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Innovations Implant Journal

versão On-line ISSN 1984-5960

Innov. Implant. J., Biomater. Esthet. (Online) vol.5 no.1 São Paulo Jan./Abr. 2010

 

CONVERSA FRANCA

 

Mini-implantes: alterando os paradigmas da mecânica ortodôntica

 

 

Um novo conceito de ancoragem e direcionamento de força foi introduzido na Ortodontia, a partir do emprego do mini-implante. Seu reduzido tamanho e sua alta resistência fizeram desse dispositivo a maior evolução de todos os tempos no campo da ancoragem ortodôntica. Os diversos sítios de instalação ampliaram as possibilidades para criação dos mais diversos tipos de mecânicas, proporcionando uma ancoragem segura, resultando em tratamentos mais eficazes e breves.

Fatores como harmonia facial, oclusão funcional, estética aceitável e estabilidade após o tratamento, são primordiais para o sucesso da clínica ortodôntica diária. Para que tais resultados sejam alcançados, um rigoroso e criterioso planejamento deve ser elaborado, vislumbrando uma movimentação dentária com o mínimo de efeitos colaterais. O deslocamento de um determinado grupo de dentes, sem alteração do correto posicionamento dos elementos de resistência do sistema, sempre foi desejado pelos ortodontistas. Os mini-implantes alteraram de forma irreversível, os paradigmas da mecânica ortodôntica, representando verdadeiramente um "divisor de águas". Isso constitui uma verdade, principalmente em função de fatores como efetividade clínica, facilidade de manuseio, baixo custo e ausência da necessidade de colaboração por parte do paciente.

Tenho ouvido alguns questionamentos em relação à estabilidade desse produto. Os mini-implantes são confeccionados a partir da liga de titânio grau V, não havendo osseointegração. O que podemos esperar é uma estabilidade primária, fruto principalmente, do contato entre o dispositivo e o osso cortical. Portanto, quanto maior for a espessura do osso cortical, melhor será a estabilidade final dos mini-implantes. Outra questão relevante é que os mesmos podem ser divididos em dois formatos: os auto-rosqueantes e auto-perfurantes. Os segundos proporcionam maior estabilidade primária e eliminação da necessidade de perfurações prévias, abreviando e facilitando o ato cirúrgico. Destaco que um correto protocolo de seleção, adotando apenas os dispositivos auto-perfurantes, a exclusão de áreas com pouca espessura de osso cortical (tuber da maxila por exemplo), um correto protocolo cirúrgico e boas orientações de higiene, eliminariam quase que totalmente, as possibilidades de perdas.

Diferentes formas de cabeças são comercializadas atualmente, possibilitando inúmeros protocolos de ativações, a partir do uso de elásticos, molas, fios de amarrilhos e segmentos de arcos retangulares. Cabe ao ortodontista definir a melhor opção, otimizando dessa maneira, o resultado clínico.

Movimentos como abertura e fechamento de espaço; verticalização, distalização e intrusão de molar; intrusão de incisivo; torques; retração dos dentes anteriores e nivelamento do plano oclusal podem ser obtidos de maneira controlada, desde que os conceitos biomecânicos sejam respeitados. A clínica diária tem demonstrado a importância da integração entre implantodontistas e ortodontistas, viabilizando a utilização do referido método com excelência.

Penso que o futuro do mini-implante esteja relacionado à pesquisas revolucionárias, que busquem a criação de dispositivos ainda menores e universais, possibilitando ativações com fios retangulares, elásticos e molas em uma cabeça multifuncional, isoladas ou de maneira simultânea, tornando sua utilização mais simples, com maior conforto para o paciente. Ao mesmo tempo, essa possibilidade diminuiria as peças dos kits cirúrgicos, reduziria a quantidade de estoque e facilitaria a comunicação entre os profissionais envolvidos nas suas aplicações.

 

 

Leonardo Alcântara Cunha Lima
Doutorando em Ortodontia, Coordenador dos Cursos de Especialização em Ortodontia da UNIFLU e CIODONTO-BH