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Revista da ABENO

versão impressa ISSN 1679-5954

Rev. ABENO vol.11 no.2 Londrina Jul./Dez. 2011

 

EDITORIAL

 

Formação acadêmica, produção de conhecimento e exercício profissional com relevância social

 

 

É com grande satisfação que apresentamos aos leitores da Revista da ABENO este segundo número temático, constituído de um conjunto de trabalhos elaborados a partir da experiência do Programa de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – Pró-Saúde e do Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde – PET-Saúde.

O Pró-Saúde e o PET-Saúde são iniciativas do Ministério da Saúde com a parceria do Ministério da Educação, de amplo alcance e capilaridade, implementados a partir de 2006, em aproximadamente 1.000 cursos de graduação da área da saúde, em parceria com as secretarias de saúde, funcionando dentro dos serviços do SUS, em mais de 1000 Unidades Básicas de Saúde, e envolvendo mais recentemente também os demais serviços do SUS.

A relevância destes programas no âmbito da política de formação dos profissionais de saúde e do planejamento da força de trabalho em saúde foi referenciada no artigo de Almeida-Filho (2011) sobre a Educação Superior na área de saúde no Brasil, no número especial da Revista Lancet, com uma série de artigos sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), destacado como exemplo de sistema de saúde universal.

Iniciativa semelhante, de seleção de artigos com publicação de número especial sobre o Pró-Saúde e o PET-Saúde foi também realizada pela Revista Brasileira de Educação Médica, ocasião em que foram submetidos à análise 186 trabalhos sobre o tema.

Neste contexto, torna-se relevante refletir sobre como as profundas mudanças em curso, relacionadas à consolidação do SUS, à política nacional de saúde e de educação e à implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação na área da saúde estão repercutindo na Odontologia, seja na formação, na produção de conhecimento ou no exercício profissional. Qual o impacto da participação nestes programas para os atuais egressos dos cursos de graduação em Odontologia, em comparação aos formandos de períodos anteriores?

No Brasil, a relação entre o ensino de Odontologia e as políticas públicas de saúde leva à percepção sobre a crescente participação dos dentistas nos programas públicos e a pertinência e adequação dos cursos de graduação a essa nova realidade. Na busca pela redução das desigualdades sociais, pelo direito à saúde e pelo acesso aos serviços, os investimentos em saúde bucal no SUS foram consideravelmente aumentados na última década.

A participação da Odontologia no PET-Saúde da Família passou de 38 cursos de graduação em 2009 para 53 cursos em 2010. No PET Vigilância em Saúde a Odontologia é a quarta colocada, entre as 14 profissões da saúde participantes em todo o país, com 26 cursos inseridos. A Odontologia ainda integra o PET-Saúde Mental com 18 cursos de graduação. Isso mostra que a partir do PET-Saúde a Odontologia vem ampliando o escopo de sua atuação nos serviços de saúde para áreas que até então não se incluíam ou que estavam marginalmente presentes nos seus currículos de graduação. A vivência nos novos cenários da atenção à saúde, envolvendo linhas de cuidado até então não consideradas pela profissão, sem dúvida geram impacto no lugar ocupado pelo cirurgião-dentista na equipe de saúde. Mudanças estas refletidas tanto no processo de trabalho como na formação e conformação do trabalho multiprofissional na saúde.

Cumpre ressaltar o papel protagonista e fundamental ao longo de sua história, particularmente agora, que é desempenhado pela Associação Brasileira de Ensino Odontológico (ABENO), apoiando, capacitando, refletindo e percorrendo junto com os cursos de Odontologia brasileiros, uma trajetória repleta de desafios e complexidade, mas que já mostra, como pode ser comprovado nesta e nas inúmeras publicações já feitas sobre o tema, que a excelência técnica e científica pode sim estar ao alcance de mais saúde para todos. A Odontologia brasileira, já consagrada pela sua qualidade e excelência, tanto na clínica como na pesquisa, ganha a dimensão que faltava, a da relevância social.

 

Ana Estela Haddad
Profa. Associada do Depto. de Ortodontia e Odontopediatria da FOUSP

 

Maria Celeste Morita
Profa. Associada do Depto. de Medicina Oral e Odontologia Infantil da UEL e Presidente da ABENO