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Revista da ABENO

versão impressa ISSN 1679-5954

Rev. ABENO vol.13 no.2 Londrina Jul./Dez. 2013

 

 

 

Processo de criação de um aplicativo móvel na área de odontologia para pacientes com necessidades especiais

 

 

Rafael Celestino de SouzaI; Levy Anderson Cesar AlvesI; Levy Anderson Cesar AlvesI Ana Estela HaddadII; Mary Caroline Skelton MacedoIII; Ana Lídia CiamponiIV

I Cirurgião-dentista, doutorando em Ciências Odontológicas – Departamento de Ortodontia e Odontopediatria – Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.
II ProfessoraAssociada de Odontopediatria – Departamento de Ortodontia e Odontopediatria FOUSP – Pesquisadora em Teleodontologia FOUSP.
III Professora-Doutora em Teleodontologia – Departamento de Dentísitca, Núcleo de Teleodontologia FOUSP.
IV Cirurgiã-dentista, professora livre docente - Departamento de Ortodontia e Odontopediatria – Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.

 

 


Descritores: Tecnologia da Informação, Deficiência, Teleodontologia, Telemedicina.


 


 

 

1 INTRODUÇÃO

A tecnologia móvel é uma realidade crescente na nossa sociedade, influenciando um novo perfil de entrega de informação e interatividade com seus usuários. Segundo dados de uma pesquisa do site Business Insidera previsão é de 1,4 bilhão de smartphones no mundo até o final de 2014, tendo uma relação de dois aparelhos para cada nove pessoas no mundo1.Com os avanços dos smartphones e tablets houve uma transformação na comunicação móvel, no comércio, no setor financeiro e de entretenimento, entre outras indústrias2.

Nos últimos anos temos visto um aumento da adoção de smartphones por profissionais de saúde, bem como o público em geral3-4. A área da saúde tem experimentado uma nova forma de melhorar a prestação de serviço e ensino, em que o uso de aplicativos por meio de dispositivos móveis, podem facilitar a consulta a guideli nes, diagnósticos e acompanhamento de pacientes5.

Podemos observar que grande parte da atividade dos profissionais de saúde consiste em processar informações: a obtenção e registro de informações sobre o paciente, as consultas aos seus colegas de profissão, a pesquisa de literatura científica específica, procedimentos diagnósticos, o planejamento e as estratégias de tratamento, a interpretação de resultados de laboratório e os estudos radiológicos ou a condução de estudos epidemiológicos4-6.

Sabendo que estas atividades demandam tempo e uma estrutura especifica, os dispositivos móveis por meio de aplicativos são capazes de simular ou até mesmo substituir ou completar parte destas atividades, otimizando o serviço destes profissionais.

A criação de aplicativos com temáticas voltada para a saúde, ainda pode ser direcionada ao público geral, possibilitando uma nova forma de autocuidado. Quando direcionado para profissionais de saúde podem contemplar médicos, dentistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, cuidadores e outros grupos, compartilhando áreas e conhecimentos específicos5.

Os aplicativos podem ser simples, como entrega de textos para consultas ou ainda mais elaborados, como sofisticados softwares de educação e atualização que incorporam som, texto, imagem e movimento, como os atlas de anatomia7.

Algumas áreas da saúde podem se beneficiar com isso, como é o caso da Odontologia para Pacientes Especiais, especialidade reconhecida pelo CFO (Conselho Federal de Odontologia) pela Resolução CFO-25/2002, sendo uma recente área criada para pacientes que necessitem de algum cuidado específico.

A odontologia para pacientes especiais contempla muitos cuidados médicos que implicam nas abordagem odontológicas e no cuidado da manutenção da saúde bucal, assim como apresenta manifestações bucais importantes para o diagnóstico precoce e evolução terapêutica dos pacientes. As publicações em algumas áreas da Odontologia para Pacientes Especial embora sejam crescentes, ainda são escassas e nem sempre disponíveis para consulta do público em geral e dos profissionais que atuam no serviço público. Alguns aplicativos em áreas de educação para pessoas com deficiência tem sido utilizados e apresentam excelentes resultados.

No presente momento, não existe nenhum aplicativo para dispositivos móveis voltado para entrega de conteúdos referentes a manifestações gerais e bucais, assim como o cuidados odontológicos especializados.

O objetivo deste artigo é relatar a experiência de criação de um aplicativo para dispositivos móveis em todas as etapas e também avaliar a usabilidade do mesmo com a população geral e profissionais da saúde.

 

2 METODOLOGIA

O estudo piloto foi desenvolvido para relatar a experiência de construção de um aplicativo móvel de consulta a informações relativas a saúde bucal e o comprometimentos de pacientes com necessidades especiais. O projeto será desenvolvido pelo Núcleo de Teleodontologia da FOUSP, equipe composta por 5 Cirurgiões Dentistas e 2 técnicos de informática.

2.1 Estudo Piloto

O protótipo será construído de forma estruturada, determinada pelo piloto: desenvolvimento de conteúdo, escolha do software de criação, formatação e layout e indexação em lojas de aplicativos e avaliação da aplicabilidade.

2.2 Desenvolvimento de Conteúdos

O desenvolvimento de conteúdos está sendo realizado em 2 etapas: primeira: construção de um website para hospedar as informações completas; segunda: transferência dos conteúdos para o aplicativo móvel. Os conteúdos contemplam as manifestações e cuidados associados ao comprometimento sistêmico (doença renal, diabetes mellitus, cardiopatias, doenças infectocontagiosas, pacientes transplantados, oncológicos entre outros), pacientes com deficiência mental ou neurológica, síndromes de malformações e deficiência física.

Foi realizada uma busca na base de dado PUBMED, com textos e "meshterms" para incluir informações de estudos atualizados, dando preferência para revisões sistemáticas e estudos clínicos randomizados. Após a inclusão dos estudos, as informações serão compiladas e tratadas. O tratamento será segundo o perfil do público (profissional ou paciente/cuidador), adaptação da linguagem, seleção e criação de es-quemas e figuras didáticas.

2.3 Plataforma de Criação

Os aplicativos estão sendo construí-dos por meio do softwarePhoneGap, um framework de desenvolvimento móvel. Como escolhas de plataformas de sistemas operacionais de smartphones serão incluídos no IOS e Android, contemplando grande parte do mercado disponível.

2.4 Formatação e Layout

A formatação e o layout do aplicativo estão sendo desenvolvidos para acessibilidade, sendo providos com um menu inicial composto de "cadastro" (imprescindível para o uso), "pacientes" e "profissionais". Após acessar o menu de acordo com a categoria, um submenu composto de "Condições", para ter acesso aos comprometimentos sistêmicos, "Cuidados", para ter acesso às manifestações bucais e protocolos de cuidado odontológico, "Sobre", com informações e contato com a equipe de criação e "Créditos" para o acesso aos créditos de criação do aplicativo.

2.5 Indexação em lojas de aplicativos

Os aplicativos depois de finalizados serão indexados às lojas de aplicativos (IOS e Google Play), sem custo para download, sendo necessário somente o cadastro para a utilização.

 

3 DISCUSSÃO

No que tange o uso de aplicativos na área da saúde, ao nosso conhecimento, não há aplicativos que apresentem funcionalidade e objetivos semelhantes ao proposto neste estudo. É certo que existem no mercado inúmeros aplicativos utilizados em saúde,5,6,9 mas a maioria mantém-se restrita a certas especialidades médicas ou voltadas a tarefas pontuais, como auxiliares no diagnóstico e acompanhamento individual de pacientes.

A principal característica do aplicativo proposto nesse estudo é a facilidade de manejo e operação, de modo que pessoas com poucos conhecimentos prévios de informática possam utilizá-lo adequadamente2,10.

Vale ressaltar que a proposta desse trabalho não é apresentar formas de tratamento, mas sim, oferecer conteúdos que orientem os profissionais a delinearem sua conduta de tratamento, assim como, orientar os pacientes quanto aos cuidados necessários quando expostos a determinadas condições sistêmicas, neurológicas e/ou sindrômicas.

Para obter essas informações, será necessário um primeiro acesso à internet, a fim de "download" o aplicativo e suas ferramentas. Porém, se em algum momento o profissional/paciente não tiver acesso a esse serviço, a consulta ao mesmo será possível no sistema "off-line", sendo necessário, posteriormente, apenas uma atualização do aplicativo.

Todas as informações contidas nesse aplicativo serão refinadas a partir das informações presentes em um website que está sendo construído com o mesmo objetivo.

Acredita-se que uma possível dificuldade a ser encontrada seja a necessidade de incorporar e adaptar os módulos do aplicativo às sempre dinâmicas necessidades de pacientes e profissionais. No entanto, neste contexto, o desenvolvimento de aplicativos está sujeito aos mesmos desafios, precisando manter a atualização e uma interface operacional com estas demandas, apesar de a diversificação conceitual e metodológica estar entre os fatores que fazem com que o desenvolvimento e a disponibilização des-ses instrumentos nem sempre apresente o mesmo ritmo que a sua necessidade.9

 

4 CONCLUSÃO

Os dispositivos móveis têm um enorme potencial em aberto para aplicação na área da saúde, e especificamente na odontologia, sendo uma delas na consulta a guidelines. A construção do aplicativo por profissionais da área da saúde são possíveis desde que sejam aliados a profissionais específicos da área de desenvolvimento tecnológico, agregando ao produto final maior qualidade ao usuário. A experiência adquirida com o software de desenvolvimento e a metodologia de construção mostrou que as plataformas IOS e Android são adequadas para os objetivos do projeto.

O aplicativo "OdontoPNE", já possui um protótipo funcional com muitos dos recursos desejados para sua versão final. Antes de ser disponibilizado, porém, ainda são necessários aprimoramentos na interface de usuário e otimizações de desempenho. São estabelecidos como próximas fases, a conclusão dos conteúdos e são planejadas outras funcionalidades como: conexão com o usuário e transferência de imagens.

 

REFERÊNCIAS

1. Kovach, S. 2014 Will Be A Monster Year For Smartphone Shipments. Disponível em:http://www.businessinsider.com/1-billion-smartphones-shipped-2014-1#ixzz2tmtDOYcQ; Acesso em: 15 de Fevereiro de 2014.         [ Links ]

2. Ammenwerth E, Buchauer A, Bludau B, Haux R: Mobile information and communication tools in the hospital. International journal of medical informatics 2000, 57:21–40.

3. Gartner, Inc. (2012).; Market Share: Mobile Communication Devices by Region and Country, 3Q11. Disponível em http://www.gartner.com/it/page.jsp?id=1848514 ;Acesso em: 10 de Janeiro de 2014.

4. Burdette SD, Herchline TE, Oehler R: Practicing medicine in a technological age: using smartphones in clinical practice. Clin Infect Dis 2008, 47:117–122.

5. Oehler RL, Smith K, Toney JF: Infectious diseases resources for the iPhone. Clin Infect Dis 2010, 50:1268–1274.

6. Mosa et al. A Systematic Review of Healthcare Applications for Smartphones. BMC Medical Informatics and Decision Making 2012, 12:67.

7. Ly K: MHealth: better health through your smartphone. Community practitioner: the journal of the Community Practitioners' & Health Visitors' Association 2011, 84:16–17.

8. Endom EE, Myers JH, Shook JE. The ED on line: computerization of the pediatric emergency department.Pediatr Emerg Care 1996;12:301-4.

9. Gowers DS, Carpenter AV, Ellis HM, Best AM, Nash D, Holzner CL, et al. Health surveillance using and occupational medical database. J Occup Environ Med 1998;40:685-96.

10. Tomasi Elaine, Facchini Luiz Augusto, Osorio Alessander, Fassa Anaclaudia-Gastal. Aplicativo para sistematizar informações no planejamento de ações de saúde pública. Rev. SaúdePública, 37(6): 800-806, 2003.