realizada, e 25,88% (n=22) responderam que podem ser feitos todos os procedimentos odontológicos durante a gestação. Outros resultados sobre a procura, o atendimento, as informações sobre saúde bucal e orientação para realizar um atendimento odontológico durante a gestação podem ser visualizados na tabela 4.

 

 

 

DISCUSSÃO

De acordo com os resultados obtidos, a faixa etária predominante foi de 20 a 30 anos, o que pode se considerar positivo, pois gestantes jovens procuram mais informações e aceitam facilmente novos hábitos e novas orientações.

Conforme os dados obtidos, a maioria (60%) das gestantes acredita que a gravidez pode causar problemas bucais, sendo o enfraquecimento dos dentes (34,12%) o problema mais citado. Esse resultado corrobora os estudos de Scavuzzi et al. (2008)23, quando 47,3% responderam que a gestação pode causar problemas bucais, e 32,7% relataram sangramento gengival como o maior problema bucal. Em outro estudo3, 48,75% relataram que o fato de ter cárie durante a gestação é normal.

Muitas mulheres já sabem que hábitos de sucção não nutritivos podem causar problemas bucais na criança, se forem mantidos por muito tempo, conforme 84,71% das voluntárias relataram. Os bicos das chupetas e as mamadeiras têm tamanho, flexibilidade e materiais diferentes do peito materno. Hábitos de sucção não nutritivos, por exemplo, mamadeira, chupeta e sucção de dedo, causam problemas bucais, como mordida aberta anterior, inclinação vestibular dos incisivos superiores acompanhado de diastemas, mordida cruzada posterior, sobremordida, interposição lingual e alteração no padrão de deglutição26.

Quase todas as gestantes (96,47%) acreditam que o aleitamento materno serve como fonte de prevenção às doenças e é importante para o desenvolvimento da criança, o que também foi encontrado em outro estudo no qual 89,53% das gestantes relataram ser importante9 o aleitamento materno, uma vez que este diminui a mortalidade e morbidade infantil, protege contra algumas doenças, como alergias, câncer, desnutrição, diabetes mellitus, doença cardiovascular, melhora o desenvolvimento da criança, ajuda no aumento de QI, entre outras vantagens13.

No presente trabalho, apenas 31,76% das gestantes não sabiam que o leite materno é cariogênico, resultado que contradiz o de Serpa et al. (2012),25 em que 60% das participantes desconheciam a capacidade cariogênica do leite materno. Quanto à transmissão de microrganismos, 65,88% das voluntárias responderam que ocorre entre mãe e filho. Esses resultados corroboram os de Serpa et al. (2012),25 em que 55% das gestantes também estão cientes da transmissão vertical. Porém, em outro estudo9 apenas 29,84% responderam acreditar nessa transmissão.

O mito da perda do cálcio da mãe para o filho está tendendo a desaparecer. Os resultados mostraram que 54,12% gestantes não acreditam nessa perda, entretanto ainda há mulheres (30,59%) que creem no fato. Resultado similar também foi encontrado em outro estudo em que 35% das gestantes responderam que ocorre a perda de cálcio do dente da mãe para o filho3. O cálcio necessário para a formação do feto, os ossos e dentes, advém da dieta da gestante, que deve ser rica em vitamina A, C, e D, proteínas, cálcio e fósforo3.

Com relação aos dentes de leite, para a grande maioria (87,06%), eles são importantes, e 90,59% das mães também se preocupam em saber higienizar e ter os cuidados necessários com os dentes do filho.

Em relação ao tempo de levar o filho ao dentista, pela primeira vez, os resultados do presente trabalho mostram que para 63,53% das gestantes, a criança só precisa ser levada ao dentista assim que nascerem os primeiros dentes decíduos. Em outro estudo, 22,5% das mães responderam que levariam seus filhos ao dentista entre o período de sete meses a um ano25, que corresponde ao período de erupção dos decíduos. Em outro trabalho9, os autores descrevem que 44,95% das gestantes relataram que o motivo principal por que levariam os filhos, pela primeira vez, ao dentista seria apenas por prevenção.

No estudo de Bastiane et al. (2010)3, para 26,25% das participantes, a saúde bucal da mãe interfere na saúde bucal da criança, o que difere dos resultados desta pesquisa em que 54,12% gestantes responderam acreditar na inter-relação entre os dois.

Muitas gestantes ainda temem o tratamento odontológico, principalmente a anestesia. Nos resultados obtidos neste estudo, 41,18% responderam que podem ser atendidas pelo cirurgião-dentista, mas que não pode ser utilizada a anestesia. No estudo de Scavuzzi et al. (2008),23 74,5% das participantes responderam que não pode ser utilizada a anestesia. Entretanto, em outro estudo, 41% responderam que a anestesia pode ser feita durante a gestação sem perigo ao feto3.

A orientação sobre saúde bucal durante a gestação não é realizada a contento. No presente estudo, 49,41% das gestantes não receberam orientações. Esses resultados corroboram o de outros estudos, como o de Scavuzzi et al. (2008)23, em que 81,8% das gestantes não foram orientadas, e os de Serpa et al. (2012)25 em que 53,8% não receberam orientações dos médicos e cirurgiões-dentistas sobre higiene bucal e cuidados gerais com a saúde bucal. No presente trabalho, a grande maioria (76,47%) das gestantes não foi orientada a procurar um dentista durante a gestação. Esses resultados podem ser comparados com outro estudo em que apenas 15% das gestantes foram orientadas pelo médico a procurar um dentista3. No estudo de Araújo et al. (2009)24 realizado com médicos, 51,8% deles relatam que orientam as gestantes a procurar o dentista. Esses resultados destoam do que foi relatado acima, em que a maioria das gestantes afirmam não terem recebido essas informações. Entretanto, não avaliamos esse quesito no presente estudo.

 

CONCLUSÃO

Dentro das limitações do estudo, os resultados nos permitem concluir que as gestantes se preocupam com a saúde bucal do bebê e relacionam que hábitos deletérios podem influenciar o desenvolvimento facial do filho. Entretanto, faltam orientações para que ela procure atendimento odontológico com o objetivo de tratar doenças bucais e aprender como manter a saúde bucal do bebê.

 

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Recebido para publicação: 03/04/13
Aceito para publicação: 23/10/13