RELATO DE CASO CASE REPORT

 

Prótese adesiva em resina composta reforçada por fibra de vidro: relato de caso clínico

 

Adhesive prosthesis with glass fiber reinforced composite: a case report

 

 

Frederico dos Reis Goyatá^I; Carlos Roberto Teixeira Rodrigues^I; Maria Cristina Almeida Souza^II; José Guilherme da Rocha Gilson^III

^IProfessor de Dentística e Prótese do Curso de Odontologia da USS -Vassouras-RJ
^IIProfessora de Endodontia e Clínica do Curso de Odontologia da USS -Vassouras-RJ
^IIICirurgião-Dentista graduado pelo Curso de Odontologia da USS -Vassouras-RJ

Correspondência

 

 

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RESUMO

As próteses parciais fixas adesivas são uma alternativa viável para a reposição de um dente ausente. São de baixo custo, rápida e fácil execução e minimamente invasiva quando comparadas às próteses parciais fixas. Associadas a um material de reforço, como as fibras de vidro, suportam as cargas mastigatórias, aumentando a resistência flexural do compósito. O objetivo deste trabalho é relatar um caso clínico com uma prótese parcial fixa adesiva de resina composta reforçada com fibra de vidro restaurando a função e a estética ao paciente com este procedimento.

Palavras-Chave: Prótese dentária; resinas compostas; fibras de vidro; fibras de reforço.

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ABSTRACT

The adhesive partial fixed prosthesis is a clinical alternative for substituting a missing tooth. They are not costly, they are easy and fast to execute and are less invasive prepare when compared to the partial fixed prosthesis. When associated to a reinforcement material such as fiber glass they can withstand very high chewing loads, thus increasing the flexural strength to the composite. The aim this study is to relate a clinical case having an adhesive partial fixed prosthesis reinforced with fiber glass therefore restoring the function and esthetics of the patient by using this procedure.

Key words: Prosthetic dentistry; composite resin; glass fiber; reinforced fiber.

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INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, as técnicas restauradoras que tem como objetivo a preservação de estrutura dental, vêm despertando significativa atenção na prática clínica. Para realização de preparos dentais nos dentes pilares de próteses fixas convencionais há a necessidade de maior desgaste de tecido dental sadio^1,2.

Com o aprimoramento e maior desenvolvimento  dos  materiais restauradores adesivos, a odontologia moderna tem proporcionando diversas opções clínicas para restabelecer a estética e a função mastigatória ao paciente e satisfação profissional ao cirurgião-dentista. Uma evolução irreversível nas técnicas restauradoras tem sido estabelecida pelo uso dos materiais cerâmicos e poliméricos em detrimento do uso das ligas metálicas^3,4.

A substituição de um elemento dental pode ser realizada utilizando próteses fixas adesivas com maior conservação dos dentes pilares e realizando-se mínimos preparos cavitários para a adaptação do pôntico. No entanto, essa técnica de reabilitação necessita de mecanismos de reforço para suportar as forças mastigatórias^7,9,10.

O uso dos polímeros reforçados por fibras é relativamente novo na Odontologia e tem sido amplamente utilizado^11,12,13. As fibras de vidro possuem alta resistência flexural, absorvem e distribuem as forças mastigatórias, melhorando as propriedades físicas e mecânicas do compósito, além de serem materiais estéticos. Podem ser indicadas com sucesso clínico como escolha de estrutura de reforço exercendo função semelhante às infra-estruturas metálicas nas próteses parciais fixas metalocerâmicas^14,15,17.

Este trabalho relata um caso clínico de reabilitação protética utilizando-se uma prótese parcial fixa adesiva em resina composta reforçada por meio de uma infra-estrutura em fibra de vidro com objetivo de restabelecer a função mastigatória e a estética ao paciente.

 

RELATO DO CASO

Paciente V.L.C.F., de 34 anos de idade gênero feminino, procurou a Clínica Integrada do Curso de Odontologia da Universidade Severino Sombra Vassouras -RJ, com o intuito de reabilitar a ausência do segundo pré-molar superior esquerdo (dente 25).

No exame clínico e radiográfico inicial, constatou-se ausência do dente 25 (figura 1). Os dentes vizinhos apresentavam restaurações de amálgama, sendo classe I no primeiro molar superior esquerdo (dente 26) e classe II mésio-oclusal no primeiro pré-molar superior esquerdo (dente 24). Após o planejamento e a paciente estando de acordo com o procedimento, iniciou-se o tratamento reabilitador.

 

 

Realizaram-se os preparos dentais com pontas diamantadas 3131 e 4138 (KG Sorensen, Brasil) nos dentes 24 (ocluso-distal) e 26 (mésio-oclusal), inicialmente removendo-se as restaurações de amálgama e posteriormente estabelecendo-se um preparo do tipo inlay com as seguintes características: desgaste uniforme de 2,0 mm de espessura, ângulos internos arredondados e expulsividade em todo o preparo, de acordo com Gomes et al., 2004.

A moldagem funcional foi realizada por meio da técnica de dois tempos, empregando-se uma silicona de condensação (Perfil-Vigodent, Brasil) uma moldeira de estoque foi utilizada para a primeira moldagem com o material pesado e após o alívio do molde, este foi reembasado com material leve, e então os modelos de trabalho foram vazados em gesso tipo IV (Durone - Dentsply, Brasil) (Figura 2).

 

 

Após preparo dos modelos, procedeu-se a confecção laboratorial da prótese adesiva.

Foi utilizado um pino de fibra de vidro (Reforpost #2-Ângelus, Brasil) cortado do tamanho correspondente à prótese planejada, sendo tratado com silano (Ângelus, Brasil) e adesivo BISGMA (Scotch Bond Multi Purpose, 3M Espe, EUA). Em seguida aplicou-se uma porção de Fibrex Medial (Fibrexlab- Ângelus, Brasil), constituindo-se o reforço horizontal da prótese parcial fixa adesiva (figura 3).

 

 

Fotoativou-se a resina composta com um aparelho de lâmpada halógena (Ultralux, Dabi-Atlante, Brasil) por 20 segundos cada incremento de resina composta aplicado e optou-se por realizar uma termopolimerização adicional de toda a prótese adesiva em autoclave por 15 minutos com o objetivo de promover uma polimerização mais eficiente do material resinoso, de acordo com Gomes et al., 2004, finalizando-se a etapa laboratorial de confecção da prótese (figura 5).

 

 

 

 

Realizou-se o isolamento absoluto do campo operatório e posteriormente o condicionamento dos preparos cavitários com um primer autocondicionante realizando uma aplicação com esfregaço por 20 segundos e aplicação do adesivo com fotoativação de 20 segundos (Sistema Self Etch Bond - Vigodent, Brasil).

O tratamento da peça, nas porções internas dos dentes pilares, consistiu do jateamento com óxido de alumínio partículas de aproximadamente 50 micrômetros (Microjato - Bioart, Brasil), seguido da aplicação do silano (Vigodent, Brasil) para promover sua adesão química com o cimento resinoso. O cimento resinoso (Dual Cement - Vigodent, Brasil) foi selecionado na cor correspondente à prótese. Adaptou-se à prótese aos dentes pilares com o cimento aplicado aos preparos, removeram-se os excessos com uma espátula suprafill #1 (SS White, Brasil) e fotoativou-se por 60 segundos cada face dos dentes.

Após a remoção do isolamento absoluto foi realizado o ajuste oclusal com pontas diamantadas de granulação fina (KG Sorensen, Brasil) e polimento com Sistema Diamond Master (FGM, Brasil) (figura 6).

 

 

Foram avaliados os contatos oclusais da paciente após a confecção da prótese adesiva, checando-se em máxima intercuspidação habitual, em lateralidade direita e esquerda e em protrusão, e a seguir o polimento final foi realizado (figura 7).

 

 

DISCUSSÃO

As próteses adesivas são consideradas uma alternativa clínica viável para reabilitação das ausências dentais em dentes anteriores e posteriores, preferencialmente em substituição aos pré-molares e incisivos laterais^2,4,6,7.

Os compósitos restauradores associados às fibras de vidro para reforço tem sido os materiais dentários de eleição na confecção das próteses parciais adesivas, restabelecendo função e estética com mínima intervenção^11,12,16.

Com a evolução das resinas compostas, acredita-se que a utilização destes materiais com termopolimerização adicional em substituição aos cerômeros pode conferir resultados clínicos e biomecânicos bastante eficientes, uma vez que a polimerização adicional vai oferecer melhores propriedades mecânicas ao material restaurador resinoso ^3,8,20 assim como apresentado neste trabalho, possibilitando a realização de um trabalho clínico com custo mais acessível aos pacientes.

E extremamente importante realizar um planejamento clínico restaurador minucioso, avaliando-se modelos de estudo montados em articulador semi-ajustável associados a um exame clínico e radiográfico eficientes com o objetivo de determinar a indicação correta dos preparos dos dentes pilares e definir um prognóstico favorável à prótese adesiva¹⁴ .

As fibras de vidro para reforço estrutural têm sido muito utilizadas na odontologia atual em diversas situações clínicas e sob as mais diferentes formas de utilização^17-19. Nas próteses adesivas, sua função é análoga às infra-estruturas metálicas para as próteses fixas convencionais^6,7. A grande vantagem da infra-estrutura em fibra de vidro é a possibilidade de se aliar resistência mecânica a estética, uma vez que estas próteses adesivas são consideradas próteses livres de metal ^3,14,18.

Atualmente, as próteses fixas adesivas vão ao encontro de uma filosofia restauradora minimamente invasiva, pois, promovem menor desgaste de estrutura dental nos preparos dos dentes pilares. Constituem-se, portanto, uma alternativa clínica bastante razoável tanto do ponto de vista funcional como econômico para os pacientes^15,17. Mais estudos clínicos e laboratoriais devem ser realizados para reforçar a sua indicação e aperfeiçoar as propriedades mecânicas dos compósitos e das fibras de reforço.

Relevância Clínica

Reabilitar espaços protéticos reduzidos com mínima intervenção e preparos cavitários mais conservadores é o principal propósito das próteses parciais fixas adesivas. A associação da resina composta com as fibras de vidro para reforço proporciona uma prótese resistente e estética.

 

CONCLUSÃO

A prótese parcial fixa adesiva com resina composta reforçada por fibra de vidro constitui uma alternativa clínica menos invasiva se comparada à prótese parcial fixa convencional, apresentando resultado clínico estético e funcional bastante favorável ao paciente.

 

REFERÊNCIAS

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Correspondência:
Frederico dos Reis Goyatá
End. Av. Rui Barbosa 310/802
CEP.: 27521-190
Resende-RJ
E-mail: fredgoyata@oi.com.br

Recebido em 04/08/2009
Aprovado em 23/01/2010